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Postado às 11h30 | 08 Mar 2020 | Redação ‘Sou devedora de Mossoró e tenho ainda várias colaborações a dar’

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Professora Isaura Amélia, secretária de Cultura de Mossoró, no Cafezinho com César Santos

De volta ao comando da pasta da Cultura de Mossoró, a professora doutora Isaura Amélia Rosado sabe que muitos desafios estão pela frente. Mas não lhe falta experiência para superar os obstáculos: são praticamente 20 anos atuando no setor, com passagens pela extinta Secretaria da Cidadania de Mossoró, Secretaria de Cultura de Natal, Fundação José Augusto e Secretaria de Estado Extraordinária da Cultura, entre outras funções que exerceu ao longo de sua trajetória.

Na entrevista dessa semana da seção “Cafezinho com César Santos”, Isaura Amélia revela detalhes do planejamento do Mossoró Cidade Junina 2020, afirmando, por exemplo, que apesar do evento contar com menos recursos esse ano, não perderá o “brilho” e manterá os projetos e subprojetos executados na edição de 2019.

A secretária também reforça que um dos seus objetivos à frente da Cultura é implantar a pinacoteca municipal. Ela também pretende resgatar aspectos que marcaram edições da Festa da Liberdade, como o Seminário Novas Liberdades e, por fim, revela quais são suas expectativas em relação à nova secretária nacional de Cultura, a atriz Regina Duarte.

O que motivou a senhora voltar ao comando da cultura de Mossoró?

Olha, eu sempre sou muito grata a cidade que me fez, que me criou, que me deu as condições de vida, de trabalho, de qualificação e eu sempre sou devedora de Mossoró. Então, esse convite da prefeita Rosalba Ciarlini me fez lembrar esse débito. Eu tenho que vir pagar algumas contas aqui, venho fazer o dízimo social.

 

Que contas seriam essas?

Eu tenho várias colaborações a dar. Eu gostaria de recolaborar com o Mossoró Cidade Junina, que é a grande menina dos olhos da prefeita; eu também tenho intenções de instalar aqui em Mossoró, em parceria com a Prefeitura e com as universidades, um novo museu, que seria uma pinacoteca. Para isso, eu tenho me preparado nos últimos 20 anos, inclusive conseguimos com o deputado Beto Rosado, recursos pra gente organizar essa instalação e como eu estou muito jovem, no alto dos meus 72 anos, eu tenho ideias novas.

Que ideias são essas?

Sobre essas ideias eu vou primeiro conversar com a prefeita Rosalba Ciarlini pra poder a gente afinar esse discurso e colocar na mídia.

 

O primeiro desafio nesse retorno, evidentemente, é a organização do Mossoró Cidade Junina, que já foi lançado no ano passado e tem uma proposta de dar uma dimensão maior a partir do tema “O Nordeste se encontra aqui”. Vai ser possível concretizar entre projeto, trazer os estados para dentro do evento?

Em alguns itens, sim, por exemplo, um deles que já estamos trabalhando: são exatamente os shows da Estação das Artes, trazer as pessoas de todos os estados do Nordeste. É a primeira coisa que nós estamos trabalhando. Estamos consultando os artistas sobre a possibilidade. Teremos uma noite só com artistas de Pernambuco, Paraíba, Bahia, Piauí, Ceará, de todos os estados, inclusive estamos procurando todos esses artistas e esperamos encontrá-los disponíveis pra virem estar com a gente aqui no Cidade Junina. Algo que eu achei bem interessante, mas não sei se vamos conseguir, é trazer, do Maranhão, Pablo Vittar, um artista que ouriça algumas tribos. Estamos pensando em trazê-lo, mas ainda não entramos em contato com ele. É um projeto que pode dar certo ou não, mas é uma representação importante do Maranhão.

 

Alguns outros nomes também já sendo sondados ou confirmados?

Já temos alguns, como Zé Ramalho, Alceu Valença, que a prefeita já anunciou, inclusive. Daqui a alguns dias a gente começa anunciar quem vem e quando vem.

Além dessa questão dos shows na Estação, em que outros aspectos o Nordeste pode se encontrar aqui no Cidade Junina?

A prefeita também está se comunicando com o Sebrae, no sentido de ver se o Sebrae pode trazer de todos os estados nordestinos uma mostra de artesanato, que eles trabalham no sentido da comercialização.

 

O Cidade Junina passou por um período de esvaziamento, chegou a ter 28 projetos e subprojetos; na edição passada foram aproximadamente 10. Há algum planejamento para recuperar esses projetos ou criar novos?

Não. Nós vamos esse ano manter todos os projetos. A prefeita já nos disse que nós vamos ter um orçamento menor do que o do ano passado, então a gente precisa tentar dar uma enxugada, mas sem perder o brilho.

 

Os processos licitatórios já começaram a ser encaminhados?

Estão todos prontos. Nós vamos fazer uma reunião nesta quarta-feira à tarde e já vamos começar a deflagrar os processos, precisa só da assinatura da prefeita, mas está tudo pronto, certo.

Vamos falar um pouco sobre a Festa da Liberdade, que nasceu na sua primeira gestão à frente da Cultura de Mossoró, como secretária da Cidadania. A proposta inicial acabou se perdendo em alguns momentos, por exemplo, eventos importantes dentro dessa festa, desapareceram. Há um pensamento de recuperar a Festa da Liberdade, no seu sentido mais cultural?

A liberdade é um tema universal. O São João é um tema regional e local. Então, a liberdade é um tema que envolve muita possibilidade de criação, de parceria com as universidades, com os direitos humanos; é um caminho muito mais amplo do que o ciclo junino. Então, eu venho com gosto de gás atrás da liberdade.

 

As novas liberdades nunca ficam velhas. O Seminário Novas Liberdades acabou desaparecendo em gestões passadas. Esse Seminário pode voltar?

Eu vou trabalhar pra isso, inclusive porque é a natureza das universidades, essa é uma discussão acadêmica e universitária. Talvez pelo fato dela não ter tanto um apelo popular, talvez o fato dela ensejar propostas e posições ideológicas, tenha arrefecido ao longo desse tempo, mas eu insisto que Mossoró será grande se tratar das liberdades.

 

Como trabalhar esses eventos culturais, que praticamente foram 80% da agenda anual de Mossoró, com a questão do turismo da economia?

Esses laços precisam ser fortalecidos e também o do financiamento, porque os recursos existem tanto nas leis federais, estaduais, só que a Prefeitura não tem sido ágil suficiente para captar esses recursos. Então, eu espero que nessa contribuição que eu vou dar agora, nessa passagem aqui, eu possa fortalecer isso, viabilizar esses recursos, que não são difíceis.

Em relação à Fundação José Augusto, alguma parceria será buscada?

Sobre o Cidade Junina, por exemplo, a prefeita está pedindo a governadora a Orquestra Sinfônica para abrir o evento, com concerto que homenageia Elino Juliano. Eu já entrei em contato com o maestro Linus Lerner, há a possibilidade e nós estamos fazendo os trâmites oficiais, mas os extraoficiais estão fechados, já.

 

Claro que é um apoio importante, mas não é suficiente. O Cidade Junina vai chegar a sua 24ª edição, e nós nunca tivemos, por exemplo, um stand, camarote do Governo do Estado, da Secretaria de Turismo. Por que esse distanciamento?

A festa tem ares locais, mas ela também precisa crescer além do estado do Rio Grande do Norte, que, aliás, essa proposta agora, o “Nordeste se encontra aqui”, já aponta nessa direção.

 

Qual é a perspectiva que a senhora tem em relação à nova secretária de Cultura do país?

Eu acho bastante simpática. Eu penso que ela tem o trânsito grande, acho que ela vai dar uma contribuição importante ao movimento cultural brasileiro. A prefeita vai me levar até a nova secretária, e nós vamos bater à porta dela, e quem sabe, a gente já não traz algum recurso para esse Mossoró Cidade Junina?!

A senhora mencionou dificuldade quanto a recursos, limitações financeiras. O atual orçamento da Secretaria Municipal de Cultura é o adequado às ações a serem desenvolvidas em nossa cidade?

O orçamento da pasta é um orçamento, dentro do universo de Mossoró, bastante generoso, não é mesquinho, é generoso porque a prefeita Rosalba tem o olho na questão cultural da cidade, ela sabe o que isso representa na economia, inclusive através dessas pesquisas que as universidades têm feito. Então, ela apoia e quer que tudo dê certo e caminhe em amplitude.

 

Para finalizar, como será a relação da senhora com os movimentos culturais da cidade?

Eu sempre me dei bem com todos. Eu continuo me dando bem com todas as tribos. Vou ter portas e coração abertos pra receber todas as pessoas.

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