Por G1
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, nesta quarta-feira (16), a Campanha da Fraternidade 2021 que tem como tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor". Em pronunciamento, o secretário-geral da entidade, Dom Joel Portella Amado, criticou radicalizações e polarização no Brasil.
"É triste ver que o nosso tempo vem representando a marca das radicalizações, das polarizações que dizem respeito às pessoas, em especial as mais simples, mais vulnerabilizadas. Nosso tempo necessita que radicalizemos a fraternidade e a união", defendeu.
O texto-base, que justifica a escolha do tema da campanha, gerou polêmica ao reprovar a "negação da ciência" durante a pandemia de Covid-19, criticar a atuação do governo federal no combate ao coronavírus e igrejas que não respeitaram o distanciamento social.
Além disso, o documento citou números da violência contra mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTIQ+ (saiba mais abaixo).
O que disse o Papa
Em mensagem enviada à CNBB, nesta Quarta-feira de Cinzas, o Papa Francisco pediu que fieis orem pelas vítimas da Covid-19 e pelos profissionais de saúde, além de defender o tema. "A Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico", escreveu.
O texto-base deste ano foi escrito por membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), com o aval da direção-geral da CNBB. O texto cita crimes contra minorias e a relação com posicionamentos conservadores.
"Estes homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis", diz texto da Campanha da Fraternidade.
Quanto ao poder público frente à pandemia, o texto-base cita ainda que "o governo brasileiro não adota políticas efetivas no combate à Covid-19", e que a pandemia "dilacerou famílias e deixou espaços vazios na cultura nacional".
O documento diz ainda que "algumas igrejas reivindicaram o direito de permanecerem abertas, realizando suas celebrações, apesar das aglomerações causarem contaminações e mortes".
Debate
Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o lançamento da Campanha da Fraternidade ocorreu pela internet.
Em vídeo gravado para a cerimônia online, o secretário-geral Dom Joel Portella Amado, não citou expressamente a violência contra a comunidade LGBTQI+ ou aos negros vítimas de crimes no país, como a vereadora Marielle Franco, lembrada no texto-base da campanha. No entanto, mencionou o movimento internacional de defesa das vidas negras.
Diferente dos anos anteriores, a CNBB não participou da coletiva de imprensa para questionamentos sobre a campanha da fraternidade. As perguntas foram respondidas por representantes do Conic.
Questionado pelo G1 sobre as críticas negativas que o tema recebeu, inclusive de que o texto-base seria "ideologizado", Dom Maurício Andrade, representante da Igreja Anglicana, argumentou:
"A gente não pode dizer que a campanha da fraternidade é algo ideologizado, pois assim podemos dizer que todas as campanhas ocorreram nessa direção. As campanhas sempre trazem um tema envolvendo desafios da sociedade, esse tem sido o princípio."
Tags: