Quinta-Feira, 28 de novembro de 2024

Postado às 23h45 | 29 Set 2021 | redação Safadão, Thyane Dantas e mais seis são indiciados por vacinação irregular

Crédito da foto: Reprodução/Instagram Thyane Dantas, mulher de Wesley Safadão, foi vacinada em Fortaleza mesmo estando fora da faixa etári

Por Cadu Freitas, g1 CE

O cantor cearense Wesley Safadão, a mulher dele, Thyane Dantas, e outras seis pessoas foram indiciadas, nesta sexta-feira (29), pela Polícia Civil do Ceará por irregularidades na vacinação contra a Covid-19. O inquérito foi enviado ao Tribunal de Justiça (TJCE).

O casal e outras cinco pessoas deverão responder na Justiça estadual pelos crimes de peculato e infração de medida sanitária.

Segundo a Polícia Civil, as penas somadas podem chegar a 13 anos de prisão. A produtora do cantor, Sabrina Tavares, foi indiciada apenas pelo crime de infração de medida sanitária.

Relembre o caso

Thyane Dantas furou a fila da vacina contra a Covid-19 em 8 de julho de 2021. Ela tinha 30 anos e, na época, o calendário municipal de vacinação previa aplicação em pessoas com 32 anos ou mais.

Wesley Safadão e a produtora Sabrina Tavares estavam agendados para serem vacinados no mesmo dia no Centro de Eventos do Ceará, mas foram a outro posto de vacinação em um shopping. A investigação apurava se eles foram ao shopping como forma de escolher o tipo de vacina.

De acordo com a Polícia Civil, as investigações indicaram que três servidores públicos da Secretaria da Saúde do Município (SMS) de Fortaleza "foram os responsáveis pelo sucesso da vacinação do trio".

Conforme as apurações, eles contaram o apoio e participação de outras duas pessoas, que não atuavam no governo municipal.

"Ficou caracterizado que a vacinação das três pessoas investigadas decorreu de um prévio ajuste entre elas, uma pessoa próxima ao cantor e uma outra pessoa, que por sua vez, possuía contato com os três servidores públicos, descartando a hipótese de coincidência despropositada e/ou falha, a título de culpa, das pessoas que trabalhavam no local", escreveu a Polícia Civil em nota.

Ainda segundo a polícia, os três servidores teriam agido "de maneira voluntária e deliberada, sem qualquer tipo de ciência, autorização ou conivência por parte da SMS de Fortaleza". As investigações duraram dois meses, e foram ouvidas, ao todo, 19 pessoas.

Os agentes descartaram a existência de pagamento financeiro com provas obtidas nas apurações. Segundo os policiais, o favorecimento foi para "satisfação de interesses pessoais".

Cantor e mulher prestaram depoimento

O cantor Wesley Safadão foi ouvido no dia 15 de setembro na sede da Delegacia de Combate à Corrupção (Decor). O cantor estava acompanhado de um advogado.

A produtora dele também foi ouvida. Já Thyane prestou depoimento no dia 21 de setembro.

O inquérito que investigou a vacinação de Safadão, Thyane e Sabrina foi aberto pela polícia no dia 15 de julho, uma semana após os três receberem o imunizante em um dos pontos de vacinação da capital.

A sindicância aberta pela Prefeitura de Fortaleza para apurar a vacinação irregular da mulher do cantor foi concluída pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que encontrou irregularidades nas ações de três colaboradores do poder municipal, uma servidora pública e dois funcionários terceirizados da empresa Servnac. A prefeitura considerou que pode ter havido corrupção passiva no caso.

Investigação do Ministério Público

Os três também são investigados pelo Ministério Público do Ceará, que ouviu 11 pessoas nos dias 12 e 18 de agosto. Entre os inquiridos estão o próprio cantor, a esposa e a produtora, além de alguns servidores públicos.

À época o Ministério Público informou que as investigações sobre o caso continuavam em andamento, e o prazo para conclusão do processo de apuração é de 90 dias, conforme resolução do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Wesley e Thyane negaram qualquer irregularidade afirmando que ela havia recebido vacinas da "xepa", como ficou conhecida a sobra de imunizantes do dia. A Prefeitura de Fortaleza negou a versão, dizendo que não havia aplicação de doses de "xepa" no horário em que eles foram imunizados. Quando eles voltaram a ser procurados, não quiseram se manifestar sobre o assunto. A produtora Sabrina Tavares não respondeu aos questionamentos.

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