(*) Ludimilla Oliveira Quem diria, que num laboratório improvisado numa cozinha na zona rural, coordenado por uma mulher, e mais num período de guerra, fosse trazer resultados que levariam a um prêmio Nobel de medicina. Determinada e destemida, sempre soube o que quis e teve que vencer, a priori, o preconceito e as amarras, ou melhor quebrar as correntes da predestinação de que lugar de mulher é em casa, sendo a esposa ideal. Aos 20 anos Rita Montalcini, começa sua jornada no curso de medicina e não foi fácil ser a minoria, e acima de tudo deixar de ser a filha preparada pelo pai para ser uma esposa dedicada, para ser uma mulher decidida, audaz e de muita alteridade. A sua ontologia, é essência que nos deixa inúmeras lições: primeiro não vamos envelhecer. Assertiva, cheia de inquietações, medos e anseios, por ela muito bem resolvida , quando aos 100 (cem) anos, colocou que o corpo pode até ficar rugoso, mas a nossa mente jamais, nosso cérebro não envelhece. Para tal descoberta, a estudiosa renomada do cérebro, utilizou a principal ferramenta: ela mesma enfrentou o medo, atravessou obstáculos, não desistiu de seus ideais e claramente constatou: só vamos envelhecer se quisermos e mais difícil que o cérebro é mesmo o coração. A escolha certa para viver e o modo certo de viver cada dia, fizeram que Rita , a dama da ciência, que viveu 103 ( cento e três) anos, nos ensinasse que a felicidade, a realização e o futuro depende unicamente de nós. A transferência de responsabilidades, a culpa por algo que não conseguiu não foram motivos para Montalcini, justificar suas falhas. Assim, como por não ter casado e não ter filhos ela não se sentia infeliz. Simplesmente, soube definir : primeiro quem era ela e o que queria, e onde podia chegar. “A parte mais importante do nosso cérebro, o neocórtex, deve ser usada para ajudar os outros e não apenas para fazer descobertas”. E como cientista, explicou muito bem o sentido para fazer a ciência: contribuir para melhorar a sociedade, suas interfaces, seus anseios, suas dificuldades. De nada adianta produzir para alimentar banco de dados, por vezes, por muitos seres humanos até desconhecidos. Embora as pessoas, se preocupem muito com o amanhã e por isso, muitas vezes esqueçam do hoje, é do momento atual que vai se construir o futuro. É da atualidade de cada dia, que construímos o nosso futuro. É essa construção, que vai dar a oportunidade de viver mais, fazer mais, e sempre sermos lembrados. E ai Rita, nos deixa a seguinte lição: “O que importa é a mensagem que deixamos aos outros. É esta a imortalidade”. Se partirmos dessa premissa, a partir de agora o futuro será diferente, a essência será outra e quem sabe, se acrescenta vida à vida, nossa de cada dia. (*) Ludimilla Oliveira é professora da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA).
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.