Quarta-Feira, 30 de abril de 2025

Postado às 14h00 | 24 Mai 2017 | Veja sem Azevedo

Reinaldo Azevedo O colunista Reinaldo Azevedo pediu demissão da Revista Veja, depois da divulgação de uma ligação no dia 13 de abril, entre ele e Andréa Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB), que foi presa em virtude da delação da JBS. Azevedo fala contra a revista e defende os Neves. Veja parte da conversa: Andrea Neves – Agora, que está acontecendo na Veja, o que o pessoal fez… Reinaldo Azevedo – Ah, eu vi. É nojento, nojento. Eu vi. Andrea Neves – Assinaram todos os jornalistas e vão pegar a loucura desse cara para esquentar a maluquice contra mim. Reinaldo Azevedo – Tanto é que logo no primeiro parágrafo, a Veja publicou no começo de abril que não sei o que, na conta de Andrea Neves. Como se o depoimento do cara endossasse isso. E ele não fala isso. Andrea Neves – Como se agora tivesse uma coleção de contas lá fora e a minha é uma delas. Reinaldo Azevedo – Eu vou ter de entrar nessa história porque já haviam me enchido o saco. Vou entrar evidentemente com o meu texto e não com o deles. Pergunto: essas questões que você levantou para mim, posso colocar como se fosse resposta do Aécio? Andrea Neves – Nós mandamos agora para a Veja uma nota para botar nessa matéria. Reinaldo Azevedo – Não quer mandar para mim também? Andrea Neves – Mando. Segue agora a postagem do jornalista no blog da Veja: "Comecemos pelas consequências. Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou. 1: não sou investigado; 2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação; 3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas; 4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria; 5: mas me ocorreu em seguida: “se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é crítico ao trabalho da patota?; 6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerada um escândalo. Por aqui, não; 7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes; 8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela; 9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo; 10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação; 11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo."

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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