É preciso debater
A redução da quantidade de leitos hospitalares tem chamado a atenção de estudiosos e da população em geral. Entre 2005 e 2012, por exemplo, o SUS perdeu um total de 41.713 leitos. Isso tem implicado no fechamento de dezenas de hospitais públicos, filantrópicos ou privados que destinaram sua estrutura para atender o Sistema Único de Saúde (SUS). Os números não mentem e causam espanto na maioria dos menos informados, ainda mais porque não é rara a exploração demagógica e superficial dos gargalos reais do sistema pública de saúde.
O problema é que nem sempre a interpretação dos números é qualificada. Se fosse, perceberíamos que nem toda redução de leitos hospitalares é necessariamente ruim. A questão não é simples e nem pode ser respondida de maneira suficiente e satisfatória em poucas linhas. Mas, é possível lançar algumas luzes sobre esse fenômeno que afeta a estrutura do sistema de saúde pública brasileiro.
A redução do número de leitos está diretamente relacionada à própria essência do SUS, nos seus 25 anos de existência. Antes do SUS, a maior parte dos recursos do setor público de saúde era destinada quase exclusivamente para manter os serviços hospitalares, em geral vinculados ou controlados politicamente por forças políticas locais ou regionais, que mantinham administrações ineficientes, instrumentalizadas politicamente para tratar partidos e grupos políticos no poder e construir fortunas.
Contudo, o pior é que aquela estrutura estava destinada ao paciente depois da doença instalada. Isso mesmo. Sem saúde básica e preventiva, restava ao cidadão comum o tratamento cirúrgico, quando as patologias surgiam ou evoluíam. O SUS se propôs a inverter essa lógica. Então, recursos que mantinham leitos hospitalares passaram a ser destinados à atenção básica, à saúde preventiva, mais humana e mais barata.
Nesse caso, a redução dos leitos é sinal de sucesso e não de fracasso do SUS. Com esse tipo de assistência, aconteceu o esperado pelos formulados da estratégia: muitos hospitais fecharam para dar lugar às unidades básicas de saúde, às equipes de saúde da família, aos exames complementares.
Obviamente, isso provocou e provoca a reação dos grupos políticos, empresariais e sindicais que sobreviviam e alguns que ainda dependem politicamente do antigo sistema hospitalocêntrico. É verdade que o SUS não se completou. Ainda há milhares de pessoas sofrendo e precisando de melhor assistência. Mas, também, é verdade que a saúde geral da população melhorou.
A mortalidade infantil, por exemplo, caiu drasticamente, reduzindo a necessidade de leitos para internar crianças com desidratação e diarreia. Leitos nos hospitais psiquiátricos deram lugar aos centros de atenção psicossocial (CAPS), provocando o fechamento de manicômios por todo o país. As internações desnecessárias e evitáveis diminuíram. Nesse mesmo período, houve avanços no processo da regionalização da saúde, com a construção de redes assistenciais integradas, das redes de urgências e emergências (Samu e UPAs) e da assistência domiciliar.
É óbvio que toda a infraestrutura hospitalar cara, ineficiente e incapaz de oferecer a atenção integral teria de ser reduzida em nome dessa nova lógica. Isso afeta grandes estruturas hospitalares e, especialmente, os pequenos hospitais, com pouca resolutividade, baixa qualidade e sem densidade tecnológica e recursos humanos especializados. Esse tipo de unidade de saúde pode continuar existindo, mas sem o status de hospital.
Dessa forma, uma análise racional, menos corporativa e demagógica, nos leva a refletir sobre a possibilidade de o Estado do Rio Grande do Norte reduzir a estrutura formada por 23 hospitais regionais. Essa reorganização atende adequadamente a lógica do SUS e a quantidade de recursos disponíveis.
É melhor dispormos de 8 hospitais regionais que funcionem bem, do que de 23 que com baixa resolutividade. Alguém poderá perguntar: os hospitais regionais remanescentes ficarão superlotados? Não mais do que já estão, porque eles já atendem a demanda oriunda das regiões que possuem hospitais de baixa capacidade resolutiva. É fácil perceber que não é possível manter 23 hospitais com essa capacidade instalada.
Podemos ser atendidos, com a rapidez e a qualidade desejada, por um número menor de hospitais bem equipados e com equipes qualificadas e motivadas para o trabalho.
Precisamos, sim, de mais leitos, porém de leitos qualificados e com densidade tecnológica adequada, principalmente de tratamento intensivo, como retaguarda para a atenção de alta complexidade na cirurgia ortopédica, cardíaca, neurocirurgia, transplantes etc..
Essa deve ser a luta.
Bode
A Festa do Bode 2017, considerada a maior caprifeira do interior, vai distribuir R$ 30 mil em premiação. O evento será realizado entre os dias 10 e 13 de agosto, no Mercado do Bode de Mossoró.
Ginástica do Cérebro
Aposentados e pensionistas da Previ-Mossoró poderão participar de cursos e oficinas da Ginástica do Cérebro. Os cursos terão início no dia 3 de agosto. Os interessados devem se inscrever na sede da Previ, na Avenida Rio Branco.
Eles só pensam neles
Vem aí o "distritão" para tentar salvar a reeleição dos atuais deputados. O artigo será apresentado em agosto, com assinatura do deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ), quando a reforma política entrará em discussão. Pela proposta, são eleitos apenas os candidatos mais votados em cada estado. O "distritão" enfraquece os partidos, já que os eleitores deixarão de votar nas legendas. Mesmo assim, as grandes siglas apoiam a emenda. PMDB e PSDB se articularam e conquistaram apoio de outras agremiações tradicionais. Daí, muito provavelmente, o "distritão" vai estar valendo a partir de 2018.
Eles só pensam neles II
Os deputados, também, querem antecipar a "janela partidária", período em que podem trocar de partidos sem o risco de perder o mandato por infidelidade. Pelas regras atuais, o troca-troca poderá ser feito no mês de março do ano de 2018. Os parlamentares querem antecipar para setembro ou outubro deste ano. Como se sabe, os dissidentes do PSB estão loucos para pular pela janela, de preferência logo, com o objetivo de evitar desgastes.
Campus Party
O governador Robinson Faria (PSD) formaliza o interesse do RN em sediar uma edição especial da Campus Party em 2018. Trata-se de um dos maiores eventos do ramo da ciência e tecnologia do mundo.
Nunca é tarde para agir
Criado o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) da Região Oeste. Vai atuar em 21 municípios, a partir de Mossoró, sob a coordenação do promotor de justiça Fábio Melo. Poderia ter chegado antes, mas nunca é tarde. O que fizeram com Mossoró poderá render muito. O Gaeco, querendo, saberá encontrar o caminho dos recursos drenados.
É NOTÍCIA
1- A festa dos ex-alunos do Colégio Diocesano Santa Luzia será lançada hoje, na praça de alimentação do Partage, às 16h. E as comemorações no dia 12 de agosto, com feijoada no Carecão.
2- Hoje, tem jogo de futebol americano no estádio Nogueirão: Ufersa Petroleiros de Mossoró x Pirantes de Recife, às 14h. O jogo é válido pela Conferência do Nordeste da BFA. Vamos lá.
3- Dia 5 de agosto tem o "Brega Bode", prévia da Festa do Bode, com organização de Carlos Costa e Agenor Melo. A boa música e as delícias da "carne de criação" vão rolar no "Mercado do Bode".
4- A vereadora Clorisa Linhares (PSC), de Grossos, tem se movimentado com habilidade desde que foi lançada ao Governo do RN. A pré-candidata começa a se apresentar ao grande público.
5- Não há mais reserva nos hotéis e pousadas de Martins para a temporada do Festival Gastronômico e Cultural 2017. O evento será realizado no primeiro final de semana do mês de agosto.
FRASE
"É natural.”
MICHEL TEMER – Presidente da República, sobre a reclamação dos brasileiros do aumento no preço da gasolina.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.