Segunda-Feira, 10 de março de 2025

Postado às 05h45 | 02 Nov 2017 | Coluna - 2 de novembro de 2017

Crédito da foto: Ilustração Crise na saúde pública do Rio Grande do Norte é uma das mais graves da história

ÚLTIMO MINUTO DA VIDA

O depoimento que segue é da enfermeira Thalyne Dias, enviado ao titular da coluna pelo doutor Haroldo Amaral Duarte, sobre a grave crise no Hospital Regional de Caicó, na região do Seridó potiguar:

"Hoje cheguei mais uma vez à exaustão, por me sentir IMPOTENTE dentro de um ambiente onde eu deveria cuidar da saúde dos pacientes e ao invés disso estou assistindo a morte hora a hora.

Ao chegar no plantão fui comunicada de que não tinham mais antibióticos para os pacientes continuar o tratamento das infecções, a UTI não estava mais com condições mínimas de abastecimento de medicamentos para receber pacientes. Dois dos pacientes internados com abdômen agudo (em urgência cirúrgica) tiveram suas cirurgias suspensas às 20h por falta de anestésico.

Não tínhamos telefone para regular os pacientes para o hospital de referência, há dias está cortado por falta de pagamento, ao tentar ligar do meu celular descubro que os telefones do outro hospital também estão cortados.

O que fazer? Uma vez que o estado geral dos pacientes se agrava a cada hora e o Estado nos manda “regular” o paciente antes de encaminhá-lo. Eu tinha uma escolha: ou assistia a mais duas mortes ou encaminhava os pacientes, correndo o risco do outro colega que estava em outra cidade não receber o paciente pelas mesmas “falta de tudo”.

Ouvi um médico hoje, que trabalha há 24 anos como servidor público no estado do Rio Grande do Norte dizer que nunca passou por situação tão caótica como esta. Imagino eu nos meus primeiros 4 anos como servidora da SESAP-RN onde iremos chegar? E sabe o que é pior? É o paciente, potencialmente, cada um de nós que dependemos do SUS, ficar dentro de um jogo de empurra-empurra até o último minuto de vida.

Ninguém assume a responsabilidade. Seríamos todos cúmplices ou vítimas da falta de tudo?"

O depoimento da enfermeira Thalyne Dias é contundente e, igualmente, assustador. Porém, a mais pura realidade do sistema de saúde pública do RN.
Os relatos que chegam diariamente à coluna apontam para o caos, diante de problemas de toda ordem. Desabastecimento, déficit de médicos e profissionais técnicos, dívidas com fornecedores, estruturas avariadas e a imoral fila de macas nos corredores das unidades de saúde.

Pior: não há perspectiva de melhora. A enfermeira continuará assistindo morte hora em hora, como está acontecendo.

 

LISOS

Um terço das prefeituras do Rio Grande do Norte deverá ficar devendo o 13º salário aos servidores públicos. Consequência da greve e, em muitos casos, da incapacidade de gerenciamento dos gestores públicos. Os prefeitos, de pires nas mãos, pedem socorro à União.

 

POUCA BALA

A segurança pública do Rio Grande do Norte, frágil e incapaz, vai ter que fazer mais com menos em 2018. O orçamento das polícias Civil e Militar ficará menor R$ 62 milhões, conforme projeto de orçamento geral  do governo, que será aprovado pelo Legislativo.

 

SEM PLANO

A Unimed notificou a Uern: se até terça-feira, 7, não atualizar o pagamento do plano de saúde, suspenderá os serviços. O reitor Pedro Fernandes bateu à porta do governo, ontem, para cobrar a regularização dos  meses de agosto, setembro e outubro.

 

SEGUE

O governo deu garantias de pagamento, embora tenha se comprometido a aumentar o esforço. Se a Unimed suspender os serviços, afetará 3.955 segurados, entre servidores e dependentes. A situação é crítica.

 

PASSARELAS

Quase uma década depois de ser concebido o projeto do Complexo Viário Abolição, o Dnit entendeu que as passarelas são de fundamental importância para inibir mortes na rodovia. E finalmente autorizou a licitação da obra. Serão dez passarelas, contemplando áreas de risco como em frente à Estação Rodoviária; acesso à João da Escóssia e ao bairro Dom Jaime Câmara.

 

MOSSOROENSE

O escritor João Almino, imortal da Academia Brasileira de Letras, mossoroense da gema, é pouco conhecido em sua terra. Saiu cedo, ainda jovem. Mas terá um reencontro com a sua terra e a cultura local. Almino estará em Mossoró no dia 17 deste mês, para lançar o livro "Entre facas, algodão", e receber homenagem da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais (ACJSM).

 

É NOTÍCIA

1 - O ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, autorizou o pagamento de auxílio-moradia retroativa aos membros do Tribunal de Justiça do RN. Quatro dezenas de milhões dos cofres públicos.

2 - A Igreja Católica em Mossoró realizará sete missas no Dia de Finados, hoje. Veja: no Cemitério São Sebastião às 5h, 7h e 17h; no Cemitério Novo às 8h e 16h; na Capela de Santa Teresinha, às 9h; e no Santuário Santa Clara, bairro dom Jaime Câmara, às 9h.

3 - Há 97 anos era inaugurada a primeira emissora de rádio do mundo, nos Estados Unidos: a KDKA, de Pittsburgh, Pensilvânia, entrou no ar em 2 de novembro de 1920.

4 - A Faculdade Diocesana lançou seu vestibular 2018.1 com dois novos cursos: Administração (120 vagas) e Gastronomia (100 vagas). As inscrições já estão abertas: www.fdm.edu.br.

5 - O JORNAL DE FATO não circula nesta sexta-feira, devido ao feriado de hoje. Volta no sábado, 4. Mas a cobertura do feriado do Dia de Finados o leitor acompanha em tempo real no defato.com.

 

FRASE

"Eu deveria cuidar da saúde dos pacientes, mas, ao invés disso, estou assistindo a morte hora a hora"

THALYNE DIAS - Enfermeira relatando o caos no Hospital Regional de Caicó.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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