Pressão abre a porteira
A relação do governador Robinson Faria (PSD) com as forças de segurança do Rio Grande do Norte se esgarçaram. Já não era boa, aliás, nunca foi boa, mas piorou bastante nas últimas horas. A decisão de policiais militares, do Corpo de Bombeiros e oficiais de suspender o trabalho de rua e a reação do governador afirmando que tomaria providências “drásticas, se preciso for”, alargaram o fosso entre a Segurança e a Governadoria.
A decisão da PM, compreensível, é sustentada no atraso de salários que se arrasta há quase dois anos. Porém, radical, na medida em que saindo das ruas penalizará ainda mais o cidadão, diante do quadro de completa insegurança e avanço da criminalidade no Rio Grande do Norte.
O pulso firme do governador, exposto por ele nas redes sociais, ameaçando tomar medidas “drásticas”, também é compreensível sob o ponto de vista de passar autoridade para manter a ordem numa área tão delicada. No entanto, também foi radical ao usar o palanque da internet para discursar, na tentativa de trazer para si o apoio popular, em cima da situação dos homens e mulheres da Polícia Militar.
O diálogo seria e é a melhor saída. O governador pecou por não chamar a categoria de farda à mesa de negociação. Não deveria ter deixado o problema ganhar maiores proporções, como ganhou. Nesse caso, ninguém pode desconhecer que os policiais, através de suas entidades sindicais, subiram a rampa da Governadoria várias vezes, mas esbarraram na falta de uma proposta capaz de conter a revolta.
O governo não pode negar que tinha a solução. O próprio governo correu para apresentá-la após o choque com os policiais militares. Ontem mesmo pagou os salários de setembro e, em ato contínuo, anunciou o pagamento da folha de outubro para a próxima segunda-feira, 13, atualizando assim os salários dos agentes da segurança pública.
Melhor assim. A greve que começaria na segunda-feira, certamente, será repensada. E o cidadão agradece.
Agora, ao viabilizar recursos para colocar em dia os salários dos policiais militares, o governador abriu um precedente, sugerindo que as outras categorias podem conseguir o mesmo se agir com a mesma pressão dos PMs. Claro que o governo não tem dinheiro em caixa para pagar em dia os salários de todas as categorias, mas depois de se render aos policiais, não teria como segurar a revolta geral.
A greve está batendo à porta do Rio Grande do Norte.
FRASE
"Não admito e tomarei todas as medidas cabíveis, inclusive as mais drásticas se for o caso, para garantir a segurança."
ROBINSON FARIA – Governador, para impedir a greve dos policiais militares.
Túnel do tempo
Em abril de 2014, último ano de gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini, os policiais militares ficaram aquartelados por 10 horas. A categoria estava com salários rigorosamente em dia, mas cobrava promoção dos praças. Agora, a ameaça dos policiais é pelo simples direito de receber os salários em dia. Outra diferença é que o momento é bem mais delicado, com revolta dos PMs.
Me engana
A bancada do RN se "armou" para exigir do governo Temer a preservação da Refinaria Clara Camarão, rebaixada pela Petrobras. A marra, porém, não intimidou. O governo mandou técnicos da estatal de petróleo conversar com deputados e senadores. Em outras palavras, disse que o que está decidido não volta atrás, apesar de os técnicos terem prometido a manutenção e investimento.
Sem plano
A Unimed suspendeu o atendimento eletivo (consultas, exames e cirurgias) de professores, técnicos e segurados da Uern. Cobra o débito de parte de setembro, mês de outubro, juros e correções monetárias de outros atrasos. A medida penaliza quase 4 mil segurados.
Segue
O reitor Pedro Fernandes tentou solucionar o problema junto ao Governo do Estado e até conseguiu saldar parte de uma dívida maior. Foi regularizado o pagamento de agosto e parte de setembro, num total de R$ 1.490 milhão. Mas não foi suficiente para impedir a decisão da Unimed.
Estado de greve
Os servidores do Detran-RN são a terceira categoria estadual que decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Se juntarão aos docentes da Uern e os servidores da saúde. Os três pedem pelo menos o pagamento de salários em dia.
Casas
O ministro das Cidades cumprirá agenda em Mossoró no dia 8 de dezembro. Vem inaugurar o residencial Maria Odete Rosado, com 844 casas. E anunciará mais mil casas do programa "Minha Casa, Minha Vida"
É NOTÍCIA
1 - A 2ª Micareta da Luz com Santa Luzia terá as atrações do Ministério de Música da Obra de Maria, Banda Magnificat e o cantor Cosme. Descerá a Presidente Dutra no dia 2 de dezembro, às 19h.
2 - Nesta data, em 1990, o governo Collor de Mello abria o sistema de telefonia móvel para o setor privado, sob protesto do PT e de outros partidos de esquerda. Foi uma das poucas coisas de Collor, permitindo o acesso dos brasileiros ao celular.
3 - O Ministério das Cidades autorizou mais 496 unidades do "Minha Casa, Minha Vida" em Mossoró. Vão contemplar famílias de baixa renda, com os residenciais V e VI.
4 - O Globo Repórter gravou programa sobre a indústria salineira potiguar, responsável pela produção de mais de 95% do sal do País. A edição vai ar nesta sexta-feira, 10.
5 - Os combustíveis vão subir de preço nesta quarta-feira, 8. O consumidor pagará 2,5% a mais no litro do diesel e 0,6% no de gasolina. Só em novembro o aumento ultrapassa a casa dos 7%.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.