Refinaria Clara Camarão fica no polo petroquímico de Guamaré, no Rio Grande do Norte
Era uma vez petróleo potiguar
A palavra oficial da Petrobras de que a mudança de status da Refinaria Clara Camarão não afetará os investimentos da estatal no Rio Grande do Norte, está longe de convencer. Muito pelo contrário. As perspectivas são bem negativas, podendo ser dito que o processo de desinvestimento, verificados nos últimos anos, deve ser acelerado.
Ao ser rebaixada de refinaria a Ativo Industrial de Guamaré, a partir de janeiro de 2018, Clara Camarão sai da diretoria de refino, logo enfrenta o risco de ficar de fora dos planos estratégicos de investimentos da estatal.
Deveria ter ocorrido justamente o contrário, na opinião do especialista Jean-Paul Prates, diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE): “todo o pólo de Guamaré deveria ir para a diretoria de refino, com potencial para crescer ainda mais nos próximos anos", apontou.
O fato é que o rebaixamento da Clara Camarão segue o processo de anemia da Petrobras no RN. A mudança de refinaria para ativo pode até, nesse momento, não prejudicar o setor, no entanto, a medida não acrescenta nada de positivo. Os empregos que foram perdidos nos últimos anos, por exemplo, não serão recuperados. Foram quase 60 mil empregos, diretos e indiretos, que desapareceram na última década, afetando de morte a economia regional, sobremaneira na chamada região do petróleo.
Números do Sindipetro-RN apontam que o setor tinha uma média de 13 a 15 trabalhadores terceirizados para cada petroleiro no Estado, que eram 2 mil. Hoje, a média desceu de dois para um. É consequência do desinvestimento, que chega a 77% desde 2009. A Petrobras reduziu o volume de investimento no estado de 900 milhões de dólares para cerca de 200 milhões de dólares.
O presidente do Sindipetro-RN, José Araújo, apresentou um diagnóstico, em entrevista ao G1, que merece reflexão: “Ao longo de 40 anos, foram tirados 1 bilhão de barris de petróleo do nosso solo. É muito, mas ainda há estimativa de que haja de três a seis bilhões de barris de petróleo - uma produção para, no mínimo, mais 100 anos.”
A indústria potiguar é perfeitamente viável. E parece bem claro que o lucro que o estado oferece à Petrobras, sai daqui e não volta, tem direção ao pré-sal. Um processo injusto, brutal contra a economia potiguar e o seu povo. Pior, sem uma reação contundente dos representantes do povo, que mostram-se sem compromisso com a causa.
FRASE
"Há estimativa de que haja de três a seis bilhões de barris petróleo em nosso solo. As operações são viáveis e lucrativas."
JOSÉ ARAÚJO – Presidente do Sindipetro-RN, sobre o petróleo potiguar.
Governo x polícia
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Osmar Maciel, garante que a corporação não vai paralisar as atividades. A decisão do governo de quitar a folha de setembro e atualizar o mês de outubro na próxima segunda-feira, 13, inibirá o movimento, na opinião de Osmar. A categoria, porém, mantém a greve, se o governo não pagar ao pessoal da reserva e pensionistas.
Carimbado
A crise alcançou o cofre da Prefeitura de Apodi, que sempre foi recheado para bancar carnavais caros e outras festas populares. Os agentes de saúde ainda não viram os salários de outubro. A promessa é de que o pagamento será feito na próxima quarta-feira, 15. O atraso salarial carimba a gestão do prefeito Alan Silveira (PMDB). Há 15 anos a Prefeitura de Apodi não atrasava salários.
Chimarrão
Os vereadores Flávio Tácito (PPL), Genilson Alves (PTN), Alex do Frango (PMB) e Aline Couto (PHS) escalaram as serra gaúchas, para representar a Câmara de Mossoró no Encontro Nacional de Legislativo. O evento acontece nas cidades de Canela e Gramados.
Na telinha
O sal potiguar brilha hoje no Globo Repórter. Exposição importante para o Brasil conhecer a indústria responsável por 95% do sal produzido no País. E o governo federal entender a importância como bem social. O programa começa às 21h30.
É urgente
O reitor Pedro Fernandes bateu à porta da Secretaria de Segurança do RN. Foi pedir segurança nos campi da instituição, expostos aos bandidos. Recebeu promessa de que as forças de segurança vão fazer a "ronda". Professores e alunos rezam.
Corredor
Em Brasília, a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) pediu ao governo federal a liberação de recursos para a construção da Arena Cultural e Praça Viva, dentro do Corredor Cultural de Mossoró. O ministro Antônio Imbassahy se comprometeu.
É NOTÍCIA
1 - Mossoró recebe hoje o Grand Tour Blues do Nordeste, com a guitarra de Gustavo Cocentino (RN), André de Sousa (PI), Rodrigo Morcego (PE) e Roberto Lessa (CE). No VillaOeste, às 22h.
2 - A Capela de São Francisco de Assis, do Colégio Sagrado Coração de Maria, em Mossoró, completa hoje 110 anos. Obra construída pelo coronel Miguel Faustino do Monte e inaugurada no dia 10 de novembro de 1907.
3 - Há oito anos o rádio ficava sem a voz do "Bom Dia Mossoró" de Nazareno Martins. O radialista morreu nesta data, em 2009, aos 53 anos. Fez história na Difusora, Libertadora, Tapuyo, 93 FM.
4 - Foi sepultado ontem o corpo de Seu Moisés Oliveira, bastante popular no bairro Doze Anos. Era pai do radialista empresário Patrício Oliveira, através de quem prestamos solidariedade.
5 - O jornalista William Wack está fora do Jornal da Globo, afastado por declarações racistas. A emissora é implacável no combate à intolerância. A bancada do JG pode ter Heraldo Pereira.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.