Quinta-Feira, 06 de março de 2025

Postado às 09h30 | 03 Jan 2018 | Coluna - 3 de janeiro de 2017

NUNCA SE MATOU TANTO

O ano de 2017 começou e terminou com o Rio Grande do Norte nas páginas policiais de todo o País. Em janeiro, rebelião na Penitenciária de Alcaçuz com 26 mortos e degolados, na maior crise da história do sistema prisional potiguar; dezembro, paralisação das polícias em protesto ao atraso de salário, com mais de 600 arrombamentos, assaltos, roubos e arrastões e quase 90 assassinatos.

Nas duas ocasiões, o Governo do Estado perdeu a autonomia e a crise só foi amenizada com a intervenção da Força Nacional. Casos emblemáticos, que fizeram desmoronar o que restava do “Governo da Segurança”, a maior promessa do governador Robinson Faria (PSB) – no palanque em 2014 e quando assumiu o poder em 1º de janeiro de 2015.

A repercussão negativa é bem maior do que a culpa de Robinson pelo caos na segurança, porque foi ele quem afirmou e deu todas as garantias de que resolveria o grave problema da falta de segurança. No palanque, pedindo o voto para se eleger governador, discursou que o problema não era dinheiro, porque recursos tinham muito, mas falta de gestão e garantiu que estava preparado para resolver porque conhecia de segurança como poucos. E foi com esse discurso que se elegeu. O povo deu o voto de confiança.

Três anos se passaram e Robinson não entregou o prometido. Pior: os índices de segurança só pioraram e fechou 2017 como o pior ano da história da segurança pública do RN. Os números são aterradores: 2.405 mortes violentas, segundo o Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que contabiliza os crimes contra a vida no estado. Média de 6,6 mortes por dia. O total de assassinatos é 20,5% maior que a quantidade registrada em todo o ano de 2016. Nunca se matou tanto em território potiguar.

O quadro de insegurança revelado pelos números do Obvio, é justificado pela falta de uma política capaz de reverter a escalada da violência. Reportagem do Fantástico, levado ao ar no último domingo de 2017, exibiu delegacias destruídas, viaturas sucateadas e policiais sem fardamento, além dos salários atrasados.

O resultado disso tudo está estampado no semblante do cidadão potiguar, assustado, inseguro, preso dentro de casa. Nunca o povo potiguar sentiu tanto medo, tanto pavor.

O fato é que o Estado mostra-se incapaz de restabelecer a ordem e a tranquilidade. E vai continuar precisando da Força Nacional para garantir a paz. Infelizmente.

 

FRASE

"É imperioso que hoje se vá para os batalhões e se faça o patrulhamento nas ruas."

SHEILA FREITAS – Secretária de Segurança, ontem, sobre a decisão de prender PMs em caso de paralisação.

 

CAMPOS MADUROS

 A Petrobras anunciou para janeiro agora o leilão dos campos maduros que a empresa não tem mais interesse em explorar no Rio Grande do Norte. Com o leilão dos poços, as empresas que arrematarem vão fazer investimentos para que a produção de petróleo em terra seja reativada, beneficiando principalmente a região de Mossoró, com a geração de novos empregos e renda.

 

CAMPOS MADUROS II

 A exploração de campos maduros, pela iniciativa privada, é uma das bandeiras do deputado federal Beto Rosado (PP). O parlamentar é o autor do Projeto de Lei 4663/16 que autoriza o leilão dessas áreas. O projeto tramita na Comissão de Minas e Energia da Câmara. Beto já disse que mesmo a Petrobras iniciando a aplicação da ideia, ele continuará lutando para esta virar lei.

 

A PERGUNTA É:

 O ex-presidente Lula é favorito na disputa presidencial de 2018 ou a uma vaga no sistema prisional de Curitiba? A primeira resposta pode ser dada no dia 24 deste mês, quando Lula terá confirmada, ou não, a prisão de nove anos e seis meses.

 

É GRAVE

 O diretor do DER-RN, general Jorge Fraxe, solicitou à Controladoria Geral do Estado investigar possível má gestão de agente público frente ao aeroporto Dix-sept Rosado de Mossoró. O caso é grave, uma vez que a gestão do aeroporto foi transferida para a Consultaer por quase R$ 1 milhão.

 

SEGUE

 No apagar das luzes de 2017, o diretor do aeroporto, Diomar Freire, postou no "grupo do aeroclube" que estava deixando o cargo para ser contratado pela Consultaer. Lembrando que essa empresa foi contratada sem licitação, e seus gestores pouco visitam Mossoró.

 

GREVE

 Professores da Uern e servidores estaduais da saúde, com salários atrasados de novembro, dezembro e o décimo terceiro, protestam hoje no centro da cidade de Mossoró. Eles estão em greve desde 13 de novembro.

 

 É NOTÍCIA

1 - Só para lembrar: desde segunda-feira, 1º de janeiro, está em vigor o novo salário mínimo do país: R$ 954,00. O valor diário do salário corresponde a R$ 31,80, e o valor horário, a R$ 4,34.

2 - Nesta data, em 1974, o prefeito Dix-huit Rosado assinava o contrato de compra da sede do Colégio Diocesano de Mossoró, onde hoje está instalada a agência do Banco do Brasil. Documento assinado pelo bispo diocesano dom Gentil Diniz Barreto.

3 - Quem precisar sacar na boca do caixa valor a partir de R$ 50 mil em espécie, terá de avisar ao banco com 3 dias úteis antes. Antes, era de apenas 1 dia. A regra entrou em vigor dia 27 último.

4 - A bandidagem sumiu das ruas de Natal e Mossoró desde a chegada da Força Nacional. Fato. Daí, o governador Robinson Faria disse que os 2,8 mil homens ficam no RN até o dia 12 de janeiro. E depois?

5 - De um professor da Uern que entrou 2018 sem os salários de novembro, dezembro e o décimo terceiro: "Nós éramos felizes e não sabíamos."

 

Tags:

Coluna
César Santos
mortes
assassinatos
insegurança
plano
Rio Grande do Norte
campos maduros

voltar

AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

COTAÇÃO