Quinta-Feira, 06 de março de 2025

Postado às 10h45 | 27 Jan 2018 | Coluna - 27 de janeiro de 2018

POR QUÉ NO TE CALLAS

O senador Lindbergh Farias, do PT do Rio, se arrochado for, está determinado a destruir tudo que encontrar pela frente para salvar o ex-presidente Lula da cadeia. Pelo menos, na retórica ele se mostra um Lampião, destemido, capaz de matar e morrer, mesmo sem causa.

Leia o que ele disse após a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que confirmou a sentença contra Lula e ampliou para 12 anos e um mês o tempo de prisão do ex-presidente, por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro:

“Só há um caminho para derrotar o golpe, que é apostar nas ruas, no enfrentamento social, na rebelião cidadã, na desobediência civil. Nós não vivemos numa democracia, temos o direito de nos indignar e de ir para as ruas. É campanha toda a semana, mobilização toda a semana, não podemos abandonar as ruas. E eu mando aqui um recado para eles, para essa corja. Se eles acham que vão prender o Lula... Para prender o Lula, tem de prender nós todos aqui, que estamos nesse ato (...)”

E arrematou:

“Companheiros, agora é hora de luta! Chega! Não é hora de uma esquerda frouxa, acomodada, burocratizada. Agora é hora de uma esquerda com vontade de lutar para defender Lula (...)”

O que é rebelião cidadã?

Desobediência civil?

Enfrentamento social?

E a "corja", para quem ele mandou recado, são os homens do Judiciário brasileiro?

A sorte de Lindbergh é que existe um estado democrático de direito, do qual ele se aproveita para proferir discurso ameaçador incentivando miolos moles à "desobediência social".

É a democracia que respalda o seu mandato, que lhe dá foro privilegiado, que o deixa imune para discursar contra as instituições sérias deste país, como fez em praça pública.

E foi o Brasil democrático que lhe permitiu ir às ruas pelo impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992. Lindbergh saiu de sua Paraíba, como estudante de Direito, para assumir a União Nacional dos Estudantes (UNE) e ocupar as ruas com o "fora Collor" (Naquela época impeachment não era golpe).

De cara pintada para a política partidária foi um pulo. Eleito deputado, prefeito de Nova Iguaçu e senador. No Congresso, conheceu e se abraçou com Collor, esquecendo do impeachment. Hoje, falam a mesma língua e dividem o mesmo ambiente político.

De sorte, o que saiu da boca inconsequente de Lindbergh não foi capaz, até aqui, de provocar a ira e o instinto violento de grupos de esquerda.

Mas, se isso ocorrer, coloque na conta desse inconsequente.

 

FRASE

"Em uma República, todos os homens são de carne e osso."

MAURÍCIO GERUM – Procurador do MPF, no julgamento de Lula, em referência à obra "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoievski.

 

CULTURA

 O "Chuva de Balas no País de Mossoró" recebeu certificado de enquadramento na Lei Câmara Cascudo. Com isso, o espetáculo pode receber recursos de empresas que aderirem à lei de incentivo à cultura. Para a temporada 2018, o valor poderá chegar até R$ 445 mil. O espetáculo conta a saga da resistência dos mossoroenses ao bando de Lampião, dentro do Mossoró Cidade Junina.

 

É PÚBLICO

 A Associação dos Mutuários do Conjunto Nova Betânia (ASCONOB) vai ter que devolver ao município o terreno onde deveria funcionar a sua sede social, hoje servindo a um bar/restaurante privado. A recomendação é do Ministério Público. Se a entidade não devolver o terreno ou a Prefeitura não reverter a doação, o imóvel deve ser utilizado exclusivamente para fins da entidade.

 

UM BÁLSAMO

 Para os que acham que a Lava Jato é direcionada para Lula (PT), os números da operação decepcionam: já foram condenados mais de 140 pessoas, entre políticos, empresários, doleiros e outros criminosos. O País pune, nem que seja pela força da "República de Curitiba".

 

SEGUE

 É bem reduzida a chance de Lula obter vitória nos embargos de declaração no TRF-4. O histórico rígido e contundente da Corte aponta para nova derrota e a prisão do ex-presidente, no prazo de 40 dias.

 

VIVA O CEARÁ

 Enquanto o RN não tem competência para duplicar a BR-304, principal via de escoamento do interior à capital, o Governo Cearense caminha para concluir a duplicação da rodovia estadual CE-040, bastante utilizada pelos mossoroenses. Faltam apenas seis quilômetros do percurso Aracati/Fortaleza.

 

O ALVO

 O RN já conta três policiais militares assassinados em 2018. O sargento José Ailton de Lira tombou nesta sexta-feira, 26, ao ser alvejado por criminosos. A farda está cada vez mais visada. Imagine o cidadão comum.

 

 É NOTÍCIA

1 - O RN tem a maior e a menor nota de cortes para os cursos de Medicina ofertados pelo Sisu. A maior é da UFRN, campos de Caicó, com 881,76; a menor, campus da Ufersa de Mossoró, 750,06.

2 - A CG Construções Ltda., de Fortaleza (CE), iniciou a instalação do canteiro de obras do Hospital Regional da Mulher, em Mossoró, na área do campus central da Uern. O centro de saúde absorverá investimento da ordem de R$ 104 milhões.

3 - O governador Robinson Faria (PSD) distribuiu 60 mil kits escolares para alunos de 105 escolas da rede estadual. Beneficiou alunos que não podem comprar cadernos, canetas, lápis e borrachas.

4 - De pernas para o ar há mais de um mês, deputados e senadores ganharam mais três dias de férias. O Congresso adiou de 3 para 5 de fevereiro a abertura do ano legislativo. É ou não é vidão?

5 - A Prefeitura de Areia Branca não vai acatar a recomendação do Ministério Público e realizará o carnaval de 2018. A prefeita Iraneide Rebouças anunciou 17 atrações para a festa de momo.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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