CIDADE DE DUAS CABEÇAS
Campo Grande ou Augusto Severo? A população do município no sertão do Médio Oeste potiguar se divide na duplicidade do nome de sua terra. Uma parte gosta de Campo Grande, nome oficial; outra, deseja ter de volta o antigo Augusto Severo.
A duplicidade não se limita à peleja nas ruas. Gera problemas à administração pública, uma vez que o nome oficial não é reconhecido por órgãos da esfera federal, onde está registrado oficialmente como Augusto Severo. A transferência de recursos da União enfrenta resistência quando solicitado em nome de Campo Grande do Norte.
A pendenga não é de hoje. Eu, filho de Janduís, antigo “São Bento do Bofete”, sou vizinho de Augusto Severo/Campo Grande. Ao longo dos anos, ouvi as queixas de lado a lado, entendendo o argumento de cada um, ajudado pela história que conhecemos.
Campo Grande foi elevado a distrito, subordinado ao município de Caraúbas, nos idos de 1837, pela resolução provincial 17, de 31 de outubro daquele ano. 21 anos depois, em 1858, por força da lei provincial 114, foi transformado em cidade, preservando o nome.
A história mudou uma década depois, com Campo Grande voltando à condição de distrito de Caraúbas, por força da lei provincial 601, de 5 de março de 1868. Interesses políticos estavam em jogo. Dois anos mais tarde, em 1870, outra lei foi assinada, emancipando novamente Campo Grande, mas mudando o seu nome para Triunfo, e virou outra cidade, chamada de Triunfo Potiguar.
Augusto Severo surgiu em 1903, com o desmembramento de Triunfo. O município foi oficializado pela lei estadual 197, de autoria do deputado Luís Pereira Tito Jácome, e a nomenclatura, sugerida por Tito Jácome, foi em homenagem ao inventor do dirigível Pax, o potiguar Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, nascido em Macaíba.
O nome Augusto Severo desagradou à maioria, o que provocou nova mudança em 1991. Através do decreto municipal 155, voltou a se chamar de Campo Grande. Esse processo, porém, não é reconhecido, porque a mudança só pode ser autorizada pela Assembleia Legislativa.
A duplicidade, que prejudica o município, será resolvida agora. Nas eleições deste ano, os eleitores de Campo Grande/Augusto Severo, além de escolher seus candidatos, terão de votar para eleger o nome oficial da cidade.
O plebiscito aguarda apenas a autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), solicitada pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN).
Um nome vale muito.
FRASE
"Se eles tiverem meio crime contra mim, estou fora da política."
LULA – Ex-presidente, em campanha, ignorando a condenação em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
APAE/MOSSORÓ
Nesta data, em 1973, o casal Antônio Paulo de Albuquerque/Gladys Ramalho teve a iniciativa de fundar a Apae/Mossoró, para cuidar de sua filha especial, mas também de todas as crianças portadoras de deficiência da cidade e região. A Apae/Mossoró completa hoje 45 anos com serviços prestados à sociedade, com amor, dedicação e perseverança. Data para se comemorar.
HORA DE LUTA – 389
A Anac reduziu a capacidade operacional do aeroporto Dix-sept Rosado de 3C para 2C, devido à existência de obstáculos na faixa de pista de pouso e decolagem. Com isso, o aeroporto, rebaixado a aeródromo, só pode receber voos regulares de aeronaves com até 70 lugares (médio porte). Ou seja, meio-boca. Daí, o grito por novo aeroporto em Mossoró, porque é hora de luta.
ROYALTIES
O jornalista Maricélio Almeida faz as contas e mostra que a receita dos royalties de petróleo em Mossoró cresceu 40% no primeiro trimestre deste ano em relação a 2017. A Prefeitura recebeu, de janeiro a março, o valor de R$ 5.779.777,63, contra R$ 4.102.748,18 no ano passado. Um alento.
AINDA NÃO
Dos dois entraves que impediam o retorno do governador Robinson Faria (PSD) a Mossoró, um foi resolvido: a liberação do aeroporto Dix-sept Rosado pela Anac. Agora, falta o Governo conseguir na Justiça a retomada das obras do Hospital da Mulher. Daí, o governador cumprirá agenda na cidade depois de quase um ano.
SEGUE
O aeroporto, o Hospital da Mulher, a obra do Teatro Lauro Monte Filho e as melhorias no Hospital Tarcísio Maia são as "armas" que Robinson pretende usar para recuperar a sua imagem do governo no segundo maior colégio eleitoral do RN.
ANDOU
No dia 30 de maio, a Justiça vai ouvir os 24 réus da Operação Dama de Espadas, esquema de drenou mais de R$ 5 milhões dos cofres públicos.
É NOTÍCIA
1 - A barragem Armando Ribeiro, em Assú, que abastece parte de Mossoró via adutora, voltou ao volume morto. Está com 34,97 m, uma diferença de 3 cm para a cota volumétrica mínima.
2 - O construtor Silvio Bezerra, filho do ex-senador Fernando Bezerra, será o futuro presidente do Sinduscon/RN, para mandato de quatro anos (até 2022). O dono da Ecocil encabeça chapa de consenso, costurada pelo atual presidente, Arnaldo Gaspar.
3 - A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, de Assú, retornou ao volume morto, com 3 cm abaixo do limite. A barragem abastece parte de Mossoró, através da adutora Jerônimo Rosado.
4 - Mais de 23 mil candidatos fazem hoje as provas do concurso público da Secretaria de Saúde do RN. Eles estão disputando 404 vagas. O resultado será divulgado no dia 23 de maio.
5 - Em 83 dias de 2018, completados ontem, 24 mulheres tinham sido assassinadas no Rio Grande do Norte, com três casos de feminicídios. Números absurdos da violência sem fim.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.