Terça-Feira, 04 de março de 2025

Postado às 09h00 | 30 Mar 2018 | Coluna César Santos - 30 de março de 2018

Crédito da foto: Reprodução Lula e Bolsonaro se completam no tabuleiro da sucessão presidencial

UM COMPLETA O OUTRO

Se tem um brasileiro que não quer Lula na cadeia, este é Jair Bolsonaro. Lula, preso, não rende o embate que faz Bolsonaro inflar nas pesquisas de opinião pública. Fora de circulação, o petista deixaria o presidenciável da boca suja sem discurso, logo, sem ambiente para palanque eleitoral.

O comentário do jornalista Josias de Souza, em seu prestigiado blog, parece bem pertinente. Ele escreveu:

“De todas as declarações que Jair Bolsonaro costuma fazer, a mais inverídica é justamente a que ele mais repete: “Eu quero Lula em cana”. Em verdade, a prisão de Lula é o que Bolsonaro menos deseja. Condenado e inelegível, Lula radicalizou o discurso, isolando-se à esquerda.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército de ideias ultraconservadoras, faz da aversão a Lula sua principal plataforma. Entre um extremo e outro, proliferam as candidaturas que não conseguem empolgar o pedaço do eleitorado que foge do radicalismo.

Por uma conveniência mais penal do que eleitoral, Lula mantém sua candidatura na rua, mesmo sabendo que ela deve ser formalmente barrada pela Justiça Eleitoral entre o final de agosto e início de setembro. E Bolsonaro acende uma vela para o Supremo Tribunal Federal (STF), rezando para que a maioria das togas defira o pedido de Lula para não ser preso.

Atrás das grades, Lula poderia apressar o lançamento de Fernando Haddad. E o Plano B do PT esvaziaria 50% da doutrina de Bolsonaro. A outra metade é feita de apelos do tipo: bandido bom é bandido morto.

Pela lógica, o protagonismo radical de Lula e Bolsonaro diminuiria na proporção direta do crescimento do drama penal de um e da superexposição do outro. A aversão que ambos despertam no pedaço do eleitorado que foge dos extremos faria emergir uma alternativa no mar de candidaturas que ocupam o centro. Mas o centro permanece entre oco e apodrecido.

O Supremo concede uma sobrevida a Lula, que impulsiona Bolsonaro. E o envenenamento da atmosfera política brasileira bloqueia qualquer discussão consistente sobre um projeto para o país."

Os ministros do STF decidem o futuro de Lula na próxima quarta-feira (4). Se aceitar o pedido, o deixará solto para continuar no picadeiro da sucessão presidencial, mantendo, por consequência, Bolsonaro nos holofotes da corrida eleitoral.

Se negar o habeas corpus, o STF não apenas mandará Lula para trás das grades, como poderá tirar a força da plataforma eleitoral de Bolsonaro.

Na plateia, os brasileiros vitimados pela turma.

 

FRASE

"Espero que caso Lula se conclua no dia 4."

EDSON FACHIN – Ministro do Supremo Tribunal Federal, relator da Lava Lato, sobre o pedido de habeas corpus que será julgado na próxima quarta-feira (4).

 

APERITIVO

 O alerta é da coluna Painel, da Folha de S.Paulo: o futuro presidente do STF, que assumirá em setembro, ministro Dias Toffoli, gastou tinta da caneta para tirar da cadeia Paulo Maluf e Jorge Picciani e devolver a elegibilidade ao ex-senador Demóstenes Torres. Visto como "corajoso" pelos colegas de Casa, Dias antecipa como será o seu protagonismo na mais alta Corte do Judiciário.

 

SUBIU A RAMPA

 A prisão de José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, aproxima o noticiário policial do Palácio do Planalto e, mais do que isso, acende a luz vermelha da casinha do presidente. Se Yunes abrir o bico, Temer ficará sem saída. Outros amigos e pessoas próximas do presidente foram presas nesta quinta-feira (29), na Operação Skala, que investiga corrupção nos portos.

 

MELÃO

 A Agrícola Famosa esperava aporte de recursos de um fundo de investimentos norte-americano para recuperar a sua saúde financeira, mas a venda de um percentual da empresa, em negociação há três anos, acabou não vingando. A Famosa também sofreu com a desvalorização da libra esterlina, por conta da saída da Inglaterra da zona do euro.

 

SECA

 Para piorar, a seca prolongada obrigou a agrícola fazer alto investimento em perfuração de poços profundos em suas fazendas de melão. O fluxo de caixa ficou bem comprometido.

 

FICA PARA DEPOIS

 A situação delicada da Famosa fez o executivo Luís Roberto Barcelos adiar a sua estreia na política eleitoral. Ele não se sentia confortável em se ausentar agora no momento de crise. O projeto político fica para outro momento, quem sabe, 2020.

 

NOSSO PETRÓLEO

 Empresas pagam R$ 138 milhões por sete blocos de exploração de petróleo na costa do Rio Grande do Norte. As petroleiras ainda investirão R$ 207,6 milhões na exploração. A bacia potiguar sai em alta na 15ª Rodada de Licitações da ANP.

 

 É NOTÍCIA

1 - O conjunto Wilson Rosado, em Mossoró, completa 28 anos neste sábado (31). Foi inaugurado pelo governador Geraldo Melo, para receber as famílias que moravam no antigo "cortiço".

2 - Dois projetos de estudantes da Ufersa serão apresentados no Campus Party Natal, que acontecerá entre os dias 11 e 15 de abril. Foram selecionados o Robox e o Ufersa Vai de Bike. O Campus Party é a principal atividade tecnológica realizada no país.

3 - Acontece na noite de hoje a última apresentação do espetáculo Paixão de Cristo, encenado por jovens da comunidade do Bom Jaime Câmara. Às 19h30, no Santuário de Santa Clara.

4 - O desemprego no Brasil subiu para 12,6% em fevereiro e atinge a marca de 13,1 milhões de pessoas sem carteira assinada. Superou a marca de janeiro, que foi de 12,2%.

5 - Os guardas municipais paralisaram as atividades nesta quinta-feira (29), após terem recebido os salários de março com dois dias de antecedência. Dinheiro no bolso. Só retornam na segunda, 2.

Tags:

Coluna
Lula
Bolsonaro
Luiz Roberto Barcelos
Agrícola Famosa
petróleo
bacia potiguar

voltar

AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

COTAÇÃO