QUE ASSIM SEJA
Em 1988, Lula gritou em alto e bom som: "No Brasil, quando um pobre rouba vai pra cadeia. Quando um rico rouba, vira ministro."
Convencionava-se, a partir dali, a máxima dos três “pês”, levada a termo e explorada nos palanques eleitorais e discursos de Lula: “Cadeia no Brasil é para preto, pobre e puta.”
Lula vestia-se de dois pês: preto e pobre, como, de fato, era. Ex-boia-fria, que fugiu da seca e da fome no Nordeste, em pau de arara, sentia na pele e no bolso os efeitos das desigualdades no país que nunca aprendeu a cuidar do seu povo.
Realmente, cadeia no Brasil era para preto, puta e pobre de todas as cores. Não há como combater essa máxima, diante do cenário vergonhoso no sistema prisional brasileiro, no passado e no presente. Ricos atrás das grades, uma exceção.
Até que surgiu a Lava Jato, que expôs as vísceras do maior esquema de corrupção na história deste país, pendurado e envolvendo políticos, empresários, doleiros, empreiteiros e outros gatunos elitizados. Por consequência, uma nova geração de juízes, promotores públicos e policiais federais levantou-se para estabelecer um novo tempo, moralizador, ao decidir que a cadeia deixaria de ser apenas dos “pês” e passaria a ser de todos os criminosos identificados por qualquer letra da cartilha do ABC. Ricos ou não. Pretos ou não. Putas ou não. Empresários ou não...
Quem diria que o dono da maior empreiteira da América Latina fosse enjaulado? Que o bilionário Eike Batista fosse raspar a cabeça em penitenciária? Que Paulo Maluf, depois de anos intermináveis de impunidade, fosse trancafiado como um bandido qualquer? Que mais de sete dezenas de políticos, doleiros, empreiteiros, empresários e podres de ricos fossem para o xadrez por crimes de corrupção?
Ainda é pouco? É. Falta muito, muito mesmo, para a moralização e a ética serem estabelecidas como regras invioláveis na vida pública do Brasil. No entanto, não há como não reconhecer que as coisas estão mudando para melhor e caminhando a passos largos para termos um país justo para todos.
A sessão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira, 4, que referendou a prisão de condenados em segunda instância, é a prova inconteste de que o Brasil da impunidade está ficando para trás. Por consequência, começa a passar a borracha na frase pronta da época de que Lula era pobre e preto.
Hoje, rico, poderoso e com pele clara, Lula tem a certeza que cadeia também é coisa para barão e não apenas para pretos, pobres e putas.
Que assim seja.
FRASE
“Não é possível respeitar quem não se respeitar.”
EDSON FACHIN – Ministro do STF
CIDADE JUNINA
A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) recebe hoje a imprensa para o lançamento oficial do Mossoró Cidade Junina. A edição 2018 terá nova proposta visual e novidades nos polos, conforme antecipado pelo secretário de Cultura, Eduardo Falcão. A ideia é fortalecer a proposta de São-João mais cultural do país. A solenidade acontece às 10h, no Palácio da Resistência.
EXPOSTOS
O vereador Manoel Bezerra (PRTB) ocupou a tribuna da Câmara Municipal de Mossoró para alertar sobre a insegurança nas escolas da rede pública. As ações marginais são frequentes, como assaltos e arrastões. Recentemente, a Escola Estadual Aída Ramalho, no Grande Alto de São Manoel, foi invadida e os alunos atacados. Não há ronda policial na área, segundo o vereador.
MAIS UM
O médico psiquiatra Daniel Sampaio decidiu disputar as eleições deste ano como candidato a deputado estadual. Professor do curso de Medicina da Uern e proprietário da clínica CIPP em Mossoró, ele defenderá o discurso do presidenciável Jair Bolsonaro, vestindo a camisa do PSL. Mossoró tem uma dezena de nomes à Assembleia Legislativa.
DE VOLTA
O engenheiro Mairton França voltará à titularidade da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado, cargo que ele ocupou no início do governo Robinson Faria. Assumirá com a desincompatibilização de Ivan Júnior (PSD) para ser candidato a deputado estadual.
VELHA POLÍTICA
Sobrou o PR para o empresário e ex-candidato a prefeito Tião da Prest se filiar. Outros partidos o rejeitaram. Daí, Tião teve de engolir, de goela abaixo, a "velha política", com quem não se juntaria nunca. João Maia, o dono do PR, é a cara e a careta dos velhos caciques.
O QUE FALTA
Está tudo pronto para a solenidade de despedida do prefeito Carlos Eduardo da Prefeitura de Natal. A noite, porém, foi longa e tensa.
É NOTÍCIA
1 - O presidente Temer sancionou a lei que flexibiliza o horário de A Voz do Brasil, o mais antigo programa do rádio brasileiro. As emissoras podem, agora, levar ao ar no intervalo das 19h às 22h.
2 - Mossoró recebe hoje o renomado pianista Álvaro Siviero, que apresentará concerto junto à Orquestra Sinfônica da EMUFRN, sob regência do maestro André Muniz. Apresentação única no Teatro Municipal Dix-huit Rosado, às 20h.
3 - O delegado Wylo Marques, da Receita Federal, vai à Câmara Municipal esclarecer sobre doação para o Fundo para Infância e Adolescência em Imposto de Renda. Audiência hoje, às 9h.
4 - Diretores da Azul Linhas Aéreas vistoriam hoje o aeroporto Dix-sept Rosado em Mossoró, para definir o início de voos regulares, autorizados pela Anac. Existem limitações.
5 - Mais um policial militar é assassinado no Rio Grande do Norte. Dioclécio Ferreira da Lima Júnior, de 40 anos, foi morto em Natal. Já são nove policiais abatidos por bandidos no ano.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.