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Postado às 02h30 | 17 Jun 2018 | Luiz Soares: Antagonismo do sensacionalismo brasileiro

Crédito da foto: Reprodução Sesancionalismo no País

(*) Luiz Soares da América do Sul.

O Brasil tem como marca registrada o seu sensacionalismo. Eventos e fatos sem relevância para a sustentabilidade do bem estar coletivo, efemérides absurdas ou usar meios e condições naturais de sobrevivência, vira uma onda de anúncios e comentários sem proveitos. Talvez ainda estejamos nos lembrando de que, com manipulação, pão e vinho possamos demonstrar a nossa felicidade.

O viés politico seria o que mais usa de tais preceitos. A construção de um simples quebra-molas vira momento de consagração e amostra do dever cumprido. Uma criança sem esperança, subnutrida, forçada pelas danosas consequências que o momento lhe oferece, a beira de uma estrada, tapando buracos e pedindo dinheiro, logo se transforma numa comoção nacional. Miseráveis catadores de lixo num aterro sanitário viram até roteiro de cinema. E muitas outras situações, bem que podem enriquecer o tema. Na politica, o fato se torna alta e vergonhosamente hilário!

 

Não são as leis que dignificam a personalidade humana. O que pode e deve influir na construção de uma personalidade são os exemplos. A sociedade sem os exemplos da honestidade, da boa escolaridade, da responsabilidade, da ética e dos ditames da vida em sociedade, macula, mente, sufoca, manipula e distorce o real significado da vida. Ninguém é dono de ninguém, a não ser a sua própria vontade. O brasileiro é e, pode se transformar num inocente útil e, assim assumir a posição de marionete.

No país das contradições, numa abordagem intrínseca do descaso proposital e generalizado, facilmente podemos distinguir dois mundo reais e diferentes.

Duas categorias em dois ambientes distintos, que deveriam conjugar reciprocidade criam e admitem lacunas intransponíveis. As crianças e os jovens do meio rural e da periferia.

No meio rural existem tarefas ocupacionais. As crianças do rural buscam atividades, com uma naturalidade sem precedentes. Levam recados, atendem aos pedidos encomendas, executam pequenas tarefas e assim vão forjando a sua personalidade. Uns obedecem a aqueles que mesmo numa idade tenra, já demonstram uma grande capacidade de liderança.

E essas mesmas crianças na periferia?

Os jovens da agricultura diante de uma vida sem expectativas concretas enveredam por oportunidades mais duradouras. Sentem e desejam adquirir a estabilidade incluindo a financeira. Sabem que sem dinheiro tudo será bem mais difícil. O futebol e a vaquejada são eleitos como um passaporte para a fama. Outros abraçam a mecanização agrícola, pois como tratoristas terão sempre um ganho bem mais aquinhoado. É a busca natural por uma qualificação, de forma espontânea.

Comparativamente, o que se poderia abordar sobre esse mesmo indivíduo na periferia das pequenas, médias e grandes cidades brasileiras?

Dois mundos idênticos, com realidades tão diferentes.

Mas como seria esse mesmo comportamento em países como Israel, especialmente?

Simples de esclarecer.

Em Israel o calendário das férias escolares incluindo as Universidades coincide com o período das grandes colheitas.

O turismo faz com que crianças de sete anos de idade ou mais assumam a posição de garçons, atendendo nos hotéis.

Você se assusta ao receber das mãozinhas infantis uma tigela de caldo quente, na primeira refeição, num clima de menos 10 graus!

No país do sensacionalismo improdutivo se induz a ociosidade, deixa morrer o período das grandes tendências ocupacionais, alegando cinicamente que tais oportunidades promovem o trabalho escravo.

Que grande equívoco!

Assim cada vez mais nos tornamos reféns da nossa própria incompetência, do proselitismo cínico que tenta se impor.

Eis, portanto um caminho sem volta!

(*) Luiz Soares é Engenheiro Agrônomo, Professor aposentado da UFERSA e Agropecuarista no município de Baraúna, no Rio Grande do Norte.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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