Brasil está dividido
BRASIL FERIDO DE MORTE
O centro comercial de Mossoró virou uma zorra neste sábado (29), com militantes e simpatizantes de partidos e candidatos partindo para o confronto campal. Sobrou agressão de toda ordem; faltou o respeito. A intolerância – de lado a lado – chutou o bom senso para longe dali.
Absurdo, porém não surpreende. Já era esperado que a presente campanha eleitoral fosse conduzida sob o sentimento do ódio, dada a divisão em que o país saiu das eleições de 2014 e aumentou esse fosso com a crise política agravada pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Ninguém sugeriu a pacificação do país. Pelo contrário. A cultura do ódio e da intolerância foi incentivada. Por consequência, a violência verbal e física. Nesse campo de guerra, reconheça-se, não há mocinhos, não há inocentes. Há soldados de chumbo, de todos os lados, prontos para atacar o que os comandantes apontam como inimigos.
É o nós contra eles; o resto que se dane. Nesse ambiente metaestável, de conteúdo explosivo, todos, sem exceção, estão com o fósforo nas mãos, loucos para riscá-lo. O sangue no olho está exposto pelos contrários (inimigos, rotulados por eles); o desejo de matar presente na mais completa falta de controle. E não há, neste momento, nenhum líder nacional capaz de acalmar o campo verde e amarelo.
Na democracia, a luta política é travada por adversários, não gladiadores prontos para matar. Estabelece a cultura de convivência, respeitando a diversidade de pontos de vista e, principalmente, de quem pensa de um jeito X quem pensa de outro jeito. Comportar-se dentro das regras democráticas é o dever de cada um. É aí que o povo torna-se soberano, escolhendo pelo voto, de forma civilizada, quem ascende ao poder e por quanto tempo.
O que preocupa – e preocupa muito – é que todos os envolvidos na guerra, com a faca nos dentes, munidos de ódio e loucos para matar, recorrem à “democracia” para defender o direito de não respeitar o direito do outro. Logo, se consideram certos; e os errados estão do outro lado.
A cultura do ódio que esta campanha presidencial está estabelecendo em todas as cores recrudesce a intolerância à diferença, colocando em risco a ordem social e o enfraquecimento da luta por todas as liberdades.
Infelizmente, a campanha eleitoral dividiu o país. O nós contra eles prevalece e caminha para tornar o ambiente democrático ainda pior. E assim sairemos das urnas de outubro. Seja qual for o resultado, a guerra vai continuar. É o Brasil ferido de morte.
FRASE
"Nada é tão maravilhoso que a arte de ser livre, mas nada é mais difícil de aprender a usar do que a liberdade."
ALEXIS DE TOCQUEVILLE – Político, historiador e escritor francês.
LIBERDADE
30 de setembro de 1883. A Câmara Municipal de Mossoró, em sessão solene, decidia abolir a escravatura na cidade, cinco anos antes da Lei Áurea. Ninguém na cidade queria ter mais qualquer escravo. Mossoró passou, inclusive, a abrigar escravos fugitivos enquanto a Lei Áurea não era promulgada. Fortalece-se, aí, o sentimento libertário que marca a história do povo mossoroense.
LIBERDADE II
O Cortejo da Liberdade, que comemora hoje 135 anos da abolição em Mossoró, terá o tema "Nos Trilhos da História". O desfile percorrerá o Corredor Cultural – Avenida Rio Branco, às 19h, saindo da Praça de Esportes. O cortejo contará 24 alas e a participação de alunos das escolas públicas e particulares, além de escolas de outras cidades, como Macau e Quixeré (CE).
CAMPO GRANDE
O eleitor de Campo Grande, no Médio Oeste potiguar, tem uma decisão a mais para fazer nas urnas de 7 de outubro. Ele decidirá se o município continuará com o registro de Campo Grande ou se voltará a ter o nome antigo de Augusto Severo. O plebiscito vai dar fim à duplicidade nominal.
CAMPO GRANDE II
O empresário Antônio Gentil, filho ilustre de Campo Grande, levantou bandeira a favor de preservar o nome atual. "Augusto Severo merece todas as honras, mas defendo que o chão onde nasci mantenha a sua história e tradição", justifica.
RETA FINAL
A semana começa com uma enxurrada de pesquisa sobre a corrida presidencial. O Ibope divulgará três: amanha, quarta-feira e na boca de urna de domingo (7). O Datafolha registrou duas para terça e quinta-feira, e hoje tem a pesquisa CNT/MDA.
ENXURRADA
Cinco pesquisas estão registradas sobre a corrida eleitoral do RN: Consult, para divulgação hoje; Perfil, na terça-feira (2); Seta, na quinta-feira (4); Certus e Instituto Verita, na sexta-feira (5). Números para governador e senador da República.
É NOTÍCIA
1 - Sepultado neste sábado, 29, o corpo de dona Maria Maia, irmã da deputada Zenaide Maia (PHS) e do ex-deputado João Maia (PR). Ela tinha 69 anos. Os Maias estão de luto.
2 - Nesta data, em 1952, o sistema de energia de Mossoró ganhava novos motores adquiridos pela Companhia Melhoramentos de Mossoró (COMEMSA). Usou a palavra o prefeito Francisco Vicente de Miranda Mota. A bênção foi dada pelo monsenhor Mota.
3 - O conjunto Abolição I completa hoje 42 anos. Inaugurado pelo prefeito Dix-huit Rosado. Construído pela Cohab, abriu caminho para o surgimento dos residenciais na zona oeste de Mossoró.
4 - A Rádio Libertadora AM de Mossoró completa hoje 35 anos. Inaugurada por Tarcísio Maia, na Praça Bento Praxedes. Hoje, a emissora opera na faixa FM e pertence à Assembleia de Deus.
5 - Nesta data, em 2011, a então governadora Rosalba Ciarlini inaugurava o 12° Batalhão de Polícia Militar em Mossoró, para fortalecer a segurança no Grande Alto de São Manoel (zona leste).
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.