O QUE SERÁ DAQUI PRA FRENTE?
O resultado das eleições no Senado da República, com a vitória de um candidato de primeiro mandato e até então cortinado pelo baixo clero, oferece um fato simbólico importante: a derrota da velha política, representada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Ao escolher o inexpressivo Davi Alcolumbre (DEM-AP) para presidir a Casa, os senadores impuseram derrota à oligarquia política interna, que permanecia no comando do Senado desde a redemocratização.
Pode ser dito, sem erro, que a mudança segue a assepsia iniciada pelo eleitor nas eleições de 2018, derrotando nomes da política tradicional como Garibaldi Alves e Agripino Maia no Rio Grande do Norte, Edison Lobão no Maranhão, Eunício Oliveira no Ceará, Romero Jucá em Roraima, entre outros.
A pergunta agora é: o que será daqui para frente?
Primeiro deve ser observado o cenário construído na eleição de Alcolumbre. O ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi o comandante. Vitória dele. Por consequência, deve ser dito vitória do Planalto.
Porém, não é bem assim.
Se vai ser bom ou ruim para o governo, só o tempo próximo vai responder. Ademais, vale a máxima da política: as vitórias e as derrotas nunca são definitivas. E como toda vitória tem seu preço, resta aguardar o grupo derrotado se preparar para o confronto.
Renan deu o recado ao desistir da candidatura, deixando nas entrelinhas que sabe que o Palácio interferiu na eleição.
A senadora Kátia Abreu, aquela que bagunçou a sessão, também mandou recado forte ao afirmar: “Vocês estão passando um trator de boi em cima de nós”, referência a uma frase do senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente da República, que disse em tempo recente que era preciso passar como um trator de boi para derrotar os adversários.
Certamente, esses líderes vão querer se vingar desse tratoramento, como citou Kátia Abreu.
Outro ponto, que também tem uma importância muito grande na construção do cenário político, é a volta por cima do Democratas.
O DEM renasce fortemente, com as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Talvez, e provavelmente, é o melhor momento do partido desde o governo FHC, quando teve participação fundamental.
Vale lembrar que no governo Lula, o DEM sofreu muito, foi triturado, com Lula chegando a dizer que era preciso exterminar o Democratas, antigo PFL.
Por fim, a novidade de tudo isso que é o enfraquecimento do MDB, que pela primeira vez, depois de longo tempo, não está presidindo nenhuma das casas legislativas.
O que será da política brasileira a partir de agora, só o tempo e as circunstâncias poderão dizer.
FRASE
"Vocês estão passando um trator de boi em cima de nós."
KÁTIA ABREU – Senadora, mandando recado para o presidente Bolsonaro, após derrota do MDB no Senado da República.
DINHEIRO EM CAIXA
A noticia de que o Governo do Estado "fez caixa" em janeiro, mas não usou os recursos para pagar salários atrasados, terá reação do Solidariedade na Assembleia Legislativa. O deputado Alysson Bezerra afirma que o partido entrará com medida judicial para que o dinheiro existente possa ser usado para pagar salários. O deputado diz que o servidor não pode continuar massacrado.
DINHEIRO EM CAIXA II
O deputado Kelps Lima, presidente do Solidariedade, afirma que o governo tem mais de R$ 400 milhões em caixa, suficientes para pagar o restante do 13º salário de 2017 e de novembro de 2018. Na reunião com o Fórum de Servidores Estaduais, a equipe econômica do governo Fátima Bezerra confirmou que "fez caixa". O mês de fevereiro também dará um salto positivo ao cofre.
DUAS ESTREIAS
A governadora Fátima Bezerra (PT) faz hoje a primeira leitura de mensagem na Assembleia Legislativa. Também hoje experimentará o primeiro ato de protesto contra o seu governo e a primeira greve de servidores, com a marca do Sindsaúde.
NEM AÍ
A governadora Fátima Bezerra (PT) ignorou a convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e não compareceu ao lançamento do projeto anticrime. Nem mandou representante. Muito ruim para o RN que vive crise aguda na segurança pública.
LIDERANÇA
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do RN, Janeary Souto, cumpriu agenda em Mossoró. Ocupou espaços importantes na imprensa local, para falar da luta em defesa dos servidores. Janeary surge como forte liderança.
MALHA FINA
O Governo cobra R$ 130 milhões dos maiores devedores de impostos do Rio Grande do Norte. Cerca de mil contribuintes serão notificados inicialmente, segundo a Secretaria de Tributação. A operação envolverá 74 auditores fiscais.
É NOTÍCIA
1 - Há 17 anos, a BRA inaugurava voo comercial entre Mossoró e São Paulo. O Boeing 737-300 pousava no aeroporto Dix-sept Rosado com 148 passageiros. Durou pouco mais de um ano.
2 - O Movimento Arte e Violão abre período de matrícula para 2019. Novatos e veteranos têm até quinta-feira, 7, para confirmar o pedido, na escadaria do Teatro Dix-huit Rosado, local das aulas e ensaios do MAV. As aulas começarão no dia 12.
3 - Os analistas das instituições financeiras diminuíram a expectativa de inflação de 4% para 3,94% em 2019, abaixo da meta central do governo. Essa foi a terceira queda seguida do indicador.
4 - O Jean-Paul Prates, hein? Flagrado orientando a "queima" de prova de crimes nas eleições do Senado, o petista estreia no tapete azul de forma melancólica e decepcionante.
5 - O senador Styvenson Valentim já está com novo endereço partidário. Trocou a Rede pelo Podemos, partido que é presidido no Rio Grande do Norte pelo ex-deputado Antônio Jácome.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.