PAÍS TEM CEMITÉRIO DE OBRAS
A reportagem especial do Fantástico deste domingo, 30, mostrou o flagrante de desperdício do dinheiro público em obras paradas e/ou inacabadas em todo o País. O fracasso de obras inacabadas mostra a face mais cruel da corrupção, porque revela como o dinheiro dos brasileiros foi roubado por políticos e empresas corruptas, causando um impacto social incalculável.
Um diagnóstico do Tribunal de Contas da União (TCU), concluído em maio deste ano, revela que das 38 mil obras realizadas com recursos federais no País, quase 14 mil estão paradas ou inacabadas. Significa que uma em cada três obras no Brasil está paralisada.
As obras foram interrompidas por crimes de corrupção, em grande parte. É o caso do estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragogipe, no Recôncavo baiano. O que seria um dos três maiores estaleiros do país, tornou-se maior símbolo de desperdício de dinheiro público e de corrupção.
A obra surgiu com a euforia do pré-sal em 2009 e foi paralisada em novembro de 2015 com a descoberta da operação Lava Jato de um esquema de corrupção no consórcio de empreiteiras liberadas pela Odebrecht. Bilhões de reais desceram pelo ralo e o estaleiro não conseguiu entregar um só navio.
A imagem mais emblemática de desperdício de dinheiro dos brasileiros é a do guindaste “Golias”, capaz de içar até 1.800 toneladas, com 150 metros de altura (equivalente a um prédio de 50 andares) e que custou R$ 3 bilhões. Hoje, o gigante serve apenas para fazer sobra no caminho de centenas de moradores de Maragogipe que ainda esperam pela prosperidade.
Outra obra gigantesca, que virou símbolo da corrupção e do desperdício do dinheiro público, é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, que causou um prejuízo de R$ 50 bilhões, segundo a Petrobras. Na enorme área localizada em Itaboraí, região metropolitana do Rio, funcionaria duas refinarias de petróleo, mas a obra se transformou em esqueleto.
Para se ter ideia da gulodice dos políticos e de empresas, que se beneficiaram, via corrupção, dos bilhões do Comperj, só numa estrada de 18 quilômetros, para trânsito de equipamentos ultrapesados, foram derramados R$ 472 milhões, ou R$ 26 milhões por cada quilômetro. Mais revoltante ainda é que a estrada nunca funcionou, e hoje serve de território de guerra entre traficantes e milicianos.
Pois bem.
A reportagem assinada pelo jornalista Carlos de Lannoy, com arquivo e acervo de Fábio Lúcio, escancara as portas de uma realidade que – ainda – parte dos brasileiros não quer enxergar. Ou que a paixão política, alimentada pela disputa do nós contra eles, insiste em vedar os olhos da uma massa manobrada.
O Brasil precisa virar essa página. O povo brasileiro não pode mais servir de escudo para políticos corruptos, embalado pela cavilosa cantiga do “rouba, mas faz”. Chega. O País tem que defender o faz, sem roubar, porque só assim é possível aproveitar cada centavo de real para garantir mais saúde, mais educação, mais emprego, mais qualidade de vida.
FRASE
"A princípio, não. Por enquanto, não, mas tem janelas colocadas no calendário."
DIAS TOFFOLI – Presidente do STF, sobre prisão em segunda instância ser analisada pelo Supremo em 2019.
MENOS EMPREGO
A Alpargatas está indo embora do RN, devendo encerrar as atividades do Meggashop, em Natal, a partir de sexta-feira, 6. A Alpargatas apostou no Estado há duas décadas, responsável, na época, por um dos investimentos da iniciativa privada. Nos últimos anos, a crise reduziu a produção, mais de 3 mil funcionários foram demitidos, e agora as portas serão fechadas de vez.
CAOS
O Hospital Tarcísio Maia viveu um final de semana agonizante, com leitos superlotados, pacientes nos corredores e o atendimento comprometido, mesmo com esforço da equipe médica e de técnicos. As reclamações foram intensas. Pior é que não há perspectiva de melhora. Pelo contrário. A crise foi se agravar com a greve dos servidores que cobram três folhas de salários atrasados.
ASSUNTO ENCERRADO
Venda da receita de royalties de petróleo e gás para pagar salários de servidores públicos é tema proibido na Governadoria. O núcleo duro do governo entende que já rendeu o que tinha de render. Foram seis meses acalentando a esperança dos servidores. Não ilude mais.
DIA D
O relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), decide hoje sobre a reinclusão de estados e municípios na reforma. No fim de semana, ele avisou: estados e municípios voltam se os governadores anunciarem apoio à reforma. Do contrário, os estados terão que fazer a sua própria reforma.
MISSÃO CUMPRIDA
A prefeita Rosalba Ciarlini (PP) abriu o sorriso ao final do Mossoró Cidade Junina 2019. Na certeza de ter organizado a melhor de todas as 23 edições do MCJ. Foi sucesso de público e de crítica. Que seja assim sempre.
INTERDIOCESANOS
Delegações dos colégios de vários estados começam a chegar em Mossoró para os Jogos Interdiocesanos do Nordeste, que pelo quarto ano seguido tem o Diocesano Santa Luzia como anfitrião. Os jogos serão iniciados nesta quarta-feira, 3, com mais de uma centena de atletas.
É NOTÍCIA
1 - O papa Francisco anunciou a data da canonização da Irmã Dulce para o dia 13 de outubro, um domingo. O Anjo Bom da Bahia será a primeira santa católica nascida no Brasil.
2 - O salário mínimo entrava em vigor nesta data, em 1940, com valor de 240 mil reais. O decreto-lei 2.162, que criou o piso salarial, foi assinado por Getúlio Vargas dois meses antes, no dia 1º de maio, beneficiando 60% dos trabalhadores brasileiros.
3 - O Cajaranas Bar recebe a Quinta do Repente nesta semana, com os poetas Antônio Lisboa, Raimundo Caetano, Zé Albino e Kléber Morais. Às 20h. O projeto é da Fundação José Augusto.
4 - O número de homicídios no bairro 13 de Maio no primeiro semestre de 2019 é 600% maior em relação ao mesmo período do ano passado. E Mossoró já registra 93 assassinatos no ano.
5 - Prepare o bolso que a conta de energia será mais cara em julho. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou a bandeira amarela para o mês que está começando.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.