Fátima Bezerra e Robinson Faria foram parceiros político-administrativos no passado recente
FÁTIMA REPETE ROBINSON
Na esquina da sede do JORNAL DE FATO, cruzamento da Avenida Rio Branco com a Rua Lopes Trovão, discussão sobre a crise financeira que castiga o Rio Grande do Norte, quando um debatedor (amigo nosso) saiu em defesa da governadora Fátima Bezerra (PT): “Ela não paga os salários atrasados porque não tem dinheiro; não tem culpa pela crise que se instalou no Estado.” O contendor reagiu: “O ex-governador Robinson também não pagou salário em dia porque não tinha dinheiro.”
Elementar. O governo, seja o passado e/ou o presente, não atrasa salário por opção, mas por falta de dinheiro em caixa mesmo. Foi assim com Robinson; está sendo assim com Fátima.
O debate, porém, deve se concentrar na raiz do problema. Por que o Governo do Estado não tinha – e não tem - recursos para atualizar o pagamento da folha salarial de seus servidores? Os atrasos foram iniciados em janeiro de 2016 e se intensificaram meses e anos seguintes, até chegar a situação em que se encontra.
Aí, entra a questão da capacidade/competência administrativa, se sobrepondo ao mero querer do governante. Pagar salário em dia é o básico do básico de uma gestão, e todo gestor público deseja cumprir. No entanto, para cumprir a missão é preciso, primordialmente, saber conduzir as contas públicas. Eis o problema do Rio Grande do Norte.
O ex-governador Robinson foi relapso com a saúde fiscal e financeira do Estado, que ele recebeu equilibrada. Se pensa o contrário, basta lembrar que o RN havia acabado de realizar a maior operação financeira com o Banco Mundial da história, no valor de 560 milhões de dólares, por meio do projeto “RN Sustentável”. Ou seja, se teve crédito é porque as contas públicas estavam equilibradas. Ponto.
E o que Robinson fez para manter o equilíbrio fiscal? Nada, absolutamente nada. Por consequência, o RN teve as despesas aumentadas, principalmente gastos com pessoal, sem a capacidade de aumentar as receitas. O cenário exigia medidas duras, amargas, impopulares; o ex-governador não teve coragem.
Agora, a cena se repete. Fátima Bezerra assumiu o Estado com a missão de resolver, ou amenizar o desequilíbrio fiscal, que por gravidade é o causador de todos os outros problemas. Eleita com mais de 1 milhão de votos, logo com popularidade em alta, ela deveria aproveitar a “lua de mel” de início de governo para adotar as medidas que o seu antecessor deixou de fazê-las. Porém, até aqui, a governadora nada fez. Repete os erros cometidos por Robinson e espera um “milagre" cair de Brasília, do governo do adversário presidente Bolsonaro (PSL).
Lógico que isso não vai ocorrer. A governadora Fátima precisa cair na real, fazer o que tem que ser feito, ter coragem de amargar a impopularidade, mas com a consciência de que está cumprindo o seu papel de gestora.
Se assim não o fizer, a cobrança baterá daqui a pouco à sua porta. Aliás, já está batendo, com início de movimentos de protesto de diversas categorias de servidores públicos.
Ainda há tempo.
FRASE
"Eu garanto que os salários não serão atrasados no nosso governo."
FÁTIMA BEZERRA – Governadora do RN, sem levar em conta que os servidores ainda não receberam novembro, dezembro e 13º salário de 2018.
TÍTULOS DA UERN
A governadora Fátima Bezerra (PT) receberá da Uern o título de Doutor Honoris Causa e o padre Charles Lamartine será agraciado com o de Professor Honoris Causa. O Consuni também aprovou título Professor Emérito para João de Deus Lima, e o Diploma de Mérito Administrativo para Eve Maria de Souza. Os títulos serão entregues na 51ª Assembleia Universitária, em setembro.
LIBERDADE
Acerta a prefeita Rosalba Ciarlini em resgatar o Auto da Liberdade, espetáculo que conta quatro momentos históricos de Mossoró: abolição da escravatura, motim das mulheres, primeiro voto feminino e resistência ao bando de Lampião. O espetáculo, que terá direção de Marcelo Flecha, voltará a fazer parte do “Mossoró Terra da Liberdade", em setembro.
COMO ASSIM?
Material publicitário do Governo do Estado do RN diz que está investindo R$ 80 milhões em um plano de segurança pública com os recursos do Governo Federal. Ou seja, a governadora Fátima Bezerra (PT) faz propaganda com recursos do governo do presidente desafeto Jair Bolsonaro (PSL).
PLANO
O convênio firmado entre as Secretarias de Segurança Estadual (SESED) e Nacional (SENASP) distribuirá os R$ 80 milhões a vários setores do sistema de segurança pública. A Polícia Militar, por exemplo, receberá R$ 29,977 milhões; a Polícia Civil ficará com R$ 12,209 milhões. Investimento em estruturas, viaturas e armamentos.
CRISE
Alunos do curso de Medicina da UnP estão cobrando da instituição o compromisso com a grade curricular, esvaziamento dos locais de prática médica, fim das ligas acadêmicas e a demissão de professores de excelência. O grupo contratou uma banca de advocacia em Natal para acionar a UnP na Justiça.
VAPT VUPT
A parada da Polícia Civil durou meio dia. A chamada da governadora Fátima Bezerra (PT), com promessas renovadas, devolveu os agentes ao trabalho nesta quarta-feira.
É NOTÍCIA
1 - No seu primeiro discurso como primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson mandou o aviso: dia 31 de outubro sairá da União Europeia. O Brexit foi uma decisão do povo inglês.
2 - Os 25 anos de ordenação sacerdotal do padre Flávio Augusto Forte de Melo serão celebrados hoje em Severiano Melo, a sua terra natal. A missa em ação de graça está marcada para as 19h, na Igreja de Nossa Senhora das Graças, padroeira da cidade.
3 - Roberto Cohen, um dos maiores nomes em eventos de casamento da América Latina, estará na exposição “Bem Casar", que será aberta hoje no Partage Mossoró. Ele fará palestra amanhã, às 19h.
4 - Os suspeitos de invadir o celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro, presos na terça-feira, 23, fizeram 5,6 ligações para raquear autoridades. Também movimentaram mais de meio milhão de reais em dois meses. De onde veio tanto dinheiro? A PF vai descobrir.
5 - O governo Bolsonaro vai liberar R$ 42 bilhões de FGTS e PIS até o fim de 2020. O limite máximo de saques será de R$ 500,00 por conta. O trabalhador terá a liberdade de usar esse recurso ou não. A medida dará uma “injeção de ânimo" na economia.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.