Quinta-Feira, 13 de fevereiro de 2025

Postado às 11h30 | 25 Ago 2019 | Coluna César Santos - 25 de agosto

Crédito da foto: Reprodução Sede da Aduern, em Mossoró

COM CHEIRO DE NAFTALINA

As eleições que definiram as novas diretorias da Associação dos Docentes e do Sindicato dos Técnicos-Administrativos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), realizadas nesta semana passada, apresentaram um contraste que merece, no mínimo, uma observação atenta: o pleito da Aduern (docentes) foi esvaziado, enquanto a disputa no Sintauern (técnicos) foi intensa e com grande participação da categoria.

Na Aduern, a professora Patrícia Barra, da Faculdade de Medicina, foi eleita presidente em chapa única. Dos 1.033 associados, apenas 417 compareceram para votar, com 407 votos para a chapa e 10 nulos. A abstenção foi de 60%. Ou seja, a maioria ignorou o processo.

No Sintauern, o atual presidente, Elineudo de Freitas Melo, foi reeleito com placar apertado. Recebeu 343 votos contra 241 votos da chapa adversária, mais alinhada à Aduern. A eleição teve participação da categoria bem significativa, com baixa abstenção.

Pois bem.

A leitura mais simples, ou crua, é que a Aduern, por não ter sido disputada, já que foi chapa de consenso, não despertou o interesse dos associados, enquanto que na Sintauern, que viveu disputa acirrada, a categoria se envolveu de forma mais intensa. No entanto, há outra linha de raciocínio que se aproxima da realidade de forma mais fiel.

A ausência da maioria dos professores no processo da Aduern revela que a categoria está se afastando da entidade ou perdendo o interesse. Dois pontos justificam a tese:

1 – A polarização alimentada desde a eleição da presidente Rivânia Moura, em 2017, afastou o sentido de luta dentro do próprio sindicato. Rivânia foi eleita em disputa que teve a participação maciça dos docentes, com presença de quase 80% dos associados, mas, depois daí, a sua gestão não se permitiu à abertura de novas expressões, limitando-se a um “clube fechado”. A polarização foi maior do que o normal.

2 – A Aduern perdeu referência de luta em defesa dos interesses da categoria com a chegada do PT ao Governo do Estado. Expôs-se, de forma bem clara, quando ex-presidentes e membros da entidade foram nomeados para cargos de primeiro e segundo escalões na equipe da governadora Fátima Bezerra. Aqueles docentes que são filiados, mas que não têm uma vida política mais ativa e/ou próxima de estruturas partidárias, perderam a fé na Aduern, por entender que o sindicato não pode ser governista, mas, sim, a trincheira de luta em defesa dos trabalhadores. Inclusive, há um esvaziamento nas atividades da Aduern, com menos participantes em assembleias e outros atos.

Resgatar a Aduern será, certamente, a maior missão da gestão da nova presidente. De pronto, a professora Patrícia e sua diretoria podem tirar – do baú sindical – a bandeira de luta pela atualização dos salários dos professores da Uern, que estão atrasados desde novembro de 2018.

E tirar a naftalina.

 

FRASE

"O Governo do Estado está tratando a Uern a pão e água. Infelizmente."

FRANCISCO CARLOS – Vereador, professor e presidente da Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Uern.

 

PÃO E ÁGUA

 De janeiro até aqui, o governo Fátima Bezerra (PT) executou do orçamento da Uern R$ 134.837.351,07. No mesmo período, em 2018, a gestão do ex-governador Robinson Faria (PSD) havia liquidado R$ 157.488.881,22. Resultado da conta: Fátima reduziu os repasses obrigatórios da Uern em R$ 22.451.530,15. De quebra, cortou mais R$ 300 mil/mês do custeio da instituição.

 

PÃO E ÁGUA II

 A Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Uern foi a primeira a reagir. Seu presidente, vereador professor Francisco Carlos (PP), cobrou do Governo os recursos que são da Uern. Falta a Aduern, Sintauern e outras entidades se pronunciar. Os dois deputados estaduais de Mossoró, Isolda Dantas (PT) e Alyson Bezerra (Solidariedade), têm de sair de trás da cortina.

 

DIREITA

 Os movimentos de direita ocupam o asfalto neste domingo (25), em apoio à operação Lava Jato, contra os desmandos e manobras dentro do Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo impeachment dos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes. No RN, a mobilização acontecerá em Natal, Avenida Salgado Filho, a partir das 15h.

 

FATIADO

 O Governo do Estado decidiu fatiar a venda da conta-salário ao Banco do Brasil. Primeiro, por uma bagatela de R$ 74 milhões, está repassando a conta da administração indireta. Depois, negociará a conta da administração direta, descontando o que deve ao BB, algo em torno de R$ 12 milhões.

 

SEGUE

 O que chama a atenção é que o negócio entre o Governo do Estado e o Banco do Brasil está sendo feito pela concorrência, ou um mínimo de transparência. Daqui a pouco, porém, o Governo será chamado a explicar.

 

LISOS

 Prefeitos de vários municípios potiguares não vão repassar o duodécimo das Câmaras neste mês. Não há dinheiro nem para pagar a folha de pessoal. A queda no repasse do FPM agravou a crise nos Municípios.

 

 É NOTÍCIA

1 - Há 19 anos, nesta data, era fundado e inaugurado o Museu do Folclore Raimundo Soares de Brito, na Escola Municipal Professor Antônio Fagundes. Iniciativa de professores, alunos e funcionários.

2 - A Polícia Rodoviária Estadual apreendeu neste ano mais de 11 motos autuadas no RN. Centenas foram apreendidas sem emplacamento ou pagamento de taxas obrigatórias. A atuação do CPRE provocou desgaste político e o recuo parece iminente.

3 - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) bloqueou a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) de suas redes sociais. A tesourada fará bem aos domingos, que não se suportam. Ufa!

4 - Um corpo tombou, a tiros, na noite de sexta-feira (23) em pleno centro de Mossoró. Ali, registrou-se o 121° assassinato do ano, e a cidade segue manchada de sangue e totalmente insegura.

5 - Neste domingo, 2,9 milhões de pessoas fazem o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA). 67% a mais de inscritos em relação à edição de 2018.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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