Política do soldadinho de chumbo
POLÍTICA DO SOLDADINHO DO CHUMBO
A deputada estadual Isolda Dantas (PT) se superou no plenário da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, 17, ao tentar transferir para o município de Mossoró a responsabilidade pela superlotação do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), sugerindo que as Unidades de Saúde (UBSs) e as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Mossoró não oferecem assistência, apontando a falta de insumos e medicamentos.
A parlamentar apontou o dedo para o Município para defender a gestão estadual da denúncia, feita pelo deputado Alyson Bezerra (Solidariedade), de que um cidadão, com o fêmur quebrado, aguardava atendimento sem sequer ter o nome inserido na regulação, para ter direito a uma cirurgia.
Isolda, que até 31 de dezembro de 2018 gritava em defesa do Hospital Tarcísio Maia, acusando o governo passado de incompetente e sem responsabilidade com a saúde pública, mudou o discurso radicalmente. Para ela, o Governo do Estado deixou de ser o culpado, e a responsabilidade é do Município que, na sua opinião, não cuida das UBSs e UPAs.
E o que mudou? Simples: Isolda faz parte do governo estadual, dando sustentação política na Assembleia Legislativa, e sendo recompensada com a indicação de amigos e correligionários para cargos comissionados.
Essa parceria, porém, não dá o direito de a parlamentar se dirigir à população como se as pessoas fossem idiotas. Transferir o caos no Hospital Tarcísio Maia para o Município é a mesma coisa de não ter qualquer responsabilidade com o próprio Tarcísio Maia. Pior: é lavar as mãos com o maior pronto-socorro do interior do RN.
O que Isolda deveria dizer à população, e não diz por uma questão meramente politiqueira, é que se não fosse as quase 50 Unidades Básicas de Saúde e as três Unidades de Pronto-Atendimento do Município, o caos no Tarcísio Maia seria ainda mais grave. São as unidades administradas pelo Município que “seguram” o paciente no primeiro atendimento.
O que Isolda deveria dizer à população, e não diz por questão meramente politiqueira, é que a saúde pública estadual continua sofrendo, como sofreu na gestão do ex-governador Robinson, porque o governo Fátima Bezerra não está sequer respeitando o gasto mínimo em saúde de 12% da arrecadação, conforme determina a Constituição Federal.
O que Isolda deveria dizer à população, e não diz por questão meramente politiqueira, é que pela ausência de uma tomógrafo e um neurocirurgião no Hospital Regional Dr. Cleodon Carlos de Andrade, de Pau dos Ferros, no Alto Oeste potiguar, pacientes de quase 40 municípios são transferidos para o Hospital Tarcísio Maia de Mossoró, conforme denúncia feita pelo deputado Dr. Bernardo Amorim (Avante) no mesmo plenário da Assembleia Legislativa.
A subserviência de Isolda Dantas não ajuda em nada. Pelo contrário; torna-a apenas “soldadinho de chumbo” a serviço do Governo. A parlamentar seria mais útil se, ao invés de tentar mascarar um cenário, que é grave, solicitasse da companheira governadora medidas urgentes para recuperar o atendimento no Tarcísio Maia.
Mas, aí, seria demais esperar algo parecido da deputada.
É ter paciência, e fé.
FRASE
"O presidente Bolsonaro disse que não vai ter, então, não vai ter."
ONIX LORENZONI – Ministro-chefe da Casa Civil, afirmando que está descartada a volta da CPMF.
GOVERNO AQUI
A governadora Fátima Bezerra (PT) encaminhou mensagem à Assembleia Legislativa pedindo autorização para transferir a sede do governo do Estado para Mossoró nos dias 26 a 30, período da Festa da Liberdade. O gabinete da governadora ficará na Reitoria da Uern, no centro da cidade. As secretarias da Segurança, Saúde e Educação funcionarão os quatro dias na cidade.
FARRA DA TAXA
Avançou na Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado o relatório favorável a uma proposta que proíbe a cobrança de taxa de religação de serviços públicos, como abastecimento de água e energia elétrica. O parecer é favorável e a proposta será votada na terça-feira, 24. O Senado vai acabar com a farra da “taxa extra".
QUE BOM
O Supremo Tribunal Federal homologou acordo que transfere - de imediato - R$ 1 bilhão para a Amazônia e R$ 1,6 bilhão para a Educação. Dinheiro recuperado pela Lava Jato. Logo, um sopro na cara da turma contrária à operação que mandou para a cadeia seus políticos de estimação. É aquela velha história, um dia esse País cumprirá o seu ideal.
TAMPÃO
Os eleitores de Ceará-Mirim vão eleger um prefeito “tampão" no dia 1º de dezembro, em eleições suplementares. O TRE-RN marcou o pleito nesta terça-feira, 17. O eleito substituirá o cassado Marconi Barreto e ficará no cargo por 12 meses. A cidade está com Ronaldo Venâncio (PV), presidente da Câmara, prefeito interino.
"MORREU"
O ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi escalado pelo presidente Jair Bolsonaro para afirmar que está “100%" descartada a volta da CPMF. “Se o presidente disse que não vai ter, não vai ter", afirmou.
PRESSÃO
Saiu da pauta do Senado o projeto de lei 5.029/2019, que altera as regras eleitorais para 2020. A pressão popular fez a Casa recuar. O projeto facilita a “caixa preta" nas eleições e seus crimes.
É NOTÍCIA
1 - O comando de greve do Detran-RN sobe a rampa da Governadoria no início da tarde de hoje. Espera ouvir da governadora Fátima Bezerra (PT) uma promessa convincente. Audiência às 15h.
2 - Chega convite para o espetáculo de lançamento da campanha de matrículas do Colégio Diocesano para 2020, com a máxima: ser Diocesano é ir além. O lançamento acontecerá nesta sexta-feira, 20, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado, às 19h30. Vamos lá.
3 - Petroleiras atacadas por rebeldes iemenitas houthis retomaram parte da produção; e a Arábia Saudita afirma que a produção de petróleo será normalizada logo. O consumidor diz ufa!.
4 - O presidente da Caern, Roberto Sérgio, confirma abertura de capital da empresa para a iniciativa privada. Nega, porém, que seja o início de processo de privatização da companhia de água e esgotos do Rio Grande do Norte. Privatização é assunto proibido.
5 - O ministro Gilmar Mendes afirma que até novembro o STF julga o pedido de Lula para anular os atos do ex-juiz Sérgio Moro. O argumento é que Moro aceitou o convite para ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Com isso, Lula espera sair da cadeia.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.