Quarta-Feira, 12 de fevereiro de 2025

Postado às 09h15 | 30 Out 2019 | Coluna César Santos - 30 de outubro de 2019

Crédito da foto: Arquivo/defato.com Servidores na rampa da Governadoria em uma das poucas manifestações de protesto

SERVIDOR COM A CORDA NO PESCOÇO

Saiu de pauta a proposta do deputado Tomba Faria (PSDB) que amplia o reajuste salarial de 16,38% para todas as categorias de servidores públicos do Estado. Seria apreciado nesta terça-feira, 29, na Secretaria de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. Engavetaram, sob a justificativa da necessidade de maior tempo para análise de outra matéria, o decreto legislativo que suspende o Proadi do governo Fátima Bezerra (PT).

O fato é que a proposta de Tomba Faria é uma “bomba” que a bancada governista precisa desarmar na Casa Legislativa, mas os parlamentares não querem a rejeição dos servidores públicos. Como se sabe, a governadora Fátima propõe os 16,38% apenas para os procuradores do Estado, considerados a “elite” do serviço público estadual, que já tem salários superiores a R$ 30 mil, e não aceita ampliar o benefício para as demais categorias, como sugere a iniciativa do deputado Tomba.

A ordem da governadora é derrubar a proposta de Tomba. A sua bancada cumprirá a ordem, ou seja votará contra os servidores, porém, trabalha para a discussão não chegar ao plenário. O ideal, para eles, é que a proposta seja eliminada nas comissões, como sugeriu o deputado governista Raimundo Fernandes, para evitar o desgaste de uma votação em plenário.

Deputados como Isolda Dantas e Francisco do PT, que fazem carreira política sustentada por movimentos de trabalhadores e que sempre se apresentaram como defensores do servidor público, são os que mais trabalham nos bastidores da Assembleia Legislativa para impedir que o reajuste salarial seja concedido a todas as categorias. Eles, inclusive, acusam a oposição de tentar construir uma “pauta bomba” – se referindo ao reajuste de 16,38% - para atingir o governo Fátima Bezerra.

O que chama a atenção é que parte dos sindicatos de servidores públicos se escondeu do debate para não se indispor com a governadora. O Sinte-RN, que representa os profissionais da Educação, mantém o silêncio e sequer cogita mobilizar a categoria para defender o reajuste salarial para todos. Trata-se do maior sindicato do RN, que decidiu abandonar a luta para escalar a rampa da Governadoria junto com Fátima Bezerra. O Sinte-RN emplacou os comandos das 16 Direcs, o controle da Secretaria de Educação e empregou muita gente em cargos comissionados.

O único grito em defesa dos servidores, até aqui, é dado pelo Sindicato dos Trabalhadores na Administração Direta do Estado (SINSP-RN). A entidade, presidida pela sindicalista Janeayre Souto, vem ocupando as galerias da Assembleia Legislativa para pressionar os deputados a estender o reajuste a todos os servidores.

O Sinsp-RN também tem feito duras críticas à governadora Fátima, a quem acusa de ter abandonado os seus antigos companheiros de luta. No Dia do Servidor, o Sinsp publicou vídeo nas redes sociais criticando o governo e exigindo o cumprimento da palavra empenhada com o servidor.

Fátima não deu cartaz.

 

FRASE

"Me desculpo publicamente ao STF. Foi uma injustiça, sim."

JAIR BOLSONARO – Presidente, em vídeo, pedindo desculpa por ter comparado o STF a uma hiena.

 

MEDIADOR

 O presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), garantiu aos empresários que vai encontrar a solução para o Proedi. Ou seja, assumirá o papel de mediador entre o Governo do Estado e as prefeituras. O Proedi oferece incentivos à indústria, mas o governo repassou a conta para os municípios. O prejuízo por ano para as Prefeituras é de mais de R$ 87 milhões.

 

NAVALHA

 A Comissão de Finanças e Fiscalização da Câmara Municipal de Mossoró rejeitou 369 emendas ao projeto de orçamento do município 2020. Isso representa 97% das 381 emendas apresentadas pelos vereadores. Os governistas Manoel Bezerra (PRTB) e Zé Peixeiro (PTC) votaram pela derrubada; o oposicionista Genilson Alves (PTN) foi voto vencido.

 

GOVERNISTA

 O deputado Alyson Bezerra (Solidariedade) levou para a Assembleia Legislativa a suspensão do atendimento pelo SUS no Hospital Wilson Rosado. Culpou a Prefeitura pelo problema, por atraso de 19 meses de repasses, e nada disse sobre os 16 meses que o Governo do Estado deve ao hospital. Prevaleceu a condição de governista.

 

GOVERNISTA II

 A deputada Isolda Dantas (PT) fez o mesmo. Escondeu a dívida do Estado e denunciou a do Município. Quanto ao caso no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), nada falou, nem poderia. Cumpriu a condição de governista.

 

ENQUANTO ISSO...

 Nenhuma medida foi tomada até aqui, pelo Município ou pelo Estado, para solucionar a dívida com o Hospital Wilson Rosado. A suspensão no atendimento atinge 300 pacientes por mês, de Mossoró e 64 municípios da região em diversas áreas.

 

EM "CAIXA"

 A equipe econômica do governo Fátima Bezerra (PT) deixa vazar que já tem em “caixa" os recursos do 13º salário de 2019 e que será pago até o dia 20 de dezembro, como determina a lei. Também tem garantido os salários de novembro e dezembro. As três folhas atrasadas ficarão para 2020.

 

 É NOTÍCIA

1 - De hoje até domingo, 3, o Partage Shopping sedia a 15ª Feira do Livro de Mossoró, organizada por Rilder Medeiros. Neste ano, o evento homenageia os 70 anos do poeta Antônio Francisco.

2 - O Brasil tem mais de 1 milhão de armas registradas, em sequência de decretos que autorizam a posse. Pergunta-se: são armas compradas com incentivo dos decretos ou estão apenas sendo legalizadas agora? O fato é que o país está armado, de toda ordem.

3 - O Fundo Soberano da Arábia Saudita anuncia investimento de 10 bilhões de dólares no Brasil. É o resultado prático da visita do presidente Bolsonaro ao príncipe Mohammed bin Salman.

4 - Depois do ministro Celso de Mello considerar “atrevimento sem limite" o ataque do presidente Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), veio o pedido de desculpas. Bolsonaro gravou um vídeo afirmando que foi um “erro". O estrago já está feito.

.5 - Mossoró registrou quatro assassinatos em menos de 24 horas. Os crimes em regiões diferentes da cidade. Chamou a atenção o duplo homicídio dentro da antiga Escola Estadual Margarida Maria, no conjunto Abolição III. A violência está sem limite.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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