A professora Rivania Moura, dos quadros da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), publicou texto sobre a proposta de reajuste salarial de 16,38% para os procuradores do estado, e zero reajuste para as demais categorias de servidores públicos.
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"Estou de acordo com o pensamento de que os deputados que hoje defendem o reajuste para todos os servidores não estavam ao lado dos servidores até janeiro de 2019. O próprio Nelter Queiroz me agrediu verbalmente na assembleia legislativa quando defendia a UERN e ele se posicionava abertamente contra a instituição e falava inclusive em privilégios. É notório que o interesse agora é de oposição ao governo e que muitas das nossas reivindicações hoje jogam água no moinho das oligarquias do RN que sempre governaram contra os trabalhadores. Quanto a isso não nos cabe ingenuidade.
Porém, nesse contexto contraditório também não nos cabe o silêncio frente ao pagamento dos salários atrasados e da reposição salarial. O argumento da situação de calamidade financeira deve servir também para o governo justificar qualquer reajuste e não apenas para alguns. Digo, o aumento de 16,38% para os procuradores poderia não ter sido encaminhado pelo governo assegurado pela inviabilidade financeira do estado. O governo Poderia ter firmado uma posição mais coerente com o que tem sido divulgado e defendido desde o início dessa gestão. Ou a situação de calamidade é apenas para alguns?
O que não é correto é um aumento significativo para quem já recebe o teto de salário, enquanto os demais servidores estão de sete a nove anos sem qualquer tipo de reposição sequer da inflação. Isso nos impõe uma situação ainda mais difícil: procuradores recebem aumento justificando que vem do âmbito federal e que precisa ser aplicado, o que não é linearmente assim; policiais negociam aumento e concurso ( uma demanda justa e legítima) de forma isolada para pressionar o governo.
Os demais servidores reúnem-se mensalmente com o governo do estado, negociam e agem de forma coletiva e não têm resposta, nem previsão, nem perspectiva parar os problemas mais urgentes como no caso dos salários atrasados. Qual será a nossa voz? Qual será o nosso?
Não podemos pagar sozinhos essa conta. Pra manter o mínimo de coerência com o argumento da Calamidade Financeira é preciso derrubar privilégios.
Rivania Moura."
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.