Segunda-Feira, 21 de abril de 2025

Postado às 10h00 | 22 Jan 2020 | Reconhecimento ao padre Sátiro

Crédito da foto: Cedida Professora Iêda Chaves com padre Sátiro Cavalcanti Dantas

(*) Iêda Chaves Freitas

Foi no ano de 1985 que tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Padre Sátiro Cavalcante Dantas. Na época, ele assumia, pro tempore, a reitoria da Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN). Eu, uma jovem professora do Departamento de Economia, e ele, com o desejo de que a Universidade, de fato, cumprisse o tripé ensino, pesquisa e extensão, decidiu investir no Departamento de Projetos da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Tomou conhecimento de que eu lecionava a disciplina Elaboração e Análise de Projetos e me convidou para uma entrevista.

Quando recebi o comunicado, fiquei surpresa, mas fui ao seu encontro no Gabinete e ele, com a sua objetividade, cumprimentou-me, expôs seus planos e perguntou: “Você tem experiência nesta área?” Respondi-lhe dizendo assim: “Sou uma professora apenas, mas se o senhor me der a oportunidade, gostaria de tentar pôr em prática essas ideias”. Então ele me disse, sem rodeios ou mais perguntas: “Você tem quinze dias para me mostrar que essas propostas valem a pena, pois quero essa Universidade mais próxima das pessoas, contribuindo com projetos que melhorem a vida daqueles que não têm acesso a esta Instituição”. Passei no teste dos quinze dias, as experiências foram tímidas, mas operacionalizamos o que foi possível.

Poucos meses depois, volto a ser chamada pelo Reitor Pe. Sátiro, claro que fiquei apreensiva. “O que seria desta vez?”, perguntei-me. Tão logo entrei e o cumprimentei, ele já me determinou uma nova missão. Isso mesmo! Ele, com seu olhar altivo, disse-me: “Branquinha (era assim que carinhosamente me chamava), vamos receber uma comissão do Ministério da Educação (MEC) que vem para orientar o processo de reconhecimento desta Universidade”. Vale lembrar que a FURRN, mesmo que usasse a denominação de Universidade, não havia sido reconhecida pelo Conselho Federal de Educação (CFE), atualmente Conselho Nacional de Educação (CNE).

Já no dia seguinte estava eu participando de uma reunião comandada por ele, mais três professores do CFE e outros membros de sua equipe de gestão. Nessa reunião foram apresentados e discutidos os novos rumos que a Instituição deveria tomar, iniciando pelo reconhecimento de oito cursos, em funcionamento, mas sem o devido registro formal. A fase posterior seria o processo de reconhecimento da Universidade. Em todos esses processos, eu fui a secretária posto que, na época, a maioria dos relatórios, registros e atas eram manuscritos, posteriormente datilografados, já que não tinha a facilidade do computador.

Foram oito anos de trabalho, dedicação, muitas reuniões, muitos documentos feitos e refeitos, muitas idas dele a Brasília, muitas vindas de comissões, e muitas exigências legais. Nesse intervalo de oito anos, assumiram mandatos outros Reitores, mas a coordenação do processo continuou com o Padre Sátiro, cuja determinação era transformar a Universidade do sonho em realidade. Era assim que ele reafirmava seu compromisso com a comunidade acadêmica e com a sociedade. Nesse período, também com mestria, conduziu outro importante processo: o da estadualização da UERN, garantindo estabilidade e autonomia administrativa e financeira.

Durante os anos que convivi e trabalhei com Pe. Sátiro, aprendi muito, principalmente a ter determinação sobre aquilo que acreditava ser possível realizar, que em todo propósito ou projeto é preciso trabalho árduo para a realização, com foco e sendo imprescindível potencializar ao máximo suas competências e habilidades e não desistir nos primeiros tropeços, pois muitas vezes eles são necessários para não se acomodar e poder, com isso, reaprender.

Em 1993, estava fazendo o Mestrado em Florianópolis-SC quando recebi o convite do Gabinete da Reitoria para participar de uma reunião no Conselho Federal de Educação, em Brasília, oportunidade em que o processo de reconhecimento da UERN seria votado. Claro que fui prestigiar esse importante momento e partilhar da alegria e das comemorações na companhia do Pe. Sátiro, do Reitor Gonzaga Chimbinho e da vice-Reitora Maria das Neves Gurgel. Um momento ímpar da minha história.

Aprendi que para melhorar algo não é preciso apenas querer, mas agir. Ele me ensinou ainda que, se vai fazer alguma coisa, faça o melhor que você sabe, não imponha limites nem a você nem aos outros, estabeleça regras, estratégias competentes, metas e prazos, e não menos importante, cumpra-os, dedique-se aos processos e não se descuide dos resultados.

Em síntese, a experiência de trabalhar com o Padre Sátiro me fez aprender a conjugar muitos verbos: amar, respeitar, trabalhar, orar, ler, escrever, estudar, praticar, desafiar, contemplar e realizar. Indiscutivelmente, aprendi também a agradecer. Obrigada, Padre Sátiro, pela oportunidade.

Fiquei muito feliz por, depois de muitos anos dessa primeira experiência de trabalho, continuar usufruindo do privilégio de tê-lo acompanhando minha atuação profissional pelos anos em que exerci minha função docente e em cargos públicos, e senti-me especialmente honrada por seu convite para eu participar do projeto de criação da Faculdade Diocesana de Mossoró, em 2008.

Foi para mim motivo de muita alegria ter tido o prazer de mais uma vez celebrar com ele a realização de mais um dos seus sonhos. Parabéns, meu Mestre, por todas as suas edificações, elas estão registradas não apenas na minha memória, mas na memória de todos que conhecem sua História.

(*) Iêda Chaves Freitas -  Professora (aposentada) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). ieda_fchaves@yahoo.com.br

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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