Terça-Feira, 11 de fevereiro de 2025

Postado às 09h45 | 30 Jan 2020 | Vereador professor afirma que reforma de Fátima Bezerra vai "confiscar" salários na Uern

Crédito da foto: Arquivo/JORNAL DE FATO Protestos no governo passado, não acontecem no atual governo

O vereador Francisco Carlos (PP), que é professor doutor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), denuncia os prejuízos que a reforma da Previdência proposta pelo Governo Fátima Bezerra (PT) trará para os servidores da instituição de ensino superior.

Segundo ele, as mudanças representarão o “confisco” de parte dos vencimentos de professores e técnicos, devido à elevação da alíquota previdenciária.

“Sem reajuste há sete anos e com três meses de salários atrasados, os servidores da Uern terão seus vencimentos reduzidos em termos absolutos, devido à elevação da contribuição previdenciária. Isso é confisco”, denunciou.

“Há pouco tempo, quando já sabiam que seria necessária uma reforma da Previdência no Estado do RN, alguns partidos e sindicatos foram totalmente contrários à reforma nacional da Previdência. Foram para as ruas. Disseram que o trabalhador e a pessoa pobre estavam sendo massacrados”, relembra.

Francisco Carlos, que também preside a Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Uern, afirma que a governadora Fátima Bezerra sempre manteve discurso contrário à reforma da Previdência, mas torcia para que a proposta de emenda constitucional incluísse Estados e Municípios.

Ele escreveu: “Assim, seria possível manter seu populismo irresponsável, mas alcançar os eventuais benefícios fiscais decorrentes, com reflexos nas finanças e na governabilidade do Estado do RN. Nesse caso, seria fácil dizer: ‘Eu não queria, mas estou sendo obrigada a fazer’. Os simpatizantes confirmariam com aplausos e votos.”

E acrescentou:

“Como a reforma nacional não alcançou os Estados e Municípios, cada ente federado decidirá o que será feito. A governadora, então, pressionada pela realidade que ela negava, está propondo sua própria e draconiana reforma da Previdência estadual.”

Francisco destacou ainda posição da presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Direta do Estado do RN (SINSP-RN), Janeayre Souto, que afirmou: “A reforma da Previdência estadual é mais cruel do que foi a reforma do governo Bolsonaro”.

Ainda no texto, o vereador professor critica a “paciência incomum” dos aliados e simpatizantes do governo Fátima durante o ano de 2019 em relação aos salários atrasados.

“O silêncio e indisposição para reagir é quase absoluta. A falta de reação omite o quanto os servidores foram enganados, para se conformarem com o calendário de pagamentos para 2020, que não inclui os salários em atraso e um compromisso com reajuste para todas as categorias, obtido por policiais e procuradores, além dos servidores do Judiciário e do Ministério Público.”

Ele alertou para um cenário preocupante: “A postura coloca os interesses político-partidários acima dos interesses dos servidores públicos. Tudo para não ‘fazer o jogo da direita’. Para estes, é melhor manter o discurso e os espaços político-administrativos do que defender a quem representam”

Especificamente sobre a Uern, Francisco Carlos relata que os servidores parecem estar “cansados” e sem estímulo para reagir. “Não reivindicam atualização do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração, não demonstram disposição para fazer greve por reajuste ou para receber salários em dia e parecem conformados com sete anos sem reajustes e três meses de salários atrasados.

E vai além: “A sonhada autonomia financeira, que poderia oferecer alguma perspectiva, está sendo protelada de maneira indisfarçável. Não há disposição para concedê-la e a Uern faz de conta que não está vendo. Com o poder de compra reduzido pelo prolongado período sem reajustes, os servidores da Uern terão de enfrentar a redução dos salários em termos absolutos. É o sutil confisco da dignidade.”

E finaliza: “É duro escolher entre admitir que os governos anteriores tinham limitações financeiras ou manter o discurso que estavam errados e a governadora Fátima faz pior que eles. Há, contudo, alguma possibilidade de união em torno dos interesses comuns aos segmentos da Uern e da sociedade potiguar. Admitindo que há muitas formas de lutar e apesar de eventuais divergências políticas e ideologias, algumas que nada têm a ver com a Uern, é possível recuperar a capacidade de reação e de união dos segmentos da Uern e da sociedade potiguar, que reconhece a importância da única instituição universitária mantida pelo Governo do Estado. Sempre bom lembrar que a instituição avança em todas as suas áreas de atuação, pelos esforços da sua administração e dos seus segmentos internos, apesar do Governo do Estado”.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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