A chapa vitoriosa nas eleições municipais de Apodi em 2016, Alan Silveira (MDB)/Hortência Regalado (PSDB), pode não se repetir nas eleições 2020. Há uma crise silenciosa nos bastidores do poder, que distancia a vice-prefeita Hortência do palanque governista, embora o prefeito Alan tenha afirmado, em todas ocasiões, que está tudo bem.
Foi a própria Hortência que tratou de tornar pública a sua situação política. Em entrevista ao radialista Jairo César, na FM Cidade de Apodi, a vice-prefeita não cravou a sua participação no projeto de reeleição ao afirmar que o seu futuro político-eleitoral “está indefinido”.
Foi a primeira vez que Hortência admitiu, de público, que não sabe se será a vice de Alan Silveira nas eleições deste ano. Ela não escondeu a insatisfação com setores do próprio governo e afirmou que ainda não conversou com o prefeito sobre a questão política-eleitoral: “Ainda não se teve uma conversa sobre eleições”, reclamou.
O radialista Jairo César interrompeu Hortência para lembrar que o prefeito Alan, em entrevista ao próprio Jairo, afirmou que ela só não seria a vice na chapa se não quiser, e Hortência respondeu com frieza: “Infelizmente eu não ouvi o programa nesse dia.”
E perguntada se ela quer ser vice novamente, Hortência respondeu que “é algo que precisa ser muito bem pensado”, deixando evidenciado o seu desconforto com coisas que estão acontecendo nos bastidores do poder.
“Eu não tenho necessidade de permanecer na política, então, eu só permaneço se existir realmente um sentido. Não é um sentido pessoal, é um sentido que realmente me faça querer caminhar. E fazer uma campanha sem emoção, só de corpo presente, não dá”, comentou, ao lembrar que nas eleições de 2016, foi tudo diferente e que a campanha “foi ótima”, por isso, o projeto político-eleitoral foi vitorioso.
Hortência disse que o seu pensamento não mudou em relação à política, mas ressaltou que existem situações que precisam ser resolvidas. Ela afirmou taxativamente que está insatisfeita com liderança do grupo político do qual faz parte. “Tem insatisfação, sim. Mas, vamos ver como é que vai ser contornada a situação. Até aqui não houve nenhuma conversa sobre 2020, eu não participei de nenhuma conversa”, disse.
A vice-prefeita disse que não tem conflito entre ela e Alan, mas revelou que existe insatisfação com pessoas do grupo. “Tem pessoas que têm me aturado (risos). Mas, não me importa, eu estou do lado do povo, estou com Alan”, afirmou.
O radialista perguntou se Hortência aceitaria um convite da oposição para ser candidata a prefeita, ela respondeu com um “não”. E justificou: “São as mesmas figuras (na oposição) que me massacraram quando eu era vereadora.”
EM 2016
Hortência Regalado e Alan Silveira na convenção que oficializou a chapa vitoriosa em 2016
A força da juventude. Foi esse lema que selou a união de Alan Silveira e Hortência Regalado em 2016, juntando o então PMDB (hoje MDB) com PSDB e mais seis partidos políticos (PRB, PTN, PV, PSDC, PR e PSC). A chapa foi anunciada no dia 26 de julho daquele ano.
Na época, Alan Silveira destacou: “Nós somos a mudança que o Apodi quer e precisa. Queremos transformar o futuro do nosso município e devolver a liberdade ao povo.”
Hortência, que era vereadora, reforçou a união. ““Estamos juntos sem articulações maldosas ou acordões, mas sim com a simplicidade de um projeto construído nos anseios do povo apodiense.”
Alan e Hortência foram os únicos pré-candidatos ao Executivo que conseguiram unir mais da metade do bloco oposicionista ao então prefeito Flaviano Monteiro (PC do B).
A chapa Alan/Hortência venceu as eleições com 12.623 votos (52,58%). Flaviano Monteiro, que fracassou com a candidatura à reeleição, recebeu 10.652 votos (44,37%). O terceiro colocado foi Paulo Viana (Psol), com 428 votos (1,78%); e o ex-prefeito Dr. Pinheiro (Solidariedade) recebeu 306 votos (1,27%). Os votos brancos somaram 323 (1,27%); nulos foram 1.016 (4,01%); e abstenções foram 3.685 (12,69%).
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.