GERALDO ESTAVA CERTO
Em fevereiro do ano passado, quando a governadora Fátima Bezerra (PT) estava completando oito semanas de gestão, o ex-governador Geraldo Melo (PSDB) ocupou as redes sociais para questionar se Fátima, a governadora, considerava justo e adequado se os servidores estaduais do Rio Grande do Norte fizesse uma greve geral contra o não pagamento dos salários atrasados.
Geraldo, antes de a governadora se manifestar, respondeu: “Eu não acho justo”, para emendar em seguida: “Mas a governadora talvez ache adequado. Pelo menos achava, quando eu era governador. Como dirigente do sindicato dos professores, quando eu estava completando oito semanas no governo, ela estava à frente da greve geral e das concentrações na porta do Palácio Potengi.”
Ainda nas redes sociais, o ex-governador Geraldo Melo considerou que a situação das oito semanas do governo Fátima era até mais grave, porque quando ele completou oito semanas no governo, não havia salários pendentes de servidores estaduais. “Por que a greve, se não havia qualquer tipo de atraso salarial?”, questionou, para ele mesmo responder: “Porque, com oito semanas, eu não tinha ainda entregue à categoria um novo Estatuto do Magistério (que pouco depois entreguei), a gratificação de sala de aula, a redução da carga horária e a eleição direta dos diretores de escolas. Comigo foi assim.”
Não foi só com o governo Geraldo. As gestões seguintes, dos ex-governadores José Agripino (DEM) e Garibaldi Filho (MDB), também sofreram com seguidas greves comandadas por Fátima Bezerra. Muitas delas iniciadas mesmo antes de dialogar com o governo. Primeiro, a greve; depois, o diálogo.
Por que era assim? Porque tinha que ser assim para construir a carreira política de Fátima Bezerra deputado estadual, deputada federal, senadora da República e agora governadora do RN. Ela teve o respaldo de todos os sindicatos de servidores públicos, principalmente o Sindicato dos Professores (SINTE-RN). Foi essa entidade que bancou o projeto político, usando o discurso fácil de defesa dos direitos dos trabalhadores, sem a menor responsabilidade com a construção do Estado ou a verdade dos fatos.
E agora?
Do outro lado do balcão, governando o Estado com três folhas de salários atrasados (novembro, dezembro e 13º de 2018), que não reajusta os salários há quase uma década e que se preparando para promover uma reforma da Previdência mais dura do que foi a reforma da Previdência nacional, Fátima Bezerra está diante de sua própria sombra, prestes a ser combatida pelas mesmas entidades sindicais que construíram a sua carreira política. De sorte, o Sindicato dos Professores decidiu abandonar a luta da categoria para ficar com a governadora, o que ameniza o cenário de crise, mas não desarma a bomba que está prestes a explodir.
A Fátima sindicalista, de discurso forte e radical, de defesa dos pobres e menos favorecidos, não existe mais. Deu lugar à Fátima governadora, que tem a missão de resolver o cenário de insolvência do Estado, e que para isso está disposta a tirar direitos dos trabalhadores menos favorecidos.
É a versão Fátima malvadeza, que enterra a Fátima defensora dos fracos e oprimidos.
E alerta para as “Fátimas" que existem por aí...
FRASE
"Não vamos aceitar uma reforma que retira direito dos trabalhadores."
FÁTIMA BEZERRA – Governadora do RN, atacando a reforma da Previdência de Bolsonaro, antes de apresentar a sua reforma, igualmente dura, aos servidores públicos estaduais.
MANGUE SECO
A Petrobras vai vender as suas participações acionárias nas empresas Eólica Mangue Seco 1 e Eólica Mangue Seco 2, proprietárias de usinas de geração de energia eólica localizadas em Guamaré. A estatal iniciou a etapa de divulgação das oportunidades. Os teasers contêm informações sobre os ativos e os critérios de elegibilidade para a seleção de potenciais investidores.
MANGUE SECO II
As Eólicas Mangue Seco 1 e 2 fazem parte de um complexo de quatro parques eólicos com capacidade instalada total de 104 MW. Cada empresa detém e opera um parque eólico, com capacidade de 26 MW. Na Mangue Seco 1, a Petrobras e a Alubar Energia S.A. possuem 49% e 51% de participação. Na Seco 2, a Petrobras e a Eletrobrás possuem, respectivamente, 51% e 49% de participação.
EM ALTA
A revista Veja cravou nesta sexta-feira (31) que o potiguar Rogério Marinho é o nome trabalhado pelo ministro Paulo Guedes para substituir o “queimado" Onyx Lorenzoni na Casa Civil do governo Bolsonaro. Atualmente secretário especial da Previdência e do Trabalho, Marinho tem a confiança do presidente da República.
FOSSO
O ex-governador Robinson Faria e o seu filho deputado Fábio Faria não aceitam o PSD aliado do PT nas eleições municipais deste ano. Robinson e Fábio são alvos de ataques frequentes de auxiliares da governadora Fátima Bezerra, e respondem com o mesmo tom radical. O fosso aberto não permite a união das duas siglas.
SEGUE
Em Mossoró, os três vereadores do PSD são da bancada da prefeita Rosalba Ciarlini (PP). O quarto vereador seria Raério Cabeça (ex-PRB), que é aliado da deputada Isolda Dantas, pré-candidata do PT à Prefeitura. Ráerio anunciou filiação, mas ainda não oficializou.
PP OU MDB
O vereador Ricardo de Dodoca, que vai deixar o Pros, tem duas opções de filiação: PP, da prefeita Rosalba Ciarlini; MDB, da presidente da Câmara Izabel Montenegro. A segunda é mais viável.
É NOTÍCIA
1 - O novo valor do salário mínimo entra em vigor neste sábado, 1º de fevereiro. O piso passa a valer R$ 1.045,00. Muito pouco para o trabalhador assalariado. Um peso a mais para o empregador.
2 - A Justiça Federal cortou R$ 764 mil em vantagens e gratificações indevidas a servidores da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Desde agosto de 2017 que a instituição vinha pagando vantagens incompatíveis com o regime jurídico.
3 - O desemprego ficou em 11% em dezembro, a terceira queda seguida, segundo o IBGE. E o ano de 2019 fechou com a taxa de 11,9%. O país ainda tem 11,6 milhões de desempregados.
4 - O professor doutor Rodrigo Codes confirma a sua pré-candidatura a reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Ele é o atual pró-reitor de Graduação e tem o apoio do reitor José Arimatea. Codes está no “Cafezinho com César Santos" deste domingo (2).
5 - A Coopemed suspendeu o atendimento de alta e média complexidade, em protesto à falta de pagamento por parte do Estado. São três meses de honorários em aberto. A paralisação compromete 2.500 atendimentos e cirurgias que são realizados por mês.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.