Domingo, 09 de fevereiro de 2025

Postado às 11h45 | 08 Mar 2020 | Coluna César Santos - 8 de março de 2020

Crédito da foto: Ilustração É preciso combater os corruptos

ADEMAR DE BARROS VIVE

Abre aspas para a presidente da Câmara Municipal de Macau, Dyana Lira: Vou dizer em alto e bom som para quem goste ou não, o (ex)prefeito Flávio Veras foi condenado pelos erros, mas tem meu respeito, porque roubava mas fazia. Hoje não tem roubo e não tem obras... Lula também tem meu respeito, é a velha a história, roubou mas fez. Fechas aspas.

O discurso da líder do legislativo macauense é lastimável, para não usar termos mais duros. E deveria, por gravidade, alertar aos órgãos de controle da coisa pública para fiscalizar a sua gestão na presidência da Câmara. Se ela admira quem rouba, mas faz...

Bom. O fato é que a postura de Dyana Lira ganha dimensão pelo cargo público que ela exerce, mas não surpreende. Aliás, o “rouba mas faz” no Brasil vem de longe. Foi o jornalista, professor, poeta e memoralista Paulo Alfeu Junqueira Duarte que deu vida a expressão contra o seu adversário político Ademar de Barros, acusado de usar cabos eleitorais corruptos para propagar as suas obras em São Paulo.

O bordão político brasileiro deveria ter ficado naquele momento do passado. Morrido com Ademar de Barros. Porém, a expressão foi se eternizando na imagem e postura de tantos outros políticos, como os maus exemplos ex-governador Paulo Maluf e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viraram ídolos de suas torcidas e da massa gente menos favorecida, apesar da roubalheira patrocinada por eles enquanto estiveram com as chaves dos cofres de São Paulo e do País, respectivamente.

Esses políticos sempre exploraram a ideia que o governante, embora sendo corrupto, mesmo reconhecido como tal pela opinião pública, também é visto como um “grande gestor”, alguém que matou a fome do povo pobre, e que por isso vira herói.

O rouba mas faz, enaltecido pela presidente da Câmara Municipal de Macau, para defender o seu corrupto de estimação (Flávio Veras tem condenações por desvios de dinheiro público), tornou-se comum ao sentimento dos menos letrados. Essa porção gigantesca ver no político a possibilidade de melhorar de vida, e se conseguir alguma coisa que amenize o seu sofrimento, passa a idolatrar o “bom feitor”, não se permitindo julgar os seus atos de corrupção. 

É no rouba mas faz, por exemplo, que Lula se sustenta como ídolo. O povo apaixonado por ele repete, sem cerimônia, que o ex-presidente roubou, mas fez pelos pobres, e aí quem contrariar essa tese criminosa. O pobre, na sua santa inocência, não se esforça para entender que é possível fazer sem roubar, que o político quando rouba tira a sua esperança de vida melhor e o joga para a situação humilhante de pedinte.

Esse cenário é visto principalmente nas cidadezinhas que formam cordão de pobreza no País. O prefeito, que dá a consulta, o remédio, a cesta básica, e paga o papel de luz (tudo com dinheiro público, ou seja do próprio povo), é visto como um semideus, e que deve se eternizar no trono do poder. E eles se vangloriam que são legitimados pelo povo, através do voto.

Até quando, meu Deus!!!

 

FRASE

Flávio Veras foi condenado pelos erros, mas tem o meu respeito, porque roubava mas fazia.

DYANA LIRA - Presidente da Câmara Municipal de Macau enaltecendo a tese absurda do rouba mas faz

 

BICO LONGO

Na primeira semana da "janela partidária", o PSDB potiguar filiou mais de 40 vereadores, prefeitos, vice-prefeitos e pré-candidatos a prefeito. As fichas  foram abonadas pelo presidente estadual da sigla, Ezequiel Ferreira de Souza, que também é presidente da Assembleia Legislativa.

 

SEGUE

A liderança de Ezequiel repete a de outros políticos que tiveram em mãos a caneta do Palácio José Augusto. A história recente conta que foi assim com Álvaro Dias (hoje prefeito de Natal), Robinson Faria (ex-governador) e Ricardo Motta (ex-deputado). Eles oxigenaram as suas siglas e projetos políticos.

 

SEM AULA

A semana começa com a rede estadual de ensino comprometida. Os professores iniciam a greve oficialmente nesta segunda-feira, 9, em protesto ao não pagamento do reajuste de 12,84% do piso do Magistério. Essa é a primeira greve (pra valer) no governo Fátima Bezerra.

 

QUARTEL

Nesta segunda-feira, 9,  completa 49 anos de inauguração do Quartel da Polícia Militar de Mossoró, depois transformado no 2o Batalhão de Polícia Militar. A solenidade em 9 de março de 1971 contou com a presença do governador Walfredo Gurgel e do prefeito Antônio Rodrigues de Carvalho. A bênção do prédio, no bairro Aeroporto, foi dada pelo bispo dom Gentil Diniz Barreto.

 

MULHER

Há dois anos, completados nesta segunda-feira, 9, a então governadora Rosalba Ciarlini inaugurava o Hospital Materno Infantil Maria Correia, para atender mulheres e bebês de Mossoró e região. A maternidade ficou aberta até 2016, quando o ex-governador Robinson Faria (PSD) fechou as suas portas. Hoje, Mossoró espera pelo Hospital Materno, obra paralisada pelo Governo do Estado.

 

É NOTÍCIA

1 - A cantora e compositora Rita de Cássia se apresenta neste domingo, 8, na praça de alimentação do Partage Shopping Mossoró. Um show especial em homenagem ao Dia da Mulher.

2 - A Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) completa 13 anos nesta segunda-feira, 9. Obra do governo Wilma de Faria (falecida em 2017) para atender mulheres vítimas de violência em Mossoró e na região Oeste potiguar.    

3 - O mineiro Alexandre Pires vem com o "Baile do Nego Veío" para Mossoró, no próximo sábado, 14, no Thermas Hall. A turnê tem superlotado as casas de shows de todo o País. Confira.

4 - O Brasil está entre os 140 países que possuem leis que punem, de alguma maneira, a violência contra a mulher. O conjunto de regras no Brasil é progressista, mas enfrenta barreiras culturais. Por gravidade, a violência persiste em alta escala. De forma absurda.

5 - A Feira Internacional de Fruticultura Irrigada (EXPOFRUIT) vai tentando sobreviver em mais uma edição, no mês de agosto. O evento volta para o Expocenter (Ufersa), devendo explorar a abertura do mercado da China para a fruta brasileira.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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