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Postado às 09h45 | 24 Mar 2020 | Coluna César Santos - 24 de março de 2020

Crédito da foto: Reprodução Nota do senador Ciro Nogueira defendendo o cancelamento das eleições municipais 2020

DESÇAM DO PALANQUE, POR FAVOR!

O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem feito um excelente trabalho à frente da pasta, reconhecido por todos (aliados e adversários do governo), foi precipitado ao sugerir o adiamento das eleições municipais deste ano. A recomendação foi dada por ele em teleconferência com prefeitos, no domingo, 22, justificando que esse é o momento de o Congresso Nacional tratar o assunto, para que o combate à crise do coronavírus não seja contaminado pela ação política.

Sem querer, ou não, Mandetta acabou contaminando o ambiente com a pitada político-eleitoral. De imediato, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que é do mesmo partido do ministro, o Democratas, respondeu com ironia, sugerindo que o colega se concentre no Ministério da Saúde, “onde está fazendo um excelente trabalho”.

Por gravidade, o tema ter ou não ter eleições contaminou o ambiente político na mesma velocidade que o Covid-19 está se espalhando no Brasil. E, como não podia ser diferente no País da divisão, foi estabelecido o confronto dos prós X contras às eleições em 2020.
O presidente nacional do PP, senador piauiense Ciro Nogueira, se apressou em distribuir nota a favor do adiamento das eleições: “Sou totalmente favorável ao adiamento por dois anos”, escreveu, para em seguida justificar de forma bem popular, para ter apoio da maioria nesses tempos conturbados.

Nogueira disse que o seu partido deveria propor a doação do fundo eleitoral, no valor de R$ 2 bilhões, e mais o custo do dia da eleição, que é de R$ 2 bilhões. E já que não teria demanda na Justiça Eleitoral, o progressista sugeriu que fosse reduzido em 50% o valor dos recursos destinados à Justiça Eleitoral, que anualmente é de R$ 8 bilhões, diminuindo para R$ 4 bilhões. Na calculadora de Nogueira, somando tudo, chegaria ao montante de R$ 8 bilhões para ser doado à saúde pública.

A matemática simples e o discurso fácil não podem sobrepor-se a um tema tão importante que é a eleição municipal. Aliás, discutir se vai ter ou não o pleito de 2020 nesse momento de angústia é inaceitável. Razoável é que qualquer decisão deve ser tomada em junho ou julho, quando o País terá maior clareza sobre o cenário do coronavirus e suas consequências.

Vale lembrar que, pelo calendário eleitoral, a campanha só começa na segunda quinzena de agosto, período em que, pelas previsões do próprio ministro da Saúde, o País estará voltando à normalidade.

Portanto, não é momento para colocar essa questão em debate. O melhor que as autoridades devem fazer é focar no combate ao Covid-19. Aliás, política de fundo de quintal, observando somente ao seu redor, não acrescenta absolutamente nada, pelo contrário, só faz piorar o cenário que é de apreensão e medo dos brasileiros.

Recolham as bandeiras, por favor!

 

FRASE

Acho que os três Poderes vão ter que contribuir: Legislativo, Executivo e Judiciário"

RODRIGO MAIA - Presidente da Câmara dos Deputados ao responder se os deputados poderiam abrir mão de seus salários em prolda saúde dos brasileiros

 

GABINETE

Cada deputado estadual do RN pode gastar por mês até R$ 32.048,99 a título de verba de gabinete. Multiplicando o valor por 24, número de parlamentares, o gasto mensal é de R$ 769.175,76; Esse valor multiplicado por 12 meses, a conta chega a R$ 9.230.397,12 por ano. Tudo bancado pelo bolso do contribuinte potiguar.

 

GABINETE II

Se os 24 parlamentares que abrigam o caríssimo Palácio José Augusto, em momento (raro) de solidariedade humana, fizessem a doação de um ano de verba de gabinete, os mais de R$ 9 milhões, 230 mil dariam para comprar 178 respiradores, aparelho em falta nas unidades de saúde de todo o Estado.

 

GABINETE III

Nenhum deputado tomou a iniciativa. De seus gabinetes, isolados nesses tempos de pandemia, emitem apenas releases para as redações sugerindo medidas para os outros bancarem. Nenhuma sugestão emitida pelos parlamentares afeta os seus pomposos contracheques, bancados pelo povo sofrido.

 

GABINETE IV

Seria o caso, então, de os parlamentares fecharem a matraca. Como diz nossa gente matuta: se não pode ajudar, é melhor calar. Então, limitem-se ao isolamento, de boca fechada, pelo menos, assim não estarão atrapalhando.

 

BARREIRA SANITÁRIA

A Justiça Federal do RN determinou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária instale barreira sanitária e de inspeção nos voos nacionais e internacionais no Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. A Anvisa terá 24 horas para cumprir a decisão, que atende ao pedido do Ministério Público Federal. A decisão é assinada pelo juiz Magnus Augusto Delgado.

 

NORDESTE

O presidente Jair Bolsonaro anunciou a liberação de R$ 2 bilhões para o enfrentamento do novo coronavírus no Nordeste. Os recursos serão repassados para o Estado, conforme garantiu o presidente em teleconferência com os governadores. Outra medida anunciada é a suspensão das dívidas dos estados com a União por seis meses, atendendo pedido feito pelos próprios governadores.

 

É NOTÍCIA

1 - O deputado Eliéser Girão (PSL), que testou positivo para o coronavírus, está internado em UTI. Mais por uma questão de zelo, segundo os médicos. Ele não teve febre, nem problemas respiratórios.

2 - O Hotel Barreira Roxa será usado pelo governo para isolar servidores da saúde que provarem conviver com pessoas de grupo de risco ou infectados pelo novo coronavírus. A iniciativa da governadora Fátima Bezerra (PT) visa preservar o pessoal da saúde.

3 - O último boletim do Covid-19 no Brasil, nesta segunda-feira, 23, apontou 34 mortes e 1.891 infectados em todo o País. Mossoró já tem 59 casos suspeitos e um confirmado.

4 - A adutora Jerônimo Rosado completa 20 anos hoje. Inaugurada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o governador Garibaldi Filho (MDB) para abastecer parte de Mossoró com as águas da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, de Assú.

5 - AeC garante que adotou medidas para proteger seus funcionários do Covid-19. Segundo o Call Center, 50% dos colaboradores de Mossoró já estão trabalhando em regime de home Office, a fim de reduzir o número de pessoas no mesmo ambiente, entre outras medidas.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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