A empresa Cidade do Sol afirma que o transporte coletivo em Mossoró pode entrar em colapso ainda este mês. As restrições do novo coronavírus agravaram a crise no segmento.
A concessionária do serviço no município afirma que a receita desabou 90% desde o início da pandemia, no fim da primeira quinzena de março. A medida reduziu de forma abrupta o total de passageiros e o faturamento no setor.
A empresa relata que desde a paralisação de aulas e limitação a circulação de pessoas em Mossoró, há duas semanas, o setor busca se adequar à queda da demanda, ao adaptar linhas, horários e outras medidas. A situação, no entanto, está se tornando insustentável.
O transporte coletivo precisa ser socorrido com urgência para evitar paralisação, adverte a Cidade do Sol.
O setor evoluiu desde a operação da Cidade do Sol, há quatro anos. A empresa lembra que cumpre horários (principal reclamação outrora), ônibus quebrado na rua é outra imagem do passado. Também investe em tecnologia, adquire micro ônibus, cria novas linhas. Mas, amarga alta gratuidade (43%, o dobro da média nacional), concorrência predatória de transporte clandestino e táxi lotação, ruas deterioradas.
Esta semana, por exemplo, buracos estragaram dois pneus (cada um custa R$ 1.400). Há casos de molas quebradas e outros problemas, o faturamento não cobre o alto custo.
Resultado: a saúde financeira da empresa, que já era péssima, piorou nas últimas semanas. E o desequilíbrio econômico se agravou no sistema, que está à beira do abismo.
A despesa com combustível, salários e insumos só aumenta, mas a tarifa (R$ 3,30), continua inalterada há dois anos, e não há passageiro pagante em quantidade suficiente para equilibrar o serviço de ônibus.
Apesar dessas e outras adversidades, a Cidade do Sol ressalta que continua em circulação e se esforçando para manter em dia seus compromissos.
Contudo, o salário de março dos motoristas, fiscais, mecânicos e outros colaboradores, com vencimento nesta segunda-feira (6), está ameaçado.
Providências
Como o fluxo de passageiros não reage, e nem há previsão de melhora, o setor necessita de auxílio financeiro e redução de impostos para evitar o colapso. Na esfera municipal, segundo a Cidade do Sol, esse suporte pode ser materializado através da isenção de Imposto Sobre Serviços (ISS), que já recebeu parecer favorável da Secretaria Municipal de Tributação.
O setor também defende revisão do subsídio público sobre a gratuidade parcial da tarifa para estudante e instituição de subsídio municipal para idoso, haja vista a grande quantidade de idosos/usuários de baixa renda no serviço; criação de vale transporte para servidor público municipal, como em outros municípios Brasil afora.
Em nível estadual, o transporte coletivo pleiteia a isenção de ICMS sobre o combustível para transporte de passageiros, como em outros Estados. E, no âmbito federal, propõe medidas imediatas para manter a operação mínima, como criação do Programa Transporte Social, que consiste no aporte mensal de R$ 2,5 bilhões para a aquisição de créditos eletrônicos de passagens, enquanto perdurar a crise do covid-19.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.