Sábado, 08 de fevereiro de 2025

Postado às 14h00 | 17 Abr 2020 | Coluna César Santos - 17 de abril de 2020

Crédito da foto: Ilustração Quem ganha e quem perde com a queda-de-braço

O REI ESTÁ NU?

O bem informado jornalista Gerson Camarotti, em seu blog no globo.com, comentou que “há um consenso em Brasília sobre a queda do agora ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Ele caiu porque teve a ousadia de evidenciar que o rei estava nu.”

E seguiu:

“Nestas últimas semanas, Mandetta não escondia sua contrariedade com gestos, atos e palavras do presidente Jair Bolsonaro em tentar flexibilizar as regras de isolamento social, de forma contrária às recomendações internacionais.”

A visão de Brasília faz sentido. Mandetta realmente evidenciou que o rei estava nu. Fato. Agora, o que levou o inquilino do Palácio do Planalto a tal situação?

Há uma linha de raciocínio simples: foi o próprio Bolsonaro que emitiu fragilidade ao esticar a corda com Mandetta. Deveria ter trocado o comando do Ministério da Saúde desde a primeira rusga. Não cabe o comandante descer o degrau, tal atitude é nocivo à hierarquia do poder.

E mais, Bolsonaro esqueceu uma lição simples: pior do que uma decisão errada, é não decidir.

Os bastidores de Brasília revelaram desde o primeiro confronto de Bolsonaro e Mandetta que havia um jogo político monstruoso, muito mais letal do que o novo coronavírus.

Mandetta se vestiu de timoneiro da Saúde, ganhou a simpatia da grande massa, fragilizada pelas projeções fúnebres da Covid-19. Político, como é, ele se capitalizou com a pandemia e imprimiu um processo de “fritura” do patrão, juntamente com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre, ambos do DEM de Mantetta.

Os democratas fizeram o jogo político em alta voltagem. O presidente Bolsonaro demorou a desligar a tomada. Por consequência, vai enfrentar o desgaste popular nos próximos dias e que pode ser prorrogada se o novo comando do Ministério da Saúde não conseguir baixar os números, ou pelo menos manter sob controle o famigerado inimigo invisível.

Pois bem.

O jogo político está sendo jogado. Não se sabe quem sairá vitorioso. É prematuro, até porque teremos a partir de agora uma nova faixa dessa disputa, já que Luiz Henrique Mandetta não terá mais o eloquente púlpito do Ministério da Saúde para se comunicar com a nação.

Resta, pois, o olhar sobre a saúde dos brasileiros. Que a política partidária, o jogo pelo poder, se distancie o máximo possível das ações de enfrentamento ao coronavírus, pois, só assim, o Brasil será capaz de vencer o Covid-19 com mais curados do que cadáveres.

Há um ingrediente que não chegou aos olhos dos menos esclarecidos: o "fica em casa" escondeu a falta geral de equipamentos, leitos, hospitais e sobrecarregou os profissionais de saúde.

Governadores e outros gestores se autoproclamaram competentes e diariamente discursam como se fossem catedráticos da gestão pública e com histórico irretocável de realizações na área da saúde.

 Fato é que a substituição de Mandetta não será o apocalipse alardeado por alguns. O novo ministro Nelson Teich sinalizou que tem as mesmas ideias do antecessor e que deve tocar o barco sem mudanças bruscas de atitude. Que assim seja.

O ministro demitido Luiz Henrique Mandetta não ficará em casa. O Democratas anunciou que ele assumirá o conselho nacional do partido.

Fará política abertamente, sem a cortina do Covid-19.

 

FRASE

Existe um alinhamento completo aqui entre mim, o presidente e todo o grupo do ministério.

NELSON TEICH - Novo ministro da Saúde

 

MILIONÁRIO

O Governo do Estado contratou 60 leitos da Liga Norte-riograndense do Câncer para contenção à pandemia da Covid-19. O contrato tem prazo de seis meses ao custo de R$ 40 milhões, acima dos R$ 37,1 milhões que seriam gastos no hospital de campanha na Arena das Dunas. O governo ressalta, porém, que os R$ 40 milhões só serão liquidados se houver necessidade.

 

ESTUDANTES

O deputado federal Beto Rosado (PP) sugere a ampliação de prazos e a suspensão de encargos financeiros do Fies em favor dos alunos beneficiários do financiamento estudantil. O parlamentar apresentou projeto nesta quinta-feira, 16, justificando no impacto severo que a pandemia do novo coronavírus tem na vida dos estudantes. O projeto seguiu para despacho do presidente Rodrigo Maia.

 

FALTAM 28 DIAS

A morte do cirurgião plástico por Covid-19 foi à sétima em Mossoró e a 21ª no Rio Grande do Norte. Daí, conforme projeção fúnebre do Governo do Estado, faltam 11.357 óbitos para os 11.378 que o governo espera no dia 15 de maio de 2020.

 

MATEMÁTICA SIMPLES

Estamos a 28 dias da data fatal projetada pelo governo Fátima Bezerra. Dessa forma, serão precisos 405,60 óbitos por dia - de hoje até o dia 15 de maio - para o governo confirmar que falou a verdade para o povo potiguar.

 

INFECTADO

A Assembleia Legislativa do RN suspendeu as sessões presenciais há um mês para proteger os deputados estaduais e servidores da Covid-19. Mesmo assim, Hermano Morais (PSB) foi infectado pelo novo coronavírus.

 

EMPREGADO

O ministro demitido Luiz Henrique Mandetta não ficará em casa. O Democratas anunciou que ele assumirá o conselho nacional do partido. Fará política abertamente, sem a cortina do Covid-19.

 

BOLETIM

O Brasil registrou mais 188 mortes por Covid-19 entre quarta-feira e ontem, e chegou a 1. 924 óbitos. Casos confirmados são 30.425.

 

É NOTÍCIA

1 - Pouco se tem comentado, porque o Covid-19 está concentrando todas as atenções, mas o litro de gasolina em Mossoró já pode ser encontrado ao preço abaixo dos R$ 4,00. Pesquise.

2 - Nesta data, em 2004, o Potiguar conquistava seu primeiro título Estadual frente ao América de Natal. Perdeu o jogo por 1 a 0, mas havia vencido a primeira partida por 4 a 0. Um título com a cara do eterno presidente Manoel Barreto (in memoriam).

3 - A unidade de campanha na UPA do bairro Belo Horizonte ficará pronta na segunda-feira, 20. Previsão da prefeita Rosalba Ciarlini, que visitou o trabalho de montagem da estrutura.

4 - A Prefeitura de Mossoró começa a distribuir hoje os kits alimentação para cerca de 22 mil alunos da rede municipal de ensino, para suprir a falta da merenda escolar em época de isolamento social. Atenderá da creche às escolas do fundamental.

5 - Faleceu nesta quinta-feira, 16, o auditor fiscal aposentado José Jacinto Fontes. Ele tinha 73 anos e estava internado há dias. Zé Fontes era pai da auditora fiscal do Trabalho Micheline Fontes e sogro do empresário e político Isoares Martins.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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