BALA NÃO PERDOA, MATA
Mossoró teve um fim de semana violento. Foram sete assassinatos entre sexta-feira (24) e domingo (26).
Entre sábado e domingo foram seis mortes violentas, média de um assassinato a cada quatro horas.
No ano, entre 1º de janeiro e 26 de abril, Mossoró registrou 62 assassinatos.
Nesse mesmo período de 2019, eram 52 assassinatos
O último relatório do Observatório da Violência - OBVIO, divulgado no dia 27 de abril, apontou 503 assassinatos no Rio Grande do Norte em 2020.
Hoje, temos 536 assassinatos. Em 2019, nesta data, eram 480 mortes violentas.
São 56 mortes a mais.
Os números são assustadores, mas por que a população não reage como tal?
A impressão que se tem, hoje, que o cidadão está aterrorizado pelo novo coronavírus, a ponto de encarar com naturalidade a pandemia da violência.
Uma morte pela Covid-19 assusta mais do que um assassinato a cada quatro horas.
É como se a vida ceifada pela bala tivesse menos valor do que a vida levada pelo vírus.
Quando, na verdade, o flagelo é o mesmo.
Aliás, há uma diferença: a vítima da Covid-19 passa pela rede de saúde pública, ocupa leitos e expõe a fragilidade do sistema, enquanto a vítima da bala passa apenas pelo Itep para em seguida descer a sete palmos.
E tem outra: geralmente, o corpo que perece à bala é de negro, pobre, com passagem pelo sistema prisional, sem identidade, como se essas vítimas não tivessem família e amigos, ou qualquer importância sob ponto de vista do ser humano.
Noutra ponta, a Covid-19 mata bem menos (os números estão aí para comprovar), mas infecta todas as classes sociais, e começou pelos bacanas, celebridades, frequentadores assíduos dos cruzeiros que contemplam o atlântico.
Impressiona, e igualmente preocupa, quando a pessoa fica horrorizada porque uma celebridade de 90 anos foi infectada pela Covid-19 na Europa, mas não sente o soco do assassinato de um adolescente de 15 anos na periferia de Mossoró.
O Governo do Estado, que em 2019 fez propaganda que havia reduzido o índice da criminalidade, embora não tivesse feito nada para justificar tal façanha, agora faz de conta que a explosão da violência – sem combate - não é com ele ou não está acontecendo. E, se alguém questionar a escalada da violência, o governo responde que o momento é de união para o enfrentamento à Covid-19, como se uma coisa eliminasse a outra.
Não elimina. É preciso, sim, somar esforços para enfrentar a pandemia da Covid-19, mas também é necessário – e urgente – combater a escalada da violência.
Que a #ficaemcasa também sirva para uma reflexão mais ampla, e os nossos governantes não transformem máscaras em viseiras. A bala não perdoa. MATA.
FRASE
FRASE
Só o ministro Paulo Guedes decide sobre economia
JAIR BOLSONARO - Presidente dando moral ao ministro da Economia, como fazia com o agora ex-ministro Moro
É GRAVE
A presidente do Sinsp-RN, Janeayre Souto, usou as suas redes sociais para denunciar que o Governo do Estado está descontando do salário do servidor as parcelas do empréstimo sem repassar para o Banco do Brasil. A instituição suspendeu novos empréstimos e passou a cobrar dos servidores. A sindicalista afirma que a situação se agravou ainda mais com a pandemia da Covid-19.
MÁSCARA
Os supermercados de Mossoró avisam que o cliente só pode entrar usando máscara e os estabelecimentos oferecem o álcool em gel. Ação compartilhada. O uso obrigatório de máscara entrou em vigor nesta segunda-feira, 27, por meio de decreto assassinado pela prefeita Rosalba Ciarlini (PP). O decreto ficará em vigor até o município ter sob controle o cenário do novo cornavírus.
FALTAM 17 DIAS
Na contagem regressiva, daqui a pouco mais de duas semanas, o RN deve ter 11.378 mortes por Covid-19, segundo projeção macabra feita pelo governo Fátima Bezerra. Foi escalado o secretário de Saúde, Cipriano Maia, para afirmar que a projeção se cumpria no dia 15 de maio.
MATEMÁTICA SIMPLES
Como o último boletim da Sesap-RN confirma 45 óbitos no estado até esta segunda-feira, 27, o governo precisa de 11.333 cadáveres, ou uma média diária de 667 mortes para honrar a sua projeção fúnebre. Estamos de olho.
BARRIL DE PÓLVORA
O Ministério Público Federal instaurou inquérito para investigar a nomeação do professor Josué Moreira para reitor pro tempore do IFRN. Se o MPF entender que houve ilegalidade pedirá a anulação do ato à Justiça e a restauração da legalidade.
VÁ NA ONDA
O presidente Bolsonaro disse que quem manda na Economia é Paulo Guedes. Ele disse o mesmo sobre Sérgio Moro, dias antes de defenestrar o ex-juiz da Lava Jato do Ministério da Justiça.
BOLETIM
Brasil registrou 338 mortes pela Covid-19 em 24 horas. O total de mortes chega a 4.543 e 61.888 infectados.
É NOTÍCIA
1 - Três supermercados em Pau dos Ferros foram autuados porque estavam descumprindo decretos estadual e municipal de contenção ao novo coronavírus. A polícia está fiscalizando.
2 - As reservas hídricas do RN já somam 2.008.669.228 m3, percentualmente, 45,89% da capacidade total de armazenamento das principais barragens estaduais, que é de 4.376.444.842 m3. É o melhor cenário hídrico dos último oito anos.
3 - A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, a maior do RN, acumula 1.163.336.253 m3, que equivalem a 49,02% do seu volume máximo de capacidade, que é de 2.373.066.510 m3.
4 - Comenta-se que o deputado Fábio Faria (PSD) está cotado para abrigar o Ministério da Ciência. O filho do ex-governador Robinson Faria desbancaria o astronauta Marcos Pontes, por gosto do sogro Sílvio Santos. Faria não confirma, mas também não nega.
5 - A Nova Zelândia não registra mais casos de contágios locais do novo coronavírus. O país havia registrado apenas 1.122 casos da doença, com 19 mortes. O anúncio foi feito pela primeira-ministra Jacinda Ardern, que considerou a "batalha vencida".
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.