Sábado, 08 de fevereiro de 2025

Postado às 09h15 | 29 Abr 2020 | Coluna César Santos - 29 de abril de 2020

Crédito da foto: Ilustração Brasil precisa da união de todos

GAUDÊNCIO TORQUATO: O NOVO "NORMAL"

Com a licença do jornalista conterrâneo Gaudêncio Torquato, vamos contemplar a boa leitura:

“Nesses tempos de medo e depressão, chovem platitudes e truísmos, na esteira de profetas, videntes e assemelhados que se multiplicam por todos os quadrantes: “depois da pandemia, o mundo será mais solidário”, “veremos avanços nas áreas das ciências”, “os países serão menos globalistas e mais protecionistas”, etc.

A ciência política não escapa da inexorável tarefa de tentar descobrir os caminhos do amanhã, razão pela qual, confesso, também me inclino a fazer, vez ou outra, exercícios de futurologia. Com forte probabilidade de acertar e cometer erros.

Em praticamente todas as projeções, prega-se o advir de um mundo diferente, um planeta mais solidário no enfrentamento das crises, hipótese bastante plausível ante a constatação de que a catástrofe de uma Nação, a partir da contaminação por um vírus, atinge a todas. E a busca pela extinção de pandemias passa a ser missão de todos.

Na prospecção de hoje, tento enveredar pela trilha a que muitos têm se dedicado: como seria esse “novo normal”, que pistas permitem vislumbrar mudanças de padrões, valores, atitudes, enfim, como seria este mapa do cotidiano pós-crise? Antes, é útil fazer rápida apreciação sobre a paisagem social em que se abrigou este Covid-19.

Ele se infiltra numa sociedade plena de desigualdades, diferenças culturais, modos de vida, democracias vigorosas e outras nem tanto, enormes conglomerados produtivos, economias competitivas, uma infinidade de micro e pequenos negócios, desemprego em massa, debilidade nos aparatos de defesa da saúde, competitividade, acúmulo de riquezas por parte de grupos, extrema miséria e fome.

De pronto, a inferência emerge: o impacto é diferente em núcleos, grupamentos profissionais e classes sociais. Uns sofrem mais que outros. Mas, há um fio que liga todos os seres humanos: o vírus não distingue ricos e pobres, maiorais e pequenos, com a constatação apenas de que um grupo – os idosos – está mais arriscado a padecer da pandemia.

Dito isto, fica patente o susto que corre nas veias dos habitantes da Terra: como é possível um micro organismo, invisível a olho nu, um dos milhões de vírus que circula pelo planeta, desfazer da noite para o dia coisas, projetos, empreendimentos construídos com tantos esforços, alguns sendo produto de toda uma vida?

É como se um tsunami irrompesse num momento, inundando tudo o que encontra pela frente em todos os mares do mundo: pessoas, construções, empreendimentos de todos os tipos. Muitos não se salvam, mesmo buscando abrigo em estabelecimentos hospitalares, enquanto outros, com rendas e negócios arrebentados, terão de se recompor da catástrofe e recomeçar a vida.

A tragédia deixará marcas profundas em todos, mesmo espíritos imbuídos dos mais profundos sentimentos de vivência na dor e no desespero. Haverá, certamente, um olhar mais humano para as tragédias que ocorrem em todos os lados, pela ideia de que o sofrimento pode, a qualquer momento, baixar na casa de cada um. Mas, a catástrofe – e o termo não parece exagerado – escancara a banalização do perigo, que viceja na corrente do medo e da morte, duas sombras que nos cercam nesses tempos angustiados.

A morte mora perto. É gritada em alto e bom som, com estoques altíssimos: 20 mil aqui, 50 mil acolá, 100 mil mais adiante. Virou número. Em tempos idos, exclamava-se: “fulano morreu”. A interrogação assustada aparecia em seguida: “não diga? Quando? Por quê?” Hoje, a cena mostra caminhões transportando corpos mortos para covas coletivas.

E tudo isso aprofunda nossas feridas. Certa amargura fluirá pelos nossos corações, ao lado do descrédito e da descrença nos padrões da velha política. Como a política entra aqui? Ora, pelo descalabro com que a crise foi tratada por alguns governantes. Pela falta de equipamentos básicos. Pela ineficiência dos serviços públicos, mesmo sob reconhecimento de que os profissionais da saúde foram heróis.

A sensação é a de que o Senhor Imponderável, que nos visitava em alguns períodos – ciclos de chuva e seca- (deixando até de lado sua imponderabilidade), doravante aparecerá com mais frequência. Tal constatação pode nos tornar um povo mais medroso, menos confiante, mais pessimista. A bem da verdade, eis um contraponto: “quem venceu esse demônio invisível, terá condição de vencer outros que nos atacarem”.

Amém.

 

FRASE

Quem venceu esse demônio invisível, terá condição de vencer outros que nos atacarem.”

GAUDÊNCIO TORQUATO - Jornalista sobre o novo tempo pós coronavírus.

 

VOO DE GENTIL

João Gentil trocou a Câmara Municipal de Mossoró pela Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura de Natal. Encerra um ciclo político em Mossoró para iniciar outro na capital, com objetivo traçado: disputar um mandato de deputado estadual nas eleições de 2022. Ele comanda o REDE no Rio Grande do Norte, partido oferecido ao prefeito Álvaro Dias (PSDB) para apoiá-lo à reeleição neste ano.

 

VOO DE GENTIL II

João Gentil teve o apoio decisivo do vereador Raniere Barbosa, do Avante, para desembarcar na equipe do prefeito Álvaro Dias. Em troca, o REDE liberou a sua nominata à Câmara de Natal para fortalecer a lista de candidatos a vereador do Avante. Por consequência, facilita o projeto de reeleição de Raniere. É o que se comenta nos bastidores das eleições municipais de Natal.

 

FALTAM 16 DIAS

De hoje até 15 de maio é preciso uma média de 708 mortes pela Covid-19 para confirmar a projeção macabra do governo Fátima Bezerra (PT). No dia 7 de abril, o governo projetou que o Estado terá 11.378 mortes no dia 15 de maio. Até aqui, são 48 óbitos pela Covid-19.

 

NÚMEROS FRIOS

Dividindo 11.330 mortes que faltam para alcançar as 11.378 por 16, que é o número de dias que nos separam de 15 de maio, a média é exatamente 708 óbitos/dia. Estamos de olho.

 

BOA NOTÍCIA

O Rio Grande do Norte tem 352 pessoas curadas do novo coronavírus, conforme boletim da Sesap-RN nesta terça-feira, 29. Em Mossoró foram recuperados 63 pacientes.

 

RETAGUARDA

Os primeiros leitos do hospital de campanha (São Luiz) começaram a funcionar na noite desta terça-feira, 28, para desafogar o Hospital Regional Tarcísio Maia. Leitos de retaguarda.

 

ÚLTIMO BOLETIM

O Brasil bateu novo recorde de mortes por dia pela Covid-19, com 474 óbitos confirmados entre segunda e terça-feira. No total, são 4.543 mortes. O número de infectados é de 71.886 no País.

 

É NOTÍCIA

1 - O Ginásio Poliesportivo “Dr. Pedro Ciarlini” completa 16 anos nesta quarta-feira, 29. Foi inaugurado no último ano da terceira gestão da prefeita Rosalba Ciarlini. Obra estruturante. 

2 - Bento Praxedes Fernandes foi político e abolicionista. Nasceu na serra de Martins, mas fez carreira e formou família em Mossoró. Por suas mãos, o jornal Comércio de Mossoró circulou entre 1904 a 1917. Hoje, completa 98 anos de seu falecimento.

3 - A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte vai passar mais um mês sem atividades presenciais. O presidente da Casa, Ezequiel Ferreira (PSDB) prorrogou a quarentena até 29 de maio.

4 - O setor produtivo do Rio Grande do Norte tentou mais uma vez convencer a governadora Fátima Bezerra (PT) a flexibilizar o funcionamento das empresas. Sem sucesso. Os decretos de enfrentamento à Covid-19 ficam mantidos.

5 - Está praticamente pronta a Central do Cidadão de São Miguel, no Alto Oeste. É uma das 22 centrais construídas pelo projeto “RN Sustentável”, ainda da gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini. A obra será inaugurada pela atual governadora Fátima Bezerra.

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César Santos
JORNAL DE FATO
Mossoró
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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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