Sábado, 19 de abril de 2025

Postado às 11h45 | 03 Mai 2020 | Coluna César Santos - 3 de maio de 2020

Crédito da foto: Ilustração Servidor sofre com congelamento e atraso de salário

SALÁRIOS JÁ ESTÃO CONGELADOS

O Congelamento de salários dos servidores públicos é uma das condições para a União liberar a ajuda de R$ 120 bilhões para estados e municípios. A medida, aprovada no Senado na noite deste sábado, 2, terá validade de 18 meses, até dezembro de 2021, conforme a proposta negociada entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (PSDB).

Logo houve reação das entidades sindicais que defendem as diversas categorias de servidores públicos, sob a justificativa, justa, que os servidores não podem pagar o preço da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Nem mesmo a argumentação de que é preciso conter os gastos para minimizar o “rombo” nas contas públicas, convence a quem será chamado a pagar uma conta que não é sua.

Beleza.

Agora, tem um porém: em quase a totalidade de estados e municípios, com raríssimas exceções, os salários estão congelados há anos. Pior ainda: uma grande parcela de estados e municípios, além de não atualizar os salários, ainda deve folhas de até 2018.

É o caso do Rio Grande do Norte. Os servidores públicos – ativos, aposentados e pensionistas – ainda não viram a cor do salário e do 13º salário de dezembro de 2018. Duas folhas engavetadas pelo governo. Além disso, a maioria dos servidores estaduais não recebe reajuste salarial há 11 anos.

Tem mais: a governadora Fátima Bezerra (PT) não implantou o novo piso salarial do magistério (12,84%), previsto em lei, em vigor desde 1º de janeiro de 2020. Os professores iniciaram greve no dia 5 de março, e ainda não receberam proposta capaz de suspender o movimento. A única proposta - até aqui - prevê o pagamento parcelado e o retroativo em até 22 meses, o que foi considerado um insulto pelos mestres.

É claro que os gestores públicos aceitam o congelamento de salários, embora a maioria deles não assuma essa posição para a plateia. O discurso politicamente correto é dizer que quem congelou foi o governo Bolsonaro, sem declamar uma sílaba de que em contrapartida estados e municípios estão colocando as mãos numa bolada de 120 bilhões de reais – carimbada pelo novo coronavírus.

Há, porém, uma situação delicada para dirigentes de sindicatos que apoiam o governo Fátima Bezerra, como é o caso da diretoria do Sinte-RN: como lutar contra o congelamento de salários proposta pela União se o Governo do Estado “congelou” os salários dos professores?

É a sinuca de bico de quem abandonou a luta e escalou a rampa do governo.

 

FRASE

O governo da professora Fátima Bezerra está fazendo apropriação indébita”

JANEAYRE SOUTO - Presidente do Sinsp-RN, acusando o governo de descontar parcelas do salário do servidor e não repassar aos bancos credores

 

SEM HOTEL, SEM VOO

A coluna errou ao noticiar que o Thermas Resort havia suspendido as suas atividades até o mês de julho. Na verdade, o hotel fechou as portas, demitiu mais de 200 funcionários e não tem previsão de retorno. Vítima da crise sem precedente provocada pela pandemia da Covid-19. A Azul Linhas Aéreas também está fechando o escritório de Mossoró, e não sabe quando retomará os voos.

 

MAIS DESEMPREGO

O grupo cearense Samaria reduziu em 50% a produção de camarão em Potiporã, que é a maior fazenda de camarão do País. Mais de 400 trabalhadores desempregados. Sobraram 800 trabalhadores, mas sem a certeza que estarão empregados nos dias próximos. A decisão atinge Pendências, que sedia a maior fazenda do grupo. É o novo coronavírus devastando a economia do País.

 

FALTAM 12 DIAS

O Rio Grande do Norte chegou a 60 óbitos pela Covid-19 neste sábado, 2. Faltam 11.318 para as 11.378 mortes projetadas pelo governo Fátima Bezerra (PT) até o dia 15 de maio. A projeção macabra foi feita no dia 7 de abril de 2020, pelo titular da saúde, Cipriano Maia.

 

ESTAMOS DE OLHO

Dividindo 11.318 por 12, que é o número de dias que nos separam de 15 de maio, o governo precisa contar 943 cadáveres por dia para confirmar a projeção fúnebre.

 

DECANO

Emery Costa dedicou 50 anos de vida ao jornalismo. Desde os 17 anos na Rádio Rural AM, passando pela redação de O Mossoroense, bancada do Observador Político, até atuar pela última vez no Ponto a Ponto, da Rural, em fevereiro de 2018.

 

LUTO

O coração de Emery parou de bater no feriado de 1º de maio, vítima da Covid-19. Mas, a sua voz e sua veia jornalística estão eternizadas, como um dos mais importantes nomes do jornalismo mossoroense.

 

FAMÍLIA

Emery deixa viúva Maísa Almeida, com quem teve os filhos Mayria e Emery Jr. Nosso abraço à família, em forma de solidariedade.

 

É NOTÍCIA

1 - Hoje é o Dia Mundial de Imprensa. Seria para comemorar se a imprensa não continuasse amordaçada por políticos e governos inescrupulosos. Que seja um dia de luta, então.

2 - Absurdo a atitude de quem saiu do isolamento social para invadir o município-praia de Tibau no feriadão. São pessoas que acham que podem fazer de tudo com a própria vida, mas não observa que está pondo em risco a vida do próximo. Francamente.

3 - O primeiro cemitério privado de Mossoró entrou em funcionamento. O Memorial Jardim das Palmeiras está localizado numa área verde de 50 mil metros quadrados, na saída para Fortaleza-CE.

4 - Outra perda para a Covid-19 bastante sentida em Mossoró foi de Alvacir Gomes, que por 30 anos trabalhou na Secretaria de Serviços Urbanos. Era também um incentivador do futebol amador da cidade, bastante querido por todos. Que descanse em paz.

5 - O Rio Grande do Norte atingiu a menor taxa de isolamento social desde o primeiro decreto de quarentena em 23 de março. O índice desceu para 45,5%. O tráfego urbano aumentou assustadoramente depois da flexibilização das medidas restritivas.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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