Há exato um mês, o governo Fátima Bezerra (PT), por meio do secretário de Saúde, Cipriano Maia, fez projeção “otimista” (palavras dele) que morreriam 11.378 pessoas no Rio Grande do Norte pelo novo coronavírus até o dia 15 de maio.
Naquele dia, 7 de abril de 2020, o RN tinha oito óbitos pela Covid-19 e não havia qualquer cenário que justificasse projeção tão absurda.
Também naquele momento o governo Fátima tentava contratar uma Organização Social (OS), via licitação suspeita, por R$ 37,1 milhões para cuidar do hospital de campanha em Natal, que seria instalado na Arena das Dunas.
Não fosse a imprensa séria, o governo teria concretizado o contrato. A imprensa séria denunciou que a licitação estava viciada porque restringia a concorrência para organizações sociais, em detrimento da lei da ampla concorrência no serviço público.
Outro ponto grave é que a licitação dava apenas 24 horas para as concorrentes apresentarem proposta, a contar da data de publicação do edital.
O Ministério Público Federal (MPF-RN) e o Ministério Público Estadual (MPR-RN) se sentiram provocados e abriu procedimento, fazendo o governo recuar e desistir do hospital Arena das Dunas. Mesmo assim, o governo contratou 60 leitos do Hospital da Liga do Câncer do RN por R$ 40 milhões por seis meses.
Pois bem.
Hoje, 7 de maio de 2020, a oito dias da data fatal (15 de maio), o Rio Grande do Norte tem 76 óbitos pelo novo coronavírus, conforme o boletim epidemiológico divulgado no final da manhã desta quinta-feira.
Nesse caso, o governo Fátima precisa de 11.302 mortes em oito dias para confirmar a projeção macabra. Para confirmar as 11.378 mortes, é preciso uma média de 1.413 mortes/dia de hoje até o dia 15.
NOTA DO BLOG: Como perguntar não ofende, o blog pergunta: qual o interesse do governo de ter feito, de público, uma projeção tal absurda e completamente divorciada da realidade?
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.