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Postado às 09h30 | 23 Mai 2020 | Coluna César Santos - 23 de maio de 2020

Crédito da foto: Arquivo Presidente Jair Bolsonaro sai fortalecido do episódio do vídeo

A MONTANHA PARIU UM RATO?

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), não economizou a tinta da caneta para despachar duas “bombas” em direção ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido):

1 - Enviou para a Procuradoria Geral da República (PGR) três notícias-crime apresentadas por partidos e parlamentares contra Jair Bolsonaro e pediu a apreensão do celular do presidente e do filho Carlos Bolsonaro;

2 - Liberou o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, citado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, como prova da interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

A primeira pancada surpreendeu. Não pelo envio das notícias-crime, mas pelo pedido de apreensão do celular do Bolsonaro. Reter celular do presidente da República, em entendimento simples, é uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo. Certamente, haverá reação, inimaginável nesse momento.

A segunda pancada já era esperada. A liberação do vídeo da reunião ministerial era uma certeza. A única dúvida que havia era se Celso de Mello liberaria o conteúdo completo ou apenas os trechos que interessa a investigação sobre a denúncia de interferência do presidente na Polícia Federal. Mello suprimiu pequenas partes e liberou quase tudo.

E o que veio a público comprova o anúncio de véspera que seria estarrecedor?

Sem emitir juízo de valor, vamos aos principais pontos do conteúdo divulgado:

- Bolsonaro disse que vai intervir nos ministérios e que não pode ser surpreendido por notícias divulgadas pela imprensa porque não recebe informações da PF, Inteligência das Forças Armadas e Abin;

- Bolsonaro chamou o governador de São Paulo, João Dória PSDB, de “bosta” e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) de “estrume”;

- Bolsonaro disse que “eu não vou esperar foder a minha família toda” para trocar segurança, chefia de segurança e ministro;

- Bolsonaro reclamou de pressão para mostrar exames de Covid-19 e que abrir impeachment por isso seria 'babaquice'.

Além de Bolsonaro, teve destaque algumas frases de ministros:

- O Abraham Weintraub, da Educação, disse que os ministros do STF deveriam ser presos;

- Ricardo Salles, do Meio Ambiente, defende “passar a boiada” e “mudar” regramento enquanto a intenção da mídia está voltada para a Covid-19;

- Paulo Guedes, da Economia, disse que o Brasil “tem que aguentar” a China.

Portanto, o conteúdo “demolidor”, cantado de véspera, exibiu o que a mídia brasileira já tinha divulgado.

É grave? Sim.

Suficiente para impeachment do presidente? Não.

 

FRASE

Eu não vou esperar foder a minha família toda.

JAIR BOLSONARO – Presidente, sobre trocar comando da segurança, chefia de segurança e ministro

 

MEGAOPERAÇÃO

Os Estados Unidos estão determinados a cumprir a meta de entregar uma imunização segura e efetiva para Covid-19 até o final deste ano. Para isso, prepara uma megaoperação envolvendo mais de 100 mil voluntários e cerca de meia dúzia das mais promissoras candidatas a vacina contra o coronavírus. É um grande desafio desenvolver uma vacina em apenas seis meses, que geralmente leva em torno de 10 anos.

 

AULAS REMOTAS

As aulas remotas são a melhor alternativa para atenuar o prejuízo letivo dos alunos da rede pública e privada de ensino. No entanto, há enormes dificuldades para funcionar na prática, principalmente na rede pública. A tecnologia, mais simples que seja, ainda não chegou para todos. É o caso de Mossoró. O município vai iniciar aulas remotas, mas provavelmente não alcançará todos os alunos.

 

DILEMA

Os cientistas dos governadores do Nordeste sugeriram confinamento compulsório em Mossoró e Natal. A recomendação está na mesa da governadora Fátima Bezerra (PT) em forma de dilema: acata ou descarta? E a decisão, registre-se, é mais política do que de saúde pública.

 

QUESTÃO POLÍTICA

Há uma intenção clara dos governadores do Nordeste de estabelecer lockdown nos noves estados e apresentar a medida radical como a "salvadora de vidas". O lockdown está para o consórcio político do Nordeste, como a cloroquina está para o discurso político do presidente Jair Bolsonaro.

 

VALE LEMBRAR...

O RN não tem representante no comitê de cientistas desde a saída de Ricardo Valentim, coordenador do Lais da UFRN. E ele saiu exatamente por discordar da ideia de lockdown exigida por Miguel Nicolelis e companhia. Valentim continua na equipe do governo estadual para orientar as ações de combate a pandemia da Covid-19

 

OUTRO PONTO

Se a governadora Fátima decretar lockdown em Natal e Mossoró, a medida pode ser derrubada pelos prefeitos Álvaro Dias e Rosalba Ciarlini. Os municípios têm autonomia em decretos com medidas de combate ao vírus.

 

É NOTÍCIA

1 - A Cadeia Pública "Juiz Manoel Onofre de Souza", de Mossoró, foi inaugurada nesta data, em 2002, pelo então governador Fernando Freire e o secretário da Defesa Social, Anísio Marinho Neto.

2 - A Cosern está proibida de cortar o fornecimento de energia elétrica em hotéis, bares e restaurantes enquanto perdurar a pandemia do novo coronavírus. A Justiça estadual também suspendeu por 90 dias a cobrança por demanda contratada.

3 - O prazo de inscrição para o Enem 2020 foi prorrogado para o dia 25 de maio, próxima quarta-feira. É mais uma oportunidade para quem deixar para última hora. Já são mais de 5 mil inscritos.

4 - Dos 53 leitos para covid-19 em Mossoró, 27 estão ocupados por pacientes de outros municípios. É a consequência de um estado que não tem uma rede de saúde pública para oferecer. Funcionam apenas em cidades polos para atender a 3 milhões de pessoas.

5 - Em 24 horas, o RN registrou três mortes por Covid-19, subindo para 181 o número de óbitos do Estado. Bem longe, muito longe mesmo, da projeção macabra do governo Fátima Bezerra (PT) de 11.378 mortes até o dia 15 de maio.

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Coluna César Santos
JORNAL DE FATO
Mossoró
Rio Grande do Norte

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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