SIGUE LA PELOTA
O tão esperado vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, que seria a prova nua e crua da interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, serviu de combustível para inflamar ainda mais as arquibancadas que sustentam a política brasileira. Os bolsonoristas foram para as redes sociais com a bandeira da “vitória”; os adversários fizeram o mesmo, trocando apenas a “vitória” pela “derrota” na bandeira.
De um lado, o vídeo não prova nada; do outro, o vídeo prova tudo. Faz lembrar um Fla-Flu decidido por um pênalti aos 45 minutos do segundo tempo. A torcida do time beneficiado afirma, como se fosse o juiz do jogo, que foi pênalti indiscutível. Já a torcida do time penalizado, reclama de dentes trincados e punhos fechados que não foi pênalti nem aqui nem na China.
No apagar dos refletores, cada um volta à sua insignificância com o sentimento de quem ganhou a narrativa, sustentado pela convicção de que está certo. Ou seja, o errado e derrotado está do outro lado.
Os personagens que gravitam em torno da polêmica, ou fazem parte dela, também se enfrentam nas arquibancadas virtuais. Veja a reação de alguns deles:
Deputada Carla Zambelli, defensora intransigente de Bolsonaro: “Ao ex-padrinho @SF_Moro, gostaria de agradecer por ter contribuído para a reeleição do nosso PR @jairbolsonaro. Prezado, o Sr está desculpado.”
Ex-ministro Sérgio Moro em contraponto a Zambelli: “A verdade foi dita, exposta em vídeo, mensagens, depoimentos e comprovada com fatos posteriores, como a demissão do Diretor Geral da PF e a troca na superintendência do RJ. Quanto a outros temas exibidos no vídeo, cada um pode fazer a sua avaliação.”
Ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores do Brasil, em defesa da narrativa de Bolsonaro: “Deus acima de todos! Sem aspiração de transcendência e sem sentimento de nação (que invoca a transcendência) o ser humano se torna prisioneiro do medo, se amesquinha, perde o amor pela liberdade (ou por qualquer coisa) e fica pronto a aceitar ditaduras. Deus+Nação=Liberdade.”
João Doria, governador de São Paulo, chamado de “bosta” pelo presidente: “O Brasil está atônito com o nível da reunião ministerial. Palavrões, ofensas e ataques a governadores, prefeitos, parlamentares e ministros do Supremo, demonstram descaso com a democracia, desprezo pela nação e agressões à institucionalidade da Presidência da República.”
Como se pode observar, cada lado defendeu o pênalti a seu favor e não tem outro entendimento, nem chamando o VAR. Não há negociação.
E quanto ao conteúdo técnico/jurídico da reunião ministerial de 22 de abril, que comprovaria crime praticado pelo presidente da República, o que levaria a enfrentar processo de impeachment? Pouco ou nada se comentou sobre esse aspecto. Os palavrões do desbocado Bolsonaro ganharam os holofotes, como se fosse uma novidade.
O fato é que o vídeo no contexto da investigação se houve não interferência na Polícia Federal, desceu a plano menor, com uma explicação de fácil entendimento: o que foi dito ali decepcionou as expectativas criadas porque não derruba presidente.
Ou seja, a montanha pariu um rato.
Então, nada a fazer, senão copiar o bordão do famoso narrador Milton Leite: Sigue la pelota.
FRASE
“Palavrões, ofensas e ataques demonstram descaso com a democracia e desprezo pela nação.”
JOÃO DÓRIA - Governador de São Paulo, chamado de "bosta" pelo presidente Bolsonaro
NUE E CRU
Em pouco mais de duas horas do vídeo da reunião ministerial, o presidente Jair Bolsonaro falou 34 palavrões, média de uma a cada três minutos e meio. Bolsonaro foi Bolsonaro na essência da palavra e do comportamento. Nu e cru. Foi assim que ele se elegeu presidente do Brasil.
O ALVO
A retórica de Bolsonaro tem uma estratégia de simples entendimento: ele não fala para convencer adversários, mas sim para engajar a sua base de apoio. Discurso populista, defesa da família, da pátria amada e de Deus acima de tudo e de todos.
ELEIÇÕES 2020
A semana começa com a expectativa de o Congresso Nacional adiar as eleições municipais para 15 de novembro ou 6 de dezembro. Há um entendimento que a decisão deve sair logo para que o TSE possa alterar o calendário eleitoral sem prejuízo aos candidatos, partidos e eleitores.
"CORONAJATO"
O Governo do Rio de Janeiro comprou respiradores com sobrepreço de R$ 123 milhões. O Tribunal de Contas do Estado identificou distorções absurdas e a completa falta de zelo com dinheiro público. Esse tipo de notícia vai se multiplicar por todos o País. Tem muitos gestores engolindo o dinheiro da pandemia de forma voraz e indecente.
SEU FUTURO
A Faculdade Católica do RN inicia campanha para incentivar o jovem estudante ingressar no ensino superior, com bolsa de até 100%. Com título "Dê significado ao seu futuro", a campanha está inserida no processo de seleção digital para os oito cursos de graduação da faculdade sediada em Mossoró. O vestibular será realizado exclusivamente pela plataforma on-line da instituição. Inscrição na páginacatolicadorn.com.br.
É NOTÍCIA
1 - O Skate Parque de Mossoró completa hoje 18 anos, como espaço de esporte na Avenida Rio Branco. Recebe o nome de desportista Javan Monte de Souza, que era um amante do skate.
2 - O governo do Maranhão instalou cabine de desinfecção na entrada do presídio estadual de Pedrinhas. Medida para inibir a infecção de apenados. A cabine é igual a instalada pela Prefeitura de Mossoró no mercado da Cobal.
3 - A partir desta segunda-feira, 25, a Prefeitura de Mossoró começa a multar as empresas que não cumprirem as medidas de isolamento social previstas em decreto. Multa pode chegar até R$ 1,5 mil.
4 - O Sindicato dos Servidores Públicos de Mossoró (SINDISERPUM) é contra aulas remotas na rede municipal de ensino. Segundo a entidade, aula não presencial é exclusão ao direito à educação. Ok. Mas, vale uma pergunta: a pandemia não exclui?
5 - O Governo Federal estuda a quarta parcela do auxílio emergencial, mantendo os valores de R$ 600 e R$ 1.200. A oficialização espera o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes. O governo já está pagando a segunda parcela a mais de 50 milhões de pessoas.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.