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Postado às 10h45 | 30 Mai 2020 | Mossoró analisa protocolo do Cremern para uso da cloroquina

Crédito da foto: PMM Prefeita Rosalba Ciarlini debate com representantes do Cremern

O município de Mossoró analisa seguir a recomendação do Conselho de Medicina do Rio Grande do Norte (CREMERN) sobre o uso de medicamentos para tratamento de pacientes da Covid-19, que inclui a hidroxicloroquina - derivado da cloroquina – e azitromicina. Essa possibilidade foi discutida em videoconferência pela prefeita Rosalba Ciarlini (PP), secretária municipal de Saúde, Saudade Azevedo, e representantes do Cremern.

A proposta do conselho, que possivelmente será seguida pelo município, faculta aos médicos da atenção básica a prescrição da hidroxicloroquina, azitromicina, cloroquina, ivermectina e outros no tratamento da covid-19, exclusivamente na fase inicial da doença, resguardados os devidos casos e exceções previstos na recomendação 004/2020 do Cremern. A decisão ainda não foi tomada, mas a prefeita Rosalba, que é médica, respaldada por orientações técnicas, deverá aprovar o novo protocolo.

Durante a reunião remota, Rosalba Ciarlini disse que está preocupada como prefeita e angustiada como médica, ressaltando que a sua determinação é salvar vidas. “Estamos estudando adotar o protocolo do Cremern na atenção básica, baseado em casos exitosos em hospitais e redes hospitalares, como Hapvida e Unimed, que tiveram pacientes que usaram esses medicamentos nos primeiros sintomas da covid-19”, disse.

A prefeita realçou que “há vários trabalhos pelo mundo que mostram que a hidroxicloroquina, por exemplo, ajuda na fase inicial. Não podemos ficar esperando meses e meses e as pessoas morrendo”, afirmou.

Caso a Prefeitura de Mossoró adote o protocolo, vai enviar um documento informando aos profissionais da rede na próxima semana.

Participaram da reunião à distância a prefeita Rosalba Ciarlini, a secretária Saudade Azevedo, os coordenadores médicos das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) - Jonatas Carvalho, Lídio Wanderson, Wedney Livanio e Márcio Luiz -, diretor do SAMU, Dixon Fradik, e o médico delegado do Cremern­­ em Mossoró, Manoel Nobre.

 

Cremern antecipou decisão do Ministério da Saúde para uso da cloroquinha

O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte recomendou o uso da hidroxicloroquina – derivado da cloroquina – e azitromicina em pacientes com diagnóstico de coronavírus em 19 de maio, um dia antes de o Ministério da Saúde inserir a cloroquina no protocolo do Sistema Único de Saúde (SUS).

As Recomendações nº 04/2020, nas quais estabelecem critérios e condições para a prescrição da hidroxicloroquina e azitromicina foram aprovadas na sessão plenária do dia 18, com o documento publicado no dia seguinte, 19.

O Cremern afirma que a Câmara Técnica de enfrentamento à COVID-19 e os Conselheiros estão cientes da falta de evidências científicas robustas para o tratamento dessa enfermidade. Porém, ressalta que “no presente momento, o descompasso entre os efeitos da pandemia e as respostas da ciência exigem um olhar diferenciado sobre essas observações.”

O conselho explica que as diretrizes apresentadas visam priorizar a avaliação médica precoce e nortear a prescrição segura, estando direcionadas para o tratamento das três fases clínicas e fisiopatológicas identificadas da COVID-19. A proposta atual seguirá a dinâmica científica e poderá ser modificada, sempre que necessário.

A posição do Cremern em relação ao derivado da cloroquina se aproxima do entendimento do Ministério da Saúde. O documento da pasta federal diz que cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não a substância, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, com a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.

O Cremern, em seu documento, afirma que alguns estudos observacionais ou de intervenção têm sido publicados e que um deles avaliou 20 pacientes com Covid-19 que usaram hidroxicloroquina 600 mg/ dia, associada ou não à azitromicina, com o objetivo de avaliar a eliminação do vírus através de coleta de swab nasofaríngeo.

“No sexto dia, nos pacientes que utilizaram hidroxicloroquina e azitromicina houve eliminação do vírus em 100% dos casos, nos que usaram somente hidroxicloroquina em 57.1% e nos controles em 12.5%”, atesta.

“Outro estudo incluiu 62 pacientes e avaliou hidroxicloroquina 400 mg/dia por 5 dias versus placebo em pacientes com COVID-19 hospitalizados em enfermaria. Todos os pacientes receberam oxigênio, agentes antivirais, antibióticos e imunoglobulina com ou sem corticoide. A remissão da tosse e da febre foi mais rápida no grupo intervenção, bem como a melhora radiológica pulmonar foi de 80.6% neste e 54.5% no controle. Quatro pacientes do grupo controle evoluíram com piora e apenas dois pacientes do grupo intervenção apresentaram efeitos adversos, sendo um caso de cefaleia e um de rash cutâneo”, diz o documento do Cremern.

O conselho ressalta que outros estudos que incluíram pacientes com COVID-19 internados tratados com hidroxicloroquina e azitromicina nas doses habituais não demonstraram benefícios que indiquem esta terapia, nem malefícios que a contra-indiquem. “Um melhor entendimento quanto às etapas evolutivas da doença acendeu uma discussão de potenciais terapias para cada fase, levantando a hipótese de que alguns medicamentos agiriam melhor em fases iniciais da mesma”, observa.

“Uma análise retrospectiva de 1.061 casos na França observou que o uso precoce de azitromicina com hidroxicloroquina em pacientes com COVID-19 foi seguro e associado à diminuição significativa da mortalidade. Outros estudos estão avaliando prospectivamente esta terapêutica na fase precoce da doença, porém, os resultados só estarão disponíveis a posteriori”, pontua.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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