Quinta-Feira, 06 de fevereiro de 2025

Postado às 10h45 | 26 Ago 2020 | Redepetro diz que venda do polo potiguar reaquecerá indústria petrolífera

Crédito da foto: Marcos Garcia/JORNAL DE FATO Geólogo Gutemberg Dias, presidente da Redepetro/RN

A venda do polo potiguar, anunciada pela Petrobras, reaquecerá a atividade de petróleo e gás no Rio Grande do Norte. A avaliação é da Associação Redepetro RN, que congrega empresas do setor. Segundo a entidade, a negociação provocará reviravolta no mercado: substituirá o desinvestimento da Petrobras por aportes da iniciativa privada.

A Petrobras iniciou processo para venda da totalidade de suas participações em um conjunto de 26 concessões de campos de produção terrestres e de águas rasas no Rio Grande do Norte, que formam o Polo Potiguar. O ativo compreende os subpolos Canto do Amaro, Alto do Rodrigues e Ubarana, com 23 concessões terrestres e três marítimas.

Também inclui acesso à infraestrutura de processamento, refino, logística armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural. A companhia destacou que está incluída na transação a refinaria Clara Camarão, localizada no município de Guamaré, que possui capacidade instalada de refino de 39,6 mil barris de petróleo por dia.

O presidente da Redepetro RN, Gutemberg Dias, avalia que a venda consolidará nova realidade da bacia potiguar, iniciada com a negociação de 46 concessões, a qual movimentou cerca de R$ 2,1 bilhões em sete meses. “A saída da Petrobras não significa o fim da atividade petrolífera no RN. Pelo contrário. Trará oportunidades para toda a cadeia produtiva”, observa.

Dias cita o exemplo do campo Riacho da Forquilha, em Mossoró, recentemente adquirido pela empresa Potiguar E&P. “Em apenas seis meses após assumir o campo, a produção aumentou 30%”, lembra. Esses e outros números, segundo ele, transformaram o Rio Grande do Norte em referência nacional em revitalização de campos terrestres (onshore).

“A decisão da Petrobras não é um revés, mas uma virada no mercado. No lugar de uma petrolífera sem interesse de investir, chegarão empresas de grande porte, decididas a novos investimentos”, avalia. Essas grandes corporações – observa – contratarão mão de obra, sublocarão empresas menores, comprarão no comércio local, enfim, movimentarão a cadeia.

O que a Petrobras precisa esclarecer – adverte Gutemberg Dias – é se a venda do polo será única ou fracionada. “Seria interessante que várias empresas comprassem o ativo potiguar, porque novos entrantes gerariam mais negócios. Nossa ressalva é que haja pluralidade para dinamização do negócio, e não a venda de todo o polo para uma única empresa”, pondera.

 

Sindipetro-RN contesta decisão da Petrobras

A diretoria colegiada do Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do RN Sindipetro/RN), como representante da categoria petroleira no estado, divulgou nota de repúdio à decisão da Petrobras de anunciar a vendas dos 26 poços da Bacia Potiguar.

A direção do sindicato classifica como “decisão criminosa e irresponsável”, em colocar à venda as participações do conjunto de 26 concessões de campos de produção terrestres e de águas rasas, localizadas na Bacia Potiguar, denominadas de Polo Potiguar.

“Caso isso venha se concretizar, isso significa dizer que serão vendidos quase todos os ativos produtivos remanescentes e, logo logo, não existiria mais Petrobras em nosso Estado”, diz outro trecho da nota.

Na avaliação do Sindicato, ao ceder direitos de exploração de campos de petróleo e de alienar ativos do RN, a economia potiguar, que já foi enfraquecida pelas vendas anteriores sofrerá um impacto ainda maior, já que serão perdidos diretamente cerca de 1.000 empregos no estado, seja por transferências e demissões involuntárias.

“Com essa venda, a Petrobras deixará de exercer um papel fundamental no desenvolvimento econômico do Estado. Isso trará grande repercussão no índice de empregabilidade e nas compras de produtos e serviços, no fomento à inovação tecnológica, e na função estruturante do processo de desenvolvimento do estado.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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