CAMPANHA VERSUS COVID-19
Comícios, corpo a corpo, passeatas e carreatas. Foi assim o primeiro dia de campanha eleitoral no Rio Grande do Norte. Candidatos nas ruas, eleitores também. Aglomeração. Poucos ou quase ninguém usando máscaras. E o álcool, só mesmo para ingerir até virar a perna.
A multidão deu um “tô nem aí” para o novo coronavírus. Aliás, já tem sido assim nas praças, balneários, shopping e parques.
Quem achava que seria diferente? Se a Justiça Eleitoral liberou a campanha de rua, é para ter campanha de rua. Assim pensa a maioria. E assim ocorreu no domingo, 27, devidamente respaldado pela legislação eleitoral.
Há quem argumente que a Justiça liberou com recomendação para evitar aglomerações e/ou adotar medidas de prevenção. Beleza. Mas, como promover manifestação político-eleitoral de rua sem aglomerar? Impossível.
No interior, principalmente, candidato que não aglomerar não tem votos, assim diz a regra do jogo eleitoral. Uma passeata tem que ser maior do que a do adversário; tem que impressionar. Em determinados municípios, até apostas são feitas sobre quem leva mais gente às ruas, qual foi a maior passeata, etc.
Em Patu, município da região do Médio Oeste potiguar, tem a tradição de medir as passeatas por postes ao longo da avenida principal. Quem conseguir preencher os espaços entre o maior número de postes é visto como o futuro vencedor. Se repetirá nas eleições deste ano.
Pois bem.
As aglomerações preocupam porque ainda não vencemos a pandemia da Covid-19, apesar da regressão do número de óbitos e infectados. É preciso continuar os cuidados redobrados, se possível, evitando aglomeração e/ou respeitando medidas sanitárias como o uso de máscara e álcool em gel.
Mas, quem vai fiscalizar diante de um eleitor ávido pelas ruas?
O secretário de Saúde do Estado, Cipriano Maia, disse nesta segunda-feira, 28, que o governo não tem condições de fiscalizar os 167 municípios potiguares, transferindo a tarefa para os gestores municipais, cujos titulares, em sua maioria, são candidatos/candidatas à reeleição. É pouco provável que a recomendação seja respeitada, salvo as exceções como, por exemplo, Caicó e Florânia, na região do Seridó, em que os gestores Batata Araújo e Márcia Nobre baixaram decreto proibindo eventos políticos que tem aglomerações, tais como passeatas, carreatas, comícios e similares.
É improvável que o exemplo seja seguido em outras dezenas de cidades potiguares. Por isso, há quem defenda que a Justiça Eleitoral determine a suspensão das mobilizações públicas e resuma a campanha eleitoral à plataforma eletrônica. Não é razoável. A grande maioria dos municípios não tem programa de rádio e televisão e boa parcela da população ainda está excluída das redes sociais. Logo, a eleição estaria prejudicada sob o aspecto legal e democrático.
Esse era o risco que se previa quando o Congresso Nacional decidiu não cancelar as eleições municipais e optou apenas por adiar de outubro para novembro, continuando, portanto, dentro do cenário de pandemia do novo coronavírus. Cabe, agora, a própria Justiça encontrar a solução. Se é que existe.
FRASE
A vigilância sanitária dos municípios tem que atuar porque a Sesap não tem condições de fazer essa fiscalização.
CIPRIANO MAIA - Secretário de Saúde do RN, transferindo responsabilidade de fiscalizar eventos eleitorais para os municípios
IMPUGNAÇÃO
O Ministério Público Eleitoral entende que a ex-prefeita Cláudia Regina (DEM) não reúne as condições de registrabilidade, uma vez que os seus direitos políticos estão suspensos até o dia 7 de outubro de 2020. Essa é a sustentação do pedido de impugnação da candidatura de Cláudia feita pelo promotor eleitoral Lúcio Romero Marinho Pereira. A ação tramita na 34ª Zona Eleitoral.
DEFESA
Cláudia Regina se agarra na decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que "liberou" políticos condenados nas eleições de 2012 para o pleito 2020, já que as eleições foram adiadas de 4 de outubro para 15 de novembro. Por maioria de votos, a Corte entendeu que o período de inelegibilidade não pode se estender a nova data do pleito. Esse é o argumento que a defesa de Cláudia apresentará.
RECORDE
Até o fechamento desta edição, às 17h, o site do TSE já havia registrado 19.144 pedidos de candidaturas a prefeito (a) e 508.033 de candidatos a vereador. Já é o novo recorde de candidatos em eleições municipais.
NO ESTADO
Na página do Rio Grande do Norte, já estavam registrados pedidos de 507 candidatos a prefeito (a) e 9.249 postulantes às Câmaras Municipais. Os candidatos estão distribuídos em 33 siglas.
EM MOSSORÓ
No segundo maior colégio eleitoral do RN, pediram registros seis candidatos à Prefeitura e 460 candidatos à Câmara Municipal. Esses números devem aumentar até o sistema processar todos os pedidos feitos.
RÁDIO E TV
Definidos - oficialmente - o tempo de rádio e televisão em Mossoró. Candidata Rosalba Ciarlini (PP): 3m, 37s, 37c; Cláudia Regina (DEM): 2m, 23s, 82c; Isolda Dantas (PT): 1m, 48s, 29c; Allyson Bezerra (SD): 1m, 06s, 84c; Irmã Ceição (PTB): 00, 21s, 84c; Ronaldo Garcia (Psol): 00, 21s, 84c.
PRIMEIRO TURNO
O programa eleitoral começa dia 9 de outubro e vai até o dia 13 de novembro.
É NOTÍCIA
1 - Há 28 anos, a Câmara autorizava o Senado processar o presidente Fernando Collor, por 441 votos a 38. Collor foi afastado e cassado depois. Daí, começava o governo Itamar Franco, seu vice.
2 - Nesta data, em 1993, o então governador José Agripino Maia inaugurava a reforma e ampliação da pista do Aeroporto Dix-sept Rosado. Também entregou estação rodoviária Antônio Rodrigues de Carvalho, homenagem ao ex-prefeito de Mossoró.
3 - Depois das aglomerações no fim de semana, o Ministério Público Eleitoral alerta que candidatos podem responder por crime se desrespeitarem as regras de contenção à Covid-19.
4 - O Renda Cidadã, lançado pelo presidente Bolsonaro para substituir o Bolsa Família, deve fixar renda entre R$ 200 a R$ 300. Acima dos valores do Bolsa, mas distante da expectativa dos R$ 600. Os recursos virão de precatórios e do Fundeb, segundo o governo.
5 - As queimadas estão atingindo a região Oeste e dando muito trabalho ao Corpo de Bombeiros. No fim de semana, incêndios atingiram a mata no município de Apodi e à margem da BR-405. Algumas fazendas perderam todo o pasto.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.