Urna eletrônica sobreviveu aos ataques dos extremistas nas eleições municipais 2020
URNAS MANDARAM RECADO
Apuradas as urnas do 2º turno das eleições municipais, algumas importantes lições impõem a partidos e políticos um novo cenário que levam à sucessão presidencial 2022. Também alguns recados para diferentes forças políticas.
O maior dos recados é que o eleitor rejeitou o radicalismo da extrema direita X extrema esquerda. Quem optou por esse túnel que deu certo nas eleições de 2018, se deu mal, foi rejeitado nas urnas. Os bolsonistas perderam e o PT não elegeu nenhum prefeito de capital.
Ponto positivo para o político educado, polido, que fez campanha propositiva, sem calúnias, difamações, injúrias e ofensas. O eleitor decidiu romper com esse modelo que prevaleceu no pleito presidencial de 2018. Portanto, menos palavrão; mais propostas.
Vamos aos pontos importantes:
- Nenhum candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito. Ele sai derrotado. Fato. Agora, não se pode garantir que a derrota nas urnas municipais signifique o enfraquecimento do bolsonarismo. A eleição para prefeito prevalece a preocupação com os problemas locais; tem pouca ligação com o pleito nacional. No entanto, deve ser dito que Bolsonaro perdeu a “varinha mágica” que elegia seu candidato de preferência onde ela tocasse.
- O ex-presidente Lula e o PT sofreram derrota acachapante. Não governará nenhuma capital a partir de 2021 e perdeu 74 prefeituras no total. Significa que os brasileiros continuam rejeitando o PT por erros éticos recentes e que Lula perdeu o toque de midas, que elegia até um poste como aconteceu nas eleições de Dilma Rousseff em 2010 e Fernando Haddad em São Paulo.
- O Centrão saiu vitorioso, aliás, o maior vitorioso, e vai governar quase a metade dos municípios brasileiros a partir de 1º de janeiro de 2021, com destaque para o DEM que viu seu potencial crescer nas urnas. Todos os partidos desse bloco aumentaram o total de prefeituras: DEM (+191), Progressistas (+186), PSD (+114), Republicanos (+105) e Podemos (+72).
- O PSDB saiu das urnas sem saber para onde os ventos vão soprar. Manteve São Paulo, a maior e mais importante Prefeitura do País, mas foi quem mais perdeu capitais e saiu com 285 prefeitos a menos.
- Já o PDT, dos irmãos Gomes, tem motivo para comemoração. É o partido de esquerda com melhor desempenho, com maior número de prefeitos. De quebra, manteve o poderio eleitoral no Ceará, com vitória de José Sarto em Fortaleza.
- Um olhar especial deve ser voltado para Guilherme Boulos, do Psol. Embora derrotado em São Paulo, ele mudou de estilo e assumiu o novo perfil que pode colocá-lo no tabuleiro da sucessão presidencial em 2022. Boulos tem muito mais a comemorar do que a lamentar o resultado das urnas.
- Uma vitória bem especial, do voto eletrônico. O sistema eleitoral brasileiro saiu fortalecido, derrotando o movimento orquestrado em redes sociais, por parte de extremistas, para desacreditar o modelo de voto do TSE. Por consequência, desceu degraus o discurso do presidente Bolsonaro de tentar resgatar o voto em papel.
Por fim, a lambança das pesquisas eleitorais, que saíram derrotadíssimas da campanha, inclusive, os dois maiores institutos do País, Ibope e Datafolha, que erraram feio no segundo turno. Mas, este é um capítulo à parte, para outro comentário.
FRASE
É preciso ter em conta que nós realizamos eleições em meio a uma pandemia
LUIS ROBERTO BARROSO - Presidente do TSE sobre quase 30% de abstenções no segundo turno das eleições municipais
ABSTENÇÃO
No segundo turno das eleições, a abstenção dos eleitores foi de 29,50%, equivalente a 11,1 milhões de pessoas. Nas eleições de 2018, 2016 e 2014, o índice de eleitores faltosos ficou em torno de 21%. Credite na conta da pandemia do novo coronavírus. Talvez, seja uma resposta do insulto da campanha eleitoral ao vírus, com aglomerações que aumentaram o número de novos casos.
FAZ TEMPO
Quem lembra o último concurso público para vagas de nível médio na administração estadual do RN? Faz tempo. Foi em 1990, no último ano da gestão do governador Geraldo Melo. O vácuo de três décadas está lembrado pelo Sindicato dos Servidores (SINSP), após a governadora Fátima Bezerra (PT) anunciar concurso para as polícias (necessidade) sem observar outras categorias.
G-6
Os vereadores reeleitos Genilson Alves (Pros) e Didi de Arnor (Republicanos) formaram grupo para disputar a presidência da Câmara de Mossoró. Juntos com eles estão os novatos Edson Carlos (Cidadania), Gideon Ismaias (Cidadania), Isaac da Casca (DC) e Omar Nogueira (Patriotas). O chamado "G6" contrasta o favoritismo do vereador eleito Lawrence Amorim (Solidariedade).
FIÉIS E INFIÉIS
Outro grupo está se formando com reeleitos e eleitos com simpatia ao nome de Larissa Rosado (PSDB). A disputa neste momento, concentrada nos bastidores, está dividida em três, com fieis e infiéis na mesma curva.
MOURÃO
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, confirmou presença na abertura do Fórum do Desenvolvimento do Semiárido em Mossoró, marcada para quinta-feira, 3. O evento vai discutir problemas e soluções para compor um novo Plano do Semiárido.
MILITAR
Não se viu, até aqui, nenhuma revolta, protesto ou comoção pelo assassinato do sargento Ricardo Bento, ocorrido no fim de semana em Natal. Foi ignorado até por parte da imprensa. Pelo visto, só a família interessa a vida de policial militar.
É NOTÍCIA
1 - O que será feito do Hospital São Luiz pós-pandemia da Covid-19? Há quem diga que os seus gestores não se sentem estimulados e que o grupo de empresários está de olho. São especulações.
2 - A chance é mínima ou quase nenhuma de o Governo do Estado autorizar concurso público para professores e técnicos administrativos da Uern. A necessidade é indiscutível, mas o cofre do estado não responde positivamente. Eis a questão.
3 - A governadora Fátima Bezerra (PT) conta com a possibilidade de anunciar em janeiro as datas de pagamento dos salários atrasados de 2018. Com três anos de atraso, não há motivo para celebração.
4 - Quase 50% dos municípios potiguares estão na zona de risco da Covid-19. Esses municípios estão localizados na região do Vale do Açu e da grande Natal. A zona de risco é considerada quando a taxa de transmissibilidade fica a acima de 1.03.
5 - O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro, sem se envolver, viu o bolsonarismo e a esquerda brasileira descerem a ladeira nas urnas municipais. Por gravidade, viu que o seu cacife está em alta, embora silencioso. A corrida presidencial 2022 promete.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.