Quarta-Feira, 05 de fevereiro de 2025

Postado às 08h30 | 06 Dez 2020 | ‘Bolsonaro fez acordo com o Centrão sim, senão não aprovava nada’

Crédito da foto: Maricélio Alemdia/JORNAL DE FATO Deputado federal general Eliéser Girão tomou o cafezinho com César Santos

Por César Santos e Maricelio Almeida/JORNAL DE FATO

Mossoró sediou o Fórum de Desenvolvimento do Semiárido, evento que contou com importantes presenças, como a do vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, e de ministros como Milton Ribeiro (Educação), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações). O sucesso do evento tem a digital do deputado federal e presidente da Comissão Parlamentar Mista em Prol do Semiárido, General Girão (PSL/RN).

O deputado é o entrevistado da edição deste domingo, 6, da seção “Cafezinho com César Santos”.

Na longa conversa, Girão aborda os reflexos do pleito municipal deste ano nas eleições vindouras, onde deverá colocar o seu nome à disposição e trabalhar, mais uma vez, para que o presidente Jair Bolsonaro saia vitorioso das urnas, apesar de ser contra a reeleição.

Também na conversa a seguir, o parlamentar reforça a sua posição favorável ao voto impresso, afirma ser possível ainda que o partido articulado pelo presidente Bolsonaro, o Aliança pelo Brasil seja registrado, e dispara: “Bolsonaro fez acordo com o Centrão sim, pra trazer o Centrão pra base política, senão não aprovava nada. Na política ninguém faz nada sozinho”. Acompanhe.

Deputado, o presidente Jair Bolsonaro chegou a pedir votos para candidatos em várias cidades do país, inclusive em sete capitais, e perdeu em quase todas. Foi um recado do brasileiro de que não estaria satisfeito com o governo do presidente?

Acredito que não, eu mesmo também me posicionei em relação a algumas pessoas aqui no Rio Grande do Norte e fora também do Rio Grande do Norte, acabei de voltar agora de Fortaleza, onde fui apoiar o Capitão Wagner. O que acontece na política, e o presidente Bolsonaro sempre falou pra gente, que é muito difícil você transferir votos, a transferência de votos de alguém pra outras pessoas, ela é difícil. Principalmente, quando você trata com eleitores que têm certo grau de conhecimento e diz assim: “o general está pedindo voto pra fulano de tal, mas esse fulano de tal ele já tentou alguma coisa aqui e não deu certo”. Então, não se consegue transferir com tanta facilidade. O Bolsonaro dizia assim: “minha transferência de votos ela é limitada, às vezes, chegando ao máximo de 20%”. E é verdade, é verdade. Ele não transferiu os votos nem pra mim quando fui eleito e muito menos pra outras situações. Eu não fico nessa de dizer que vou apoiar quem está na crista da onda, não. Eu tenho que apoiar as pessoas que me apoiaram ou que estão conosco em um compromisso, um compromisso de apoio ao governo brasileiro, um compromisso de apoio ao nosso mandato. No mandato eu preciso de apoio. Às vezes, você precisa apoiar alguém que te apoiou na campanha e, talvez, esse alguém não esteja assim, num grau de conhecimento, num grau de confiabilidade das pessoas, né?

 

O presidente afirmou inicialmente que não iria apoiar ninguém...

Bolsonaro tinha falado que não ia se posicionar de jeito nenhum. E depois ele acabou cedendo. A decisão foi dele. Eu achava que nós não deveríamos ter candidatos a prefeitos em nenhuma cidade do Rio Grande do Norte, achava que não deveríamos ter candidatos do nosso grupo político. Poderíamos apoiar outro candidato de outro partido, de outro grupo político, mas que tivesse apoiando a base do governo Bolsonaro, que pudesse apoiar uma campanha futura tanto pro presidente como pra minha também. A gente procurou esse tipo de correspondência política sem conchavos, sem compra de votos, sem compra de apoio, nada disso. Era só nas ideias, entendeu? A gente fez isso daí, alguns momentos isso deu sorte. Eu tenho algumas pessoas que foram eleitas que dizem que me apoiam, que dizem que vão me apoiar num projeto de reeleição. A política é feita desse jeito também.

Parece que há um entendimento quase que unânime, que aquela disputa marcada pelo extremismo, como ocorreu em 2018, por exemplo, ela perdeu força nas eleições municipais desse ano. Prevaleceu muito mais o candidato mais educado, mais polido, de discurso mais ameno. Isso pode também ter sido um recado para o pleito de 2022?

Se eu tivesse essa resposta pra você, eu juro por Deus que eu guardaria todos os ensinamentos pra próxima campanha. Eu acredito que não existem eleições iguais, a política mesmo fala isso. Eu procuro não usar mais esse termo velha política e nova política, mas eu digo que a política brasileira, nós, talvez, tenhamos desvirtuado a essência da política desde o tempo de Aristóteles e companhia limitada, porque nós ainda nos mantemos muito em função de Maquiavel. Maquiavel achava que se você chegasse pra alguém e dissesse assim: “ó, tá aqui o dinheiro pra você votar em mim, pra votar no fulano”, os fins, a eleição do cara, justifica os meios, “eu vou comprar, mas eu quero que esse cara seja eleito”. Isso não cabe mais no mundo de hoje. Então, por isso que eu digo que a política, ela precisa ser feita de um jeito diferente. O compromisso nosso tem que ser com o resultado final do bem coletivo. E a gente sabe que na política ainda existe a figura do prefeito que compra vereador pra ser da base do governo dele, mesma coisa de governador com deputado. É impressionante isso daí. Bolsonaro fez acordo com o Centrão sim, pra trazer o Centrão pra base política, senão não aprovava nada. Na política ninguém faz nada sozinho, você tem que estar agrupado em blocos, em grupos políticos, que possam ter alguma semelhança. A gente está criando uma frente conservadora na América Latina. Tem gente preocupada. Fernando Henrique Cardoso disse que está preocupado com o aumento do conservadorismo no Brasil. Opa! Eu estou feliz. Se eu estou deixando um cabra como ele incomodado, a gente está feliz.

 

Mas o senhor acha que para as próximas eleições, daqui a dois anos, ainda há espaço para um debate no campo ideológico?

Eu acredito que sempre vai haver. Infelizmente, aqueles que ainda pensam na política do passado, eles ainda acham que a ideologia tem que estar à frente. Pra nós, que advogamos esse conservadorismo, a gente não tem a preocupação com a ideologia não, pelo contrário, a gente tem a preocupação que a manutenção da ideologia continue, por exemplo, eu fui à Ufersa e fiquei sabendo que, semana passada, fizeram um movimento lá, que quiseram entrar no prédio da reitoria pela janela, fizeram agressões lá do começo da tarde até nove horas da noite. Pra que isso? Quem é que está financiando isso daí? Carros trazendo gente de outras cidades, outras regiões do estado. E tinha 50, 60 pessoas, num universo de alunos lá que é de muito mais do que três mil alunos. Às vezes, a gente olha assim, diz, “pô, como é que pode uma minoria tão barulhenta?”. Veja na Câmara dos Deputados, PSOL, PCdoB, PT são os partidos que mais falam, alguns do PSD também, mas esses três aqui, principalmente, porque têm espaço como líder da maioria, como líder do partido, como líder da bancada, como líder da oposição. Eu acredito que a gente precisa mudar a maneira de se pensar e fazer política.

De que forma?

Eu, deputado federal, criei uma frente parlamentar de desenvolvimento e estou trazendo ações de desenvolvimento. Semana passada, a gente estava fazendo um seminário em Ipanguaçu, um seminário que reunimos os produtores de toda aquela região ali, porque o agronordeste, quando foi pensado pela ministra Tereza Cristina (Agricultura), foi pra desenvolver regiões que tenham vocação com o agronegócio. Então, acho que o político ele deveria agir como um elemento de conciliação, de aproximação e não de dizer assim: “com que grupo político eu vou estar na próxima eleição, porque eu estou preocupado com a minha reeleição”. Eu não estou preocupado com a minha reeleição. Não sei nem se vou pra reeleição, hoje eu estou pensando em ir pra reeleição, porque eu quero saber se as ações que nós estamos fazendo, se elas vão ter algum tipo de resposta. Se tiverem, eu me estimulo. Se não tiverem, eu vou dizer assim: “ó, tentei, mas não consegui”.

 

A confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, eu penso que ela saiu fortalecida nas eleições municipais deste ano. Por gravidade, aquele movimento para resgatar o voto impresso deve ter perdido força, e prevaleceu a importância do voto eletrônico. O senhor vai manter esse discurso pelo retorno, pelo resgate do voto impresso?

O que acontece é o seguinte: existe uma interpretação errada do que é esse voto impresso. Primeira coisa: eleições americanas, Estados Unidos, América. Uma negação, horrível, horrível. Estão auditando e só é possível auditar se o sistema tiver como você ter uma contraprova. Se você votou no papel, jogou numa urna, o cara contou. Deu dúvida? Conta de novo. O sistema eletrônico, na hora que você aperta o confirma acabou; o voto está computado lá dentro e você não tem como auditar esse voto. O nosso sistema não tem uma possibilidade de fazer uma contraprova, uma auditoria. Qual era a opção disso daí? O ano passado, nós fizemos uma audiência pública lá na Câmara dos Deputados, eu fui um dos promotores dessa audiência pública, chamamos técnicos de várias áreas e, de uma maneira geral, naquela audiência pública, chegou-se a seguinte conclusão: o importante é você ter capacidade de auditar.

Partindo para o voto impresso...

Pra você auditar, é importante que quando você apresentar a tela, que você possa olhar e dizer assim: o meu candidato é esse, confirma, tem que haver uma maneira de que aquilo que você está apertando ali ele também gere uma cedulazinha, que caia dentro de uma caixa que esteja junto da urna eletrônica. Essa é a impressão que a gente quer. Quando você imprime alguma coisa no caixa eletrônico, vem uma impressão pra você, mas fica registrado lá dentro também. Então, o que nós queremos é que haja a possibilidade de fazer uma auditoria. Porque você vê, um médico chegou à votação, agora, nessas eleições, no Rio Grande do Norte, e disse assim: “eu fui votar, mas alguém já tinha votado no meu nome”. Então, houve um descontrole naquela hora, porque somos humanos, é normal a gente falhar. O que a gente quer desse voto impresso é um voto que possa ser auditado. Até porque as urnas eletrônicas são equipamentos eletrônicos. Você agora está conectado à internet e passivo de agora alguém entrar no teu sistema aqui e invadir os seus dados, botar um vírus, fazer alguma coisa.

 

Mas as urnas não são conectadas à internet...

Pois é. A principal justificativa que os ministros do Supremo estão em relação à auditoria é que as urnas não podem ficar ligadas ao sistema mundial, porque pode sofrer ação dos hackers. Mas na hora que a urna está funcionando, ela não está ligada a sistema de internet nenhum, ela está gerando as informações somente ali naquela sala. Agora, quando termina, aí não, quando termina, o cara aperta o botão, faz a contabilização dos votos final e gera um boletim, e aquilo dali é que ele vai ser transmitido para o TRE, certo? Então, o que a gente quer e que os técnicos defendem, é que isso (auditoria) seja possível de ser feito. Agora, tem outra coisa no sistema eleitoral nosso, que a gente está protocolando agora na Procuradoria Geral, que é um pedido de investigação em relação às pesquisas eleitorais. Por quê? Porque a pesquisa eleitoral é indutora de muitas pessoas. Muita gente, a gente sabe que é assim, afirma que vai votar em quem está ganhando. A gente sabe que as pesquisas são contratadas pelos partidos, ou pelos candidatos até. Mesmo obrigando que haja registro, infelizmente, existe uma leniência, é uma verdade isso daí, existe uma leniência na nossa Justiça, de saber que existe compra de voto, mas que não se consegue, a cada eleição, não se consegue impedir a circulação das pessoas da madrugada, chegando às casas, entregando dinheiro na mão, e o que a Justiça faz? A Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte votou os pedidos dos juízes eleitorais e o RN teve mais de 40% dos municípios do Brasil todo, que houve pedido de segurança das eleições para o uso das Forças Armadas, aqui. Só o RN exigiu 40% de todos os municípios, a maioria não, a maioria eu acho que o juiz eleitoral deve ter chamado o delegado geral, disse assim: “eu quero investigação, agora a investigação tem que ser velada, essa investigação tem que ser disfarçada”. O que a nossa polícia faz? Coloca o distintivo de Policial Civil no peito, com a corrente bonita e sai por aí investigando.

O senhor tem fatos concretos em relação às pesquisas?

Sim. Muitos. Agora no segundo turno, lá em Fortaleza, a pesquisa apontava para o candidato do PDT, 61% pra ele. Pesquisa liberada no dia anterior da eleição. No dia da votação, deu 51%. Dez por cento, amigo, a margem de erro aí é difícil, não dá para aceitar. E o que o cara fez? “Desculpa”. A mesma coisa que a Fátima Bezerra fez com o negócio do Consórcio Nordeste, “desculpa, tomamos um calote de cinco milhões”.

 

Os partidos de centro e oposição assinaram um manifesto contrário à reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Pela Constituição, pelos regimes internos, as Casas impedem reeleição dentro da mesma legislatura. Qual a posição do senhor?

A Constituição Federal é a lei maior nossa. Ela, na hierarquia das leis, está acima de qualquer outra. Então, eu sou a favor da Constituição Federal, é claro que ela tem algumas coisas que precisam ser mexidas, mas no atual momento o que está escrito lá tem validade. Tem que se obedecer a Constituição, não tem que ter direito de reeleição, aliás, eu sou contra a reeleição, uma das propostas nossa, minha e de um grupo de deputados lá, não só do Bolsonaro, mas deputados que são pessoas que entendem um pouco do constitucionalismo, é que não se tenha reeleição pra cargos executivos, que se tenha um mandato de cinco anos, no máximo, sem reeleição. Por quê? Porque todos os cargos executivos que nós tivemos exemplos de reeleição os caras se arrependeram no segundo mandato. Eu sou contra a reeleição, porque o uso da máquina acaba acontecendo, o cara usa a máquina em benefício dele pra poder fazer a reeleição.

 

Mas e se o presidente Bolsonaro for candidato à reeleição?

Veja só, eu sou contra. Agora, hoje, o presidente Bolsonaro tem direito, porque ele foi eleito existindo esse direito. Pra nós mudarmos isso daí, a gente tem que fazer no ano que vem uma reforma política pra acabarmos com reeleição de cargos executivos. Acabarmos com fundo eleitoral especial, é uma imoralidade no meio de uma pandemia, nós liberarmos dois bilhões para os partidos políticos fazerem festa. Vocês sabem o valor do recurso que foi utilizado pelos candidatos aqui? Foi falada alguma coisa aí do que o cara declarou e tal, mas tu sabes que não foi aquilo. O próprio PSL, meu partido, está sofrendo investigações aí direto, porque o cara fez o diabo, fez promessas, teve gente que fez empréstimo, vendeu coisa da casa dele pra poder receber o dinheiro do fundo eleitoral especial, pra quê? Então, eu sou contra a reeleição, fundo eleitoral especial, até o fundo partidário, do jeito que é hoje financiado com dinheiro público, eu sou contra também. Se você quer fazer política, amigo, vamos fazer o seguinte, você tem pessoas que lhe apoiam? Monte a sua base de apoiadores e faça arrecadação.

Como o candidato pode viabilizar a sua própria arrecadação para a campanha, na visão do senhor?

Venda camiseta, venda boné, venda boton, venda broche, venda bandeira; a pessoa bota a bandeira na sua casa e compra a bandeira, bandeira de R$ 10, a pessoa paga R$ 100. Faça isso você, proíba as empresas de fazer, porque nós não queremos outra Lava Jato, nós não queremos mais isso, as empresas brasileiras, aquelas que trabalham com honestidade, elas têm o direito de crescer, de ter o nome respeitado no mundo todo, sem precisar que haja esse tipo de tentação ou vice-versa. Então, é isso que eu que eu advogo. Se o presidente Bolsonaro tem o direito à reeleição, ele que vá pra reeleição, mas eu não vou mudar o meu posicionamento, eu sou contra a reeleição e espero que a gente possa fazer a mudança política em relação a isso. E hoje eu voto no presidente Bolsonaro. Eu discordo de algumas coisas que estão sendo feitas por ele, mas eu ainda reconheço que ele é o cara que tem condição de chegar lá.

 

O senhor tem uma relação litigiosa com o PSL e o partido que seria criado pelo presidente da República não avançou até aqui. Qual caminho partidário que o senhor deve trilhar para 2022?

Essa daí também é outra resposta que minha bola de cristal ainda não tem. Estou trabalhando com o PSL, com a direção nacional do PSL. O litígio foi criado em função de três problemas, um deles, a falta de transparência. Não tinha transparência, não tinha um compliance pra poder dizer o que o partido ia ser no dia seguinte, no ano seguinte, na eleição seguinte. O PSL era um partido nanico, que ninguém sabia nem quem era o que, de repente, cresceu demais. Sim. E aí, vai fazer o quê? Está fazendo o quê? Nós quisemos dar sugestões pra isso daí, eu e um grupo de deputados. Quando a gente apresentou a sugestão inicial, disseram assim, “façam a proposta de mudança do estatuto”. Essa proposta a gente fez, quando chegou eles aprovaram outro estatuto totalmente diferente. Sem dar nem voz ativa para os deputados federais eleitos. O PSL tem o maior fundo partidário, por quê? Porque nós recebemos os votos. Eu recebi votos sem dinheiro do PSL. O dinheiro que eu gerei pro PSL receber, eu não recebi dinheiro deles pra minha campanha política. Você tem que ter uma filiação partidária, que ainda é obrigatória, você não pode ter uma candidatura independente, a gente quer também mudar isso aí política.

 

O senhor, então, não descarta a possibilidade de se manter filiado ao PSL?

Hoje, eu voltei a conversar com o PSL, porque Bolsonaro também voltou a conversar com o PSL. Eu tenho ainda uma pendência com o PSL que é muito séria, existem pessoas que estão lá dentro que mandaram eu me calar, disseram: “deputado, fique calado que isso aqui não lhe cabe não”. Deputado igual a mim, com direito a só um voto. Aí o outro chegou e disse assim, “general, aqui não é quartel, fique calado”. Esses caras aqui terei dificuldade de conviver com eles. Estou político, eu não sou político. O cara que faz comigo uma vez só faz uma vez. É preciso que o cara me conheça, é preciso que eu conheça também. Você não é obrigado a se relacionar com ninguém. Se você não tem simpatia pela pessoa, é melhor você se afastar. Mesmo que eu seja um homem público, eu não sou obrigado de chegar e ficar agradando. Eu não tenho simpatia pela governadora do estado. Então, evito chegar perto dela. Eu nem chego, porque eu sei que ela vai vir com discurso que eu não acredito.

O senhor tem conversado também com outros partidos?

A gente está conversando com algumas pessoas que fazem parte de outros partidos políticos. Eu já fui convidado a fazer parte de alguns partidos, partidos bons, outros partidos que têm gente que cometeu crimes, partidos que têm gente que a gente sabe que compra voto, partido que tem dono, a gente não tem que ter dono de partido; partido tem que ter um presidente, mas que haja um rodízio, mas não, os caras são donos de partido, partido passou a ser um comércio, é uma franquia, o cara é franquia e recebe dinheiro. O PTB tem namorado sim, o PP tem namorado sim, são vários partidos que estão buscando trazer o Bolsonaro, o Patriota já se ofereceu de novo. Então, vamos trabalhar. Política é a arte de conversar, não de negociar.

 

A base do presidente Bolsonaro no Rio Grande do Norte vai assumir uma faixa na sucessão estadual, com representante na disputa majoritária?

Eu acredito que a gente tem hoje algumas pessoas que podem sim concorrer, eu acredito que são pessoas fortes. Tem dois ministros, o Fábio (Faria) e o Rogério Marinho. Eu acho que o Rogério Marinho está fazendo um trabalho como ministro de buscar algumas realizações aqui no estado, e é o papel que o ministro tem que fazer. Se o cara é do estado, ele tem que ir atrás de trazer alguma coisa também pro seu estado. Nós tivemos presidente da Câmara e o cara não trouxe pra cá. Trouxe o quê? Um aeroporto que está adiantado, talvez, quase 50 anos. A gente tem que trazer coisas pro Rio Grande do Norte de hoje, de agora. Não tiro o meu nome desse circuito também, eu acho que eu também tenho condições, muita gente tem me falado pra poder oferecer meu nome pro grupo político, mas a gente tem que ter um grupo político. Então, a gente está construindo Aliança pelo Brasil, não sei se o TRE, o TSE, os TREs estão causando algum empecilho pra fazer o registro, mas a gente continua trabalhando nesse sentido, o Brasil todo, o pessoal continua trabalhando; temos que atender nove estados e fazer quinhentos mil apoiamentos.

 

O senhor acha que há tempo para viabilizar o registro do Aliança pelo Brasil?

Existe uma disposição de tentarmos fazer até março, porque o Aliança precisará ser organizado como partido. E aí nós teríamos abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, a gente teria tempo pra poder organizar. Pra você terem ideia do que é isso aí, quando nós pegamos o PSL, em 2018, nós pegamos o PSL do zero, praticamente, a passagem de chefia do PSL pra nós, foi num bloquinho de folhas A4, com papéis que não diziam nada com nada. Aí nós fomos atrás das dívidas, tiramos o dinheiro do bolso pra poder pagar as dívidas e botar tudo em ordem para podermos concorrer às eleições. Terminadas as eleições de 2018, nós organizamos 52 diretórios municipais do PSL, além de termos o diretório estadual. Aí, ruptura em dezembro do ano passado. Quando houve a ruptura, nós consultamos as bases, aí o pessoal disse assim: “se o senhor vai com o Bolsonaro, a gente vai também”. Eu disse, então, está bom, vamos todos juntos. Aí, muita gente ainda quis ficar com o PSL, o caso do Daniel aqui, “não, fico com o PSL que eu vou manter a base”, e saiu fazendo sei lá o que. A gente precisa ter tempo de reorganizar isso aí. As pessoas que nos apoiam e eu tenho andado muito o estado do Rio Grande do Norte, as pessoas que nos apoiam, elas querem apoiar um de construção de um partido, realmente que seja um partido diferente. Então, acredito que, talvez, a gente consiga fazer A aliança. Se não conseguirmos, aí vamos observar os outros partidos.

 

Pra finalizar, um rápido balanço do mandato do senhor até aqui.

Primeira coisa que quero dizer é que nós resolvemos priorizar no nosso mandato com certeza um trabalho legislativo; temos algumas ideias lá voltadas pra área da segurança e do desenvolvimento, área do agronegócio também, apoio à cultura da cana-de-açúcar, do açúcar, do álcool. Fazemos parte da Comissão de Relações e Comércio Exterior, são quatro comissões que a gente participa lá. E essas comissões têm levado um pouco de desgaste pra gente, porque é correndo de um lado pro outro, nos dias de votação, acompanhamento das votações, acompanhamento dos processos legislativos, a fiscalização que a gente tem feito e eu tenho sido um grande fiscal, principalmente aqui no Rio Grande do Norte. Vocês já devem ter acompanhado o que eu tenho feito em relação às obras aqui, que estavam paradas, e que estão acontecendo, como, por exemplo, a Barragem de Oiticica, sete anos e meio, quase oito anos sendo construída, incompetência, com certeza de dois governos, do atual governo, do governo anterior e também do governo de Rosalba, porque não conseguiu destravar o começo da obra, porque teve um embargo lá. Pra mim, o grande erro foi o DNOCS, porque ele não era pra ter entregue a barragem para o Governo do Estado. São obras que a gente está acompanhando, fiscalizando. Talvez, eu tenha sido o único parlamentar federal, dos oito deputados e juntando os três senadores, que fui quatro vezes à Oiticica.

 

E na área da Segurança Pública, o que o senhor destacaria?

Os governos do PT, os quase 16 anos, não colocaram aqui os recursos pra segurança pública que nós conseguimos colocar no ano passado e esse ano. Só inicialmente foram R$ 40 milhões de equipamentos, agora tem mais R$ 26 milhões de outro convênio sendo realizado. Estou muito feliz com o que eu estou conseguindo produzir em relação ao meu mandato. Agora, não tenha dúvida de que estou terminando esse segundo ano triste porque algumas coisas eu não consegui fazer. Algumas obras que não conseguiram andar, por falta de compromisso não só do governo estadual, mas também de alguns prefeitos de não divulgarem a verdade em relação aos recursos colocados.

Tags:

General Eliéser Girão
deputado
PSL
entrevista
JORNAL DE FATO
Jair Bolsonaro
política
eleições 2022

voltar

AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

COTAÇÃO