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Postado às 10h15 | 20 Dez 2020 | Coluna César Santos - 20 de dezembro de 2020

Crédito da foto: Ilustração Crianças da rede pública não têm aula desde março deste ano

PANDEMIA E O PAPEL DA ESCOLA

O executivo Nathan Schucler, diretor geral da rede Luminova, faz um alerta que a pandemia do novo coronavírus pode aumentar a desigualdade educacional no Brasil, e o papel transformador das escolas se torna ainda mais evidente. Leia:

A pandemia de Covid-19 escancarou o que já era sabido por muitos: a desigualdade educacional no País é altíssima e desencadeia em diversos outros problemas sociais e econômicos. Com dimensões continentais, o Brasil já vinha penando no âmbito educacional, conforme mostrou o ranking global segundo o Anuário de Competitividade Mundial 2020, que o fez amargar a 63ª posição, última da lista. O que chama atenção é que, embora 6% do PIB seja destinado à pasta Educação - algo comparável a países ditos de primeiro mundo - o valor investido por estudante está abaixo da média mundial. Reflexo disso é que, apenas 19% da população de 25 a 34 anos alcança o nível superior de ensino, contra 42% da média mundial.

Se no cenário pré-pandemia os índices não eram animadores, o que esperar agora, que enfrentamos uma das maiores crises - econômicas e sanitárias - e que trazem reflexos negativos na educação? Com as medidas de isolamento social e consequente suspensão das aulas presenciais, a realidade do ensino foi duramente impactada. Novamente, classes menos favorecidas sofreram mais por inúmeros motivos e o principal deles foi pela falta de estrutura tecnológica, impedindo-os de acompanhar as aulas remotas. Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas mostra que alunos brasileiros tiveram menos horas/aula do que o estabelecido pela Lei de Diretrizes Básicas da Educação. Foram em média 2,37 horas contra quatro horas recomendadas. Existem diferenças enormes entre as regiões do País e, mesmo os melhores exemplos, ainda entregam resultados ruins.

Uma vez que existam tantos desafios e entraves na esfera pública, como déficits orçamentários, falta de qualificação dos profissionais e de investimentos em estruturas, a iniciativa privada tende a suprir essas demandas e assume também um papel importante na formação de cidadãos, o que, espera-se, fará a desigualdade social diminuir. Isso porque, ainda segundo a FGV, a cada ano de ensino representa cerca de 15% de ganho a mais em salário e aumenta em 8% a chance do aluno conseguir um emprego no futuro.

Os dados revelam que há uma grande lacuna a ser preenchida no que diz respeito à educação do Brasil. O segmento deve adaptar-se à realidade dos alunos e a tecnologia se mostrou crucial para o aprendizado, sobretudo na pandemia. É possível oferecer com expertise um conteúdo atualizado, em um espaço integrativo e otimizado, que estimule o estudante o tempo todo a assumir seu papel de protagonista na vida e na sociedade, de forma a se tornar, sobretudo, um agente de transformação social. E esses benefícios não devem e não podem ficar restritos a uma minúscula parcela da população que pode pagar mensalidades altas, que podem chegar até R$10 mil.

Longe de ferramentas caras e inacessíveis ou em um ambiente que lembre uma matrix, o jovem precisa mesmo é de uma dinâmica em sala de aula que favoreça a comunicação entre alunos e os incentivem a trocar experiências e conhecimentos. Provocar investigações e validações os colocam como desbravadores do saber, dando condições para seguir, ao longo da vida, testando diferentes formas de mudar seus espaços sociais. O cenário é favorável e não à toa o número de matrículas nas escolas privadas cresceu 1,55%, passando dos 8.995.249 de 2018 para 9.134.785 em 2019.

Se é consenso entre pais, educadores e sociedade geral que a educação é a chave para mudar o País, resta a nós investirmos em projetos e negócios que de fato promovam a mudança que desejamos e sejam, sobretudo, viáveis para todas as classes sociais.

 

FRASE

“Vamos garantir, sim, a autonomia financeira da nossa universidade estadual”

FÁTIMA BEZERRA – Governadora no “Cafezinho com César Santos” – leia no JORNAL DE FATO e no defato.com

 

FELIPE CAETANO

Morreu o professor Felipe Caetano de Oliveira, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Perdeu a luta contra a Covid-19 aos 74 anos. A sua morte enluta a cultura de Mossoro e do RN. Foi ele que idealizou o maior festival de teatro estudantil do RN, o Festuern. Felipe também foi secretário-adjunto da Cultura. Ele era casado e deixa quatro filhos. Que descanse em paz.

 

VINGT-UN ROSADO

Nesta segunda-feira, 21, completa 15 anos da morte do professor e historiador Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, o fundador da Coleção Mossoroense, imortal da Academia Norte-Riograndense de Letras e membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN. O vigésimo-primeiro filho do velho Jerônimo também deixou o seu legado na história da Escola Superior de Agronomia, hoje Ufersa.

 

LARANJA

As candidaturas "laranjas" nas eleições municipais deste ano também estão sendo investigadas no Rio de Janeiro. O MP eleitoral afirma que dirigentes do PSL fraudaram a distribuição de recursos do fundo eleitoral desrespeitando a cota de gênero. O alvo principal é o deputado Luciano Bivar, presidente nacional do partido.

 

LARANJA II

No estado de Minas Gerais, as candidaturas laranjas são investigadas desde as eleições de 2018, tendo o PSL como o alvo principal. No Piauí e Maranhão, vereadores perderam mandatos também por burlar a cota de gênero, usando "laranjas" nos 30% de mulheres.

 

LARANJA III

Em Mossoró, 15 ações de investigação judicial eleitoral denunciam supostas candidaturas laranjas nas eleições municipais deste ano. As ações atingem cinco partidos e sete vereadores eleitos. As peças acusatórias estão reforçadas por um camalhaço de documentos e provas dos supostos crimes.

 

LARANJA IV

Há uma orientação do Superior Tribunal de Justiça e do próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que os juízes eleitorais sejam implacáveis na luta contra fraudes nas eleições, por meio das candidaturas laranjas.

 

É NOTÍCIA

1 - Nesta data, em 1944, era criada a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também nesta data, em 1963, era fundada a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG).

2 - Nesta data, em 2009, Mossoró ficava de luto com a morte da professora América Fernandes Rosado Maia, viúva de Vingt-un Rosado. Mineira de Paço Fundo, América escolheu Mossoró para viver. Era imortal da Academia Norte-Riograndense de Letras.

3 - A covid-19 também levou o colunista social Cesimar Oliveira, da cidade de Umarizal. Ele morreu neste sábado, 19. Cesimar era um dos representantes do colunismo social oestano.

4 - Mossoró ultrapassou a casa dos 10 mil casos confirmados do novo coronavírus, segundo boletim da Sesap/RN. E desde o início da pandemia, foram registradas 247 mortes. A taxa de mortalidade é de 83,1. Ontem, a taxa de transmissibilidade estava abaixo de 1.

5 - O prefeito eleito Allyson Bezerra (Solidariedade) confirmou o engenheiro Breno Queiroga (Solidariedade) para o cargo de secretário de Infraestrutura de Mossoró. O anúncio foi feito durante o café da manhã de Allyson com os 23 vereadores eleitos.

 

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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