A Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró se manifestou, em nota, sobre a desativação dos serviços da “Unidade de Campanha” da Covid-19, denunciada pela população e profissionais de saúde em reportagem do JORNAL DE FATO, edição desta quinta-feira, 19. Leia na íntegra o que diz a nota encaminhada pela Secretaria de Comunicação:
“COMUNICADO - A Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró informa que não procede a informação veiculada em alguns veículos de comunicação acerca da retirada dos contêiners instalados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Belo Horizonte que são usados para testagem da Covid-19. Os Contêiners permanecerão na devida unidade. De modo que, conforme a necessidade, a Prefeitura de Mossoró já terá à disposição os contêiners existentes. Por fim, a Prefeitura de Mossoró preza pela melhoria dos serviços da saúde pública e não diminuirá a sua atenção quanto à assistência daqueles que mais necessitam destes serviços nesta pandemia.”
Ok.
Agora, melhor que não tivesse emitido tal nota, dada a fragilidade do seu conteúdo e a completa falta de explicação – lógica – para a desativação dos serviços da “Unidade de Campanha”.
Veja:
“Alguns veículos” de comunicação não noticiaram que os contêineres haviam sido “retirados”, mas, sim, que os serviços da “Unidade de Campanha” estavam desativados, como de fato estão.
Também não é confiável que a gestão municipal “preza” pela melhoria dos serviços de saúde pública e que não diminuirá à assistência daqueles que mais necessitam, quando em plena pandemia desativa a unidade de referência no primeiro atendimento ao paciente com sintomas da Covid-19.
O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade), ao autorizar a equivocada e absurda medida, passa a ideia de pouco ou nenhum conhecimento da importância da “Unidade de Campanha”. Sequer é razoável a justificativa de que a desativação ocorreu por contenção de despesa, haja vista a diminuição da demanda. A vida não tem preço, prefeito.
Olha, prefeito, talvez o senhor não saiba ou ainda não se deu conta: o cidadão que procura o serviço público é aquele que não tem condições de buscar o atendimento na rede privada, mas que tem no bolso um plano de saúde que é seu por direito: a carteira do Sistema Único de Saúde (SUS). Atendê-lo, bem, é a obrigação.
É provável, também, que o senhor não tenha a menor noção da importância da “Unidade de Campanha”, porque quando ela foi instalada, no primeiro semestre de 2020, o senhor estava no isolamento social, sem nenhuma participação no combate à pandemia, embora tivesse o mandato de deputado estadual.
Olha, prefeito, a unidade foi instalada para atender exclusivamente os pacientes da Covid-19 e, por gravidade, evitar que essas pessoas fossem colocadas na fila de pacientes de outras doenças na estrutura da UPA do Belo Horizonte. Mais do que isso: a unidade serviu para o atendimento e regulação de leitos de pacientes de mais de 60 municípios da região, sendo apontada como referência no Rio Grande do Norte.
Desativar a “Unidade de Campanha” é atentar contra a vida. Então, prefeito, ainda é tempo para recuar da decisão desastrosa. Não faz vergonha. Corrija o erro e devolva o equipamento à luta contra a Covid-19.
Evite essa nódoa, enquanto é tempo.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.