Terça-Feira, 04 de fevereiro de 2025

Postado às 12h00 | 07 Mar 2021 | A Emoção das Letras Escritas de Quem Sou

Crédito da foto: Cedida Martha Cristina Eleutério Maia

(*) Martha Cristina Eleutério Maia

Isso, levando a emoção das letras escritas de quem sou, deixo a marca de uma mulher que nasceu, aprendeu, conviveu e hoje, respira a educação”

Prazer! Meu nome é Martha Cristina Eleutério Maia, sou de uma terra conhecida por ter um povo valente e aguerrido, uma terra onde seu prefeito e seu povo eram destemidos, tiveram até a audácia de expulsar o bando de Lampião corridos em uma “chuva de bala”, que até hoje se fala com enorme emoção.

Sou da terra de mulheres corajosas, mulheres como Ana Floriano que não media sua prosa, que ao saber da carta do Império convocando seus filhos para uma guerra sem volta, chamou todas as mulheres para bater as panelas e colheres de pau de forma honrosa, e assim, convenceu que seus filhos deveriam estar em casa em segurança ou na escola.

Sou de uma terra abençoada tanto em solo como em cultura. No solo, temos muito sal, melão, petróleo e água em fartura; já em cultura, libertamos os negros das senzalas escuras com uma lei datada como a marca do nosso 30 de setembro com ternura, ainda mais temos a marca de ter a primeira mulher a votar como cidadã de nossa terra, nosso lar, ao qual, nos proporciona a amar nossa história, eu amo minha cidade, sou de Mossoró/RN.

Sou filha de Jose Teixeira Maia e de Francisca Eleutério Maia, pai foi professor de Letras na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, antiga Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte – FURRN; mãe não era graduada, era uma senhora do lar, mas, sem ao menos se formar, formava a mim e aos meus irmãos com as experiências da vida que ao longo de sua existência aprendeu, e, mesmo sem ir a escola, ela era nossa professora nos ensinando que a escola da vida nos ensina a viver e a aprender a “ser gente”. Meus dois irmãos são Abelardo Eleutério Maia e o Celsemy Eleutério maia, meus irmãos foram pessoas que tive a honra de conviver, eles também me ajudaram muito a crescer e ser quem sou.

Desde pequena, tinha o sonho de ser educadora, de ensinar, de ser professora e de encantar através do conhecimento e dos saberes, levar através de mim a mágica do aprender, do conviver e do ser o protagonista da própria história, pois, a educação é uma caixinha de surpresa que quando colocamos a mão para puxar o inesperado, encontramos o sucesso de ser sábio, assim, é mágico ensinar com o coração.

Lembro-me que quando pequena, eu pegava minhas bonecas e dava aulas para elas, e, elas eram muito comportadas, porém, eu queria mesmo era ensinar crianças, isso ardia dentro de mim, contudo, tinha o receio de não conseguir, de não ser aceita.

Nasci com uma deficiência, fui acometida com a Síndrome Pós-pólio após ter a Poliomielite, e, recordo em minhas memórias os momentos que tive de enfrentar o preconceito das pessoas comigo, e, sendo sincera, foram momentos muito difíceis.

Eu estava ainda no ensino pré-escolar, e, na formatura, as crianças pequenas não queriam dançar comigo, pois, não queriam dançar com uma menina que usava aparelhos ortopédicos na perna. Por momentos, a minha esperança de ser uma educadora/professora eram as imaginações que me elevavam a um sonhar, a um acreditar em que um dia eu realizaria meu sonho de ser professora, de ensinar com amor aqueles a quem Deus daria a chance de eu levar os conhecimentos da alfabetização.

Eu me imaginava em sala, ministrando aulas, olhando aquelas crianças, e, através da minha arte, leva-las a um encantar de saberes, por isso, deixei apenas de sonhar, e, fui projetar minha vida no subir da escada do estudar. Terminei o magistério, fiz a graduação em Pedagogia pela UERN, ao qual, com dedicação levei muito a sério, fiz minha especialização em Língua Portuguesa: Leitura e Produção de Texto pela UFRN, e, atualmente, estou no Mestrado em Ciências da Educação pela Faculdade CECAP.

Ao final de tudo, eu cheguei lá, estou a mais de 26 anos na educação infantil como professora no município de Mossoró. Hoje eu escrevo livros infantis, quadrinhos informativos sobre a inclusão de pessoas com deficiência, escrevo ainda mais poemas e contos sobre os meus sonhos de um mundo melhor e inclusivo.

Com o meu filho Pedro, dançamos e encantamos com a magia de levar transformação através da inclusão, e, hoje sonho em sonhar com os textos que a cada dia estou a escrever e a digitar no mundo da imaginação, isso, levando a emoção das letras escritas de quem sou, desta forma, deixo a marca de uma mulher que nasceu, aprendeu, conviveu e hoje, respira educação

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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