AMBIENTE RAREFEITO DE BRASÍLIA
O jornalista e consultor político Gaudêncio Torquato vai direto ao ponto, ao analisar a troca dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica do governo Bolsonaro, que ainda rende pelas bandas da capital federal: “nem impeachment nem golpe.”
Os motivos são claros, narra Gaudêncio:
“As circunstâncias não propiciam o afastamento do presidente pela via congressual e nem uma quartelada com apoio dos quartéis para conferir ao mandatário a condição de ditador ou dar-lhe mais poder do que prescreve a carta constitucional.”
Gaudêncio segue:
“Comecemos com a leitura do momento em que vive o país. A pandemia que já ceifou a vida de cerca de 320 mil pessoas é uma gigantesca sombra que cobre a população, causando pavor e tolhendo seus movimentos, principalmente as grandes mobilizações populares. Sem povo, sem o clamor incessante da grita social, afasta-se o risco de impeachment, eis que os representantes costumam tomar decisões com um olho em seus interesses e outro nas ruas.”
“Ora, na seara dos interesses individuais e grupais, ao que se infere, as coisas caminham ao gosto do freguês, no caso o núcleo parlamentar que forma maioria nas casas congressuais. O Centrão avança todo tempo na roça governamental, ganhando cargos e posições e aumentando sua influência sobre o presidente. Bastou um recado no puro idioma franciscano – ‘os remédios são amargos’ -, dado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, para que o capitão aceitasse sua indicação para nomear a deputada Flávia Arruda (PL-DF) como ministra da articulação institucional.
Gaudêncio observa que o Centrão percebe que sua pressão gera efeitos junto ao Executivo. “E usará esse método para calibrar sua caminhada até o pleito eleitoral de 2022, se não saltar do barco antes de borrascas que façam naufragar o transatlântico presidencial. Este, por sua vez, precisa do rolo compressor dos centralistas para evitar emboscadas e jogadas brutas do time parlamentar, principalmente da oposição, comuns em ciclos próximos ao pleito. Portanto, nos vãos da política, cabe fechar todos os buracos. No Senado, o estilo moderado de Rodrigo Pacheco parece não aceitar bombas de efeito demolidor, como impeachment.”
Na área militar, no entendimento de Gaudêncio Torquato, teria havido uma operação traumática, longe, porém, de provocar sequelas de alto grau. “Com a demissão dos comandantes das Forças, Bolsonaro, sem querer, conseguiu torná-las mais unidas em torno de seu ideário funcional. Conversas com renomados nomes do Exército apontam para esta hipótese. O princípio constitucional que as torna instituições do Estado e não de Governo é o lume que guia e guiará as Forças. Não há clima, não há motivos, não há motivação, não há condição para qualquer gesto ou ruptura da letra constitucional.”
“Pensar diferente é ignorar a trajetória das FFAA no país. São profissionalizadas. O dilema que hoje enfrentam é o de ver inseridos na máquina governamental quadros da ativa. Não há objeção sobre a participação de militares da reserva na gestão pública. Mas há certo mal-estar com a entrada no Executivo de perfis ainda na ativa. O general Edson Pujol, ex-comandante do Exército, expressava com muita clareza seu ponto de vista sobre a politização das Forças. A César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Parecia dizer.”
Bolsonaro tentou, sim, politizar as Forças, chegando, certa feita, a proclamar: “meu Exército”. Com boa vontade, podemos, até, inferir que se referia à corporação onde serviu, o Exército. Mas o pronome abriga a ideia de que a Força lhe dá apoio, engaja-se ao bolsonarismo, é aliada de seu escopo. Nada mais errado.”
Em suma, conclui, “as frentes política e militar atuarão nesses tempos nebulosos sob o condão do bom senso, evitando que fogueiras acesas por oportunistas de plantão (dos lados da situação e da oposição) não provoquem incêndio nos pilares da República. Não alimentarão radicais. Essa é a leitura que nos afasta de impeachment e de quartelada.”
FRASE
Vamos cumprir com a promessa de pagar mais uma etapa.
RAIMUNDO ALVES - chefe do Gabinete Civil do Governo do RN, prevendo para maio o pagamento de mais uma parcela dos salários atrasados de 2018
UBS
Os moradores do Pereiros reclamam a conclusão da Unidade Básica de Saúde do bairro. A obra foi iniciada há dois anos, sofreu paralisação e não foi retomada. A pressão chegou à Câmara Municipal de Mossoró, por meio do vereador Naldo Feitosa (PSC). Ele cobra uma atitude da gestão municipal. A retomada da obra é uma das promessas de campanha do prefeito Allyson Bezerra.
UBS II
A UBS "Duoclécio Antônio de Medeiros", do bairro Costa e Silva, zona leste de Mossoró, será inaugurada nesta quinta-feira, 7. A unidade de saúde foi totalmente reconstruída na gestão passada, com recursos de emenda parlamentar do deputado Beto Rosado (PP). Recentemente, Beto cobrou a abertura da UBS e, em virtude da repercussão, a gestão municipal decidiu inaugurar a obra.
MILTON MARQUES
O Hospital São Camilo passará a ser chamado de "Hospital Psiquiátrico Milton Marques de Medeiros", se o prefeito Allyson Bezerra (SDD) sancionar a lei aprovada na Câmara Municipal de Mossoró. De autoria do vereador Francisco Carlos (Progressistas), a lei presta homenagem ao fundador da Casa de Saúde São Camilo, falecido em 2017. Milton também foi reitor da Uern e fundador do Sistema Oeste de Comunicação.
PESQUISA
Se as eleições presidenciais fossem hoje, segundo pesquisa XP/Ipespe, o ex-presidente Lula (PT) teria 29% dos votos contra 27% do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Empate técnico. Já o ex-juiz Sérgio Moro aparece empatado com Ciro Gomes (PDT), com 9% de intenção de votos.
SEGUNDO TURNO
Nas simulações de segundo turno, Lula também está numericamente à frente de Bolsonaro, com 42% a 38%. Na pesquisa anterior, divulgada em março, Bolsonaro tinha 41% e Lula, 40%.
PREOCUPA
470 idosos que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 não retornaram para a segunda dose em Mossoró. Os números, preocupantes, são da Secretaria Municipal de Saúde.
É NOTÍCIA
1 - Com a renovação de contrato do RN Sustentável junto ao Banco Mundial, o Governo do Estado retomará a obra do Hospital da Mulher de Mossoró. A ordem de serviço será assinada em breve.
2 - Hoje é o dia do jornalista, profissão que este jovem repórter abraçou há quase quatro décadas. Hoje, confundido com distribuidores de notícias, verdadeiras ou não, nas mais diversas e acessíveis plataformas eletrônicas, que se apresentam como "jornalistas".
3 - Hoje também é celebrado o Dia Mundial da Saúde, do Médico Legista, de Luta Contra o Fumo e Dia do Corretor. E nesta data, em 1831, o Hino Nacional era executado pela primeira vez.
4 - A Fiocruz afirma que o Bio-Manguinhos está produzindo 900 mil doses de vacina contra a Covid por dia. Serão entregues mais de 18 milhões até 1º de maio. E em maio, segundo a previsão, serão 2 milhões de doses por dia, junto com a CoronaVac do Butantan.
5 - A Assembleia Legislativa do Rio desistiu de trocar o nome do Maracanã para Estádio Rei Pelé. Atitude sensata, depois da canelada. O Maracanã só pode mudar de nome para colocar o de Arthur Antunes de Coimbra, Zico, o verdadeiro "Rei do Maraca".
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.