Política menor mantém velhas práticas
ZAGUEIRÃO ABRIU A CAIXA DE FERRAMENTAS
No futebol, quando um zagueiro bruto comete seguidas faltas violentas contra adversários, o narrador esportivo diz que ele “abriu a caixa de ferramentas”. A figura futebolística se encaixa no estilo radical do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade). Nos últimos dias, ele abriu a caixa de ferramenta sem dó nem piedade.
Na noite da terça-feira, 20, véspera do Feriado de Tiradentes, determinou a retirada de barracas e boxes na área do popular mercado do vuco-vuco. Escalado para apresentar a versão oficial, o secretário de Infraestrutura, Brenno Queiroga, disse que as barracas foram instaladas irregularmente e que prejudicavam a acessibilidade no local.
Os dois pontos levantados pelo auxiliar de Allyson são verdadeiros. Realmente, os pequenos comerciantes se instalaram no local sem autorização do município e os seus equipamentos atrapalhavam o livre acesso de pessoas ao mercado do vuco-vuco.
Porém, a verdadeira razão da retirada é outra. É política e pessoal. Os pequenos comerciantes atingidos não têm a simpatia do prefeito e não se engajaram na sua campanha eleitoral de 2020, como ele queria. Aliás, o vuco-vuco ficou e permanece dividido.
A gestão municipal não tem nenhum projeto elaborado e/ou em estudo para resolver o problema dos “camelódromos” que se instalaram nas principais avenidas e logradouros de Mossoró. As barracas e boxes na Praça da Independência, a popular “Praça do Mercado Público Central”, representam problemas bem maiores do que o cenário no vuco-vuco. É impossível andar na Praça da Independência ou encontrar um banco para sentar.
Na Rua Coronel Gurgel, a principal artéria do centro comercial de Mossoró, as barracas e os boxes funcionam de ponta a ponta, compreendendo a Rua Felipe Camarão até o cruzamento da Augusto com a Santos Dumont. Um cordão de ambulantes que ocupa calçadas e pistas de rolamento.
Portanto, se realmente a ação fosse dentro de um projeto de remover os pequenos comerciantes para melhorar a acessibilidade da cidade, a gestão municipal teria começado por estes pontos mais críticos. E, antes que alguém diga, com razão, que em plena pandemia é desumano tirar a fonte de receita dos camelôs, o mesmo serve para os pequenos comerciantes do vuco-vuco que foram atingidos pela ação agressiva da gestão municipal. Eles perderam a única fonte de renda que tinham.
A caixa de ferramenta do prefeito Allyson também atingiu servidores efetivos da saúde, lotados na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Santo Antônio, zona norte de Mossoró. Por “ordem superior”, a direção da UPA cortou o plantão de 20 servidores, que foram colocados na unidade de saúde pela gestão passada.
Os servidores divulgaram uma nota à sociedade relatando a forma como eles foram tratados. A decisão, sem aviso prévio, foi anunciada no início da semana, sem levar em conta o trabalho de assistência à saúde da população que esses servidores exerciam.
O fato é que a perseguição política em voga, dentro do serviço público, reflete a pequenez de quem estar no poder com práticas na velha tradição colonial. E ganha gravidade quando se trata de área vital como é o caso da saúde.
É de assustar.
FRASE
Ter um filho ingrato é mais doloroso do que a mordida de uma serpente.
William Shakespeare - Frase bem atual do poeta, dramaturgo e ator inglês, que nasceu nesta data, em 1564
ÁGUA POTÁVEL
Nesta data, em 1999, a comunidade rural de Riacho Grande ganhava o sistema de abastecimento de água. Obra da Prefeitura de Mossoró em parceria com a Petrobras. Foi instalado um sistema adutor que garantiu água potável às 110 famílias que residiam na localidade. Era o primeiro ano da primeira gestão de Rosalba Ciarlini na Prefeitura. A Petrobras tinha Horácio Lugon como superintendente.
JOVEM CIENTISTA
A estudante Lara Bianca Vieira Dias criou uma máscara de proteção facial, contra a Covid-19, totalmente ecológica, produzida com materiais biológicos e de origem vegetal. O feito científico foi conhecido nacionalmente e premiado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharias, organizada pela USP. Lara é natural de Antônio Martins, no Alto Oeste, tem 13 anos e estuda na escola pública.
SEM AMBIENTE
O ministro das Comunicações, deputado licenciado Fábio Faria, vai deixar o PSD. A ideia não é de hoje, mas ganhou força com a entrevista do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, atacando o governo Bolsonaro. O clima no Planalto é de revolta. E Fábio vai confirmar fidelidade ao patrão em detrimento do partido.
ALIÁS
Fábio Faria ensaiou uma paquera com o Progressistas, que é liderado no RN pelo rosalbismo. O ministro trabalhou nos bastidores para assumir a sigla, mas não teve a reciprocidade do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira.
PROJETO 2022
O fato é que Fábio vai precisar de uma sigla alinhada com o Planalto para encaminhar o projeto eleitoral do próximo ano. Ele deseja ser candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, ou de senador. A vaga de federal será herdada pelo pai, ex-governador Robinson, já anunciado de público.
94 RUAS
O deputado federal Beto Rosado (Progressistas) anunciou a liberação de recursos federais para pavimentação de 94 ruas de Mossoró. Falta agora a Prefeitura de Mossoró fazer a sua parte e iniciar as obras.
É NOTÍCIA
1 - O Rio Grande do Norte está recebendo mais 51.400 doses de vacinas contra a Covid-19. São 50 mil do imunizante Oxford/AstraZeneca e 10.400 da CoronaVac. Na próxima semana tem mais.
2 - A Secretaria Municipal de Saúde avançou a campanha de vacinação contra a Covid-19 para o atendimento às pessoas com comorbidades. Conseguiu parceria com o Sesiclube, que cedeu as instalações do ginásio de esportes para receber o público-alvo. Muito bom.
3 - Os moradores do Planalto 13 de Maio, Bom Jesus e Inocoop do Alto do São Manoel, zona leste de Mossoró, estão reclamando a falta de água. E a Caern promete normalizar o serviço amanhã.
4 - Sumida desde 2018, quando obteve pouco mais de 1 milhão de votos à Presidência do Brasil, Marina Silva reapareceu ontem, dia da Cúpula de Líderes sobre Clima, para sapecar: "Bolsonaro quer criar milícia na Amazônia." Pronto, já pode sumir de novo.
5 - O novo decreto com medidas restritivas contra a Covid-19 reduz o toque de recolher para o período das 22h às 5h, libera bares e restaurantes aos domingos, sem venda de bebida alcóolica, e autoriza aulas presenciais para alunos de até 5ª série.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.