Nesta segunda-feira, 12, completa 70 anos da morte do governador Dix-sept Rosado em trágico acidente aéreo. O historiador Geraldo Maia resgata a história do empreendedor e político de Mossoró e do Rio Grande do Norte:
“Em 25 de março de 1911 nascia em Mossoró Jerônimo Dix-sept Rosado Maia. Mais um filho da já “numerosa e numerada” família do farmacêutico Jerônimo Rosado, um paraibano de Pombal que chegou a Mossoró em 1890, a convite do Dr. Almeida Castro, para instalar uma farmácia na cidade.
No Primeiro Cartório Judiciário de Mossoró, livro nº 05, folha 28v, sob o nº 19, foi a criança registrada, tendo como declarante Jerônimo Rosado, sendo o ato testemunhado por Júlio Coriolano Dias e José Cândido da Rocha. A infância do menino Dix-sept foi normal, em nada diferenciando da dos demais irmãos.
O escritor Hélio Galvão, o seu biógrafo, registra: “O menino Jerônimo, Dix-sept na ordem do nascimento, ia crescendo, sem incidente de saúde e sem destaque de nota entre os irmãos. Brincava como os outros, aqueles brinquedos rudes dos anos do primeiro decênio do século, em que nem se pensava na explosão dos plásticos sem graça e sem imaginação, feitos em massa pela sociedade de consumo”.
Já adolescente, passou a trabalhar na indústria de extração e comercialização de gesso fundada por seu pai, tornando-se, alguns anos depois, sob a razão social de S.A Mineração Rosado, acionista e principal dirigente.
Revelou desde cedo interesse pelo funcionamento de motores e máquinas, principalmente pelo desmonte e reparo de automóveis, atividade que passou a dominar, orgulhando-se por conhecer o estado do motor pelos seus movimentos, pelas vibrações ou pelo ruído, paixão que o acompanhou por muitos anos.
Não se contentando apenas com suas atividades empresariais, ingressou, em 1938, na firma Mossoró Comercial Ltda., gerenciando-a por quase 10 anos. Soube, no entanto, conciliar as suas atividades, tanto assim que expandiu a Mineração Jerônimo Rosado, criando no Rio de Janeiro a Gesso Mossoró Ltda., para comercialização do gesso de São Sebastião.
E outras empresas foram surgindo no itinerário do minério: frotas de caminhão, para transportar o produto até o Rio Mossoró e barcaças para levar até o porto de Areia Branca. Não era um homem culto; era um homem trabalhador. Contava no seu currículo escolar apenas com o curso ginasial, concluído por muita insistência da família.
Jerônimo Dix-sept Rosado chegando com a esposa Adalgisa no Ipirange em 1948
Mas era um empreendedor e excelente administrador. E um homem com tamanho talento para negócios, nascido e criado numa cidade como Mossoró, não podia escapar da política e foi esse o seu destino. Em 21 de março de 1948 foi eleito como terceiro prefeito constitucional de Mossoró, tomando posse do cargo no dia 31 do mesmo mês e ano.
Com o seu dinamismo, revolucionou todos os setores da vida pública e até mesmo privada do município, implantando uma administração arrojada. Não concluiu, no entanto, o seu mandato, que deveria terminar em 1951. Alçou voos mais altos, sendo eleito governador do Estado do Rio Grande do Norte a 6 de junho de 1950, quando já se encontrava licenciado, assumindo o governo em 31 de janeiro de 1951.
Era a coroação de uma carreira política brilhante e meteórica, para orgulho do povo mossoroense e para o desenvolvimento do Estado. Como Governador, formou um secretariado competente, escolhendo auxiliares técnicos da maior evidência no cenário político-administrativo do Estado. E impôs seu estilo de governo dinâmico e progressista, com muito trabalho e visão do futuro.
Mas decorrido apenas dois meses de sua administração, foi surpreendido com a notícia da morte de maneira trágica, num desastre de automóvel em Tacima, no Estado da Paraíba, de Mário Negócio, um de seus mais diletos auxiliares.
Inauguração do monumento Dix-sept Rosado na praça Vigário Antônio Joaquim, em 1953
Não sabia ele que a tragédia ditaria o rumo do seu governo, pois em 12 de julho de 1951, nas proximidades do campo de pouso de Aracaju, em Sergipe, cinco meses após a sua posse, morria Dix-sept Rosado Maia, em pleno exercício de suas atividades governamentais.
Passou pela política norte-rio-grandense como um bólido, deixando em seus rastro o brilho da glória e a saudade do povo de Mossoró, que chorou e nunca esqueceu o seu filho mais ilustre: Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.”
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.