Segunda-Feira, 03 de fevereiro de 2025

Postado às 11h30 | 18 Jul 2021 | Coluna César Santos - 18 de julho de 2021

Crédito da foto: Ilustração Fundo Eleitoral fica nas mãos dos maiores partidos

FUNDO NAS MÃOS DE POUCOS

A decisão do Congresso Nacional de aumentar em três vezes o Fundo Eleitoral 2022, saltando para quase R$ 6 bilhões, repercutiu negativamente em todo o País. De fato, no momento de pandemia, com a economia sendo colocada a toda prova, inflação em alta e o desemprego também, colocar mais dinheiro público nos cofres dos partidos e da próxima campanha eleitoral não é simpático ao mais desligado do brasileiro.

No entanto, é pouco provável que o mau humor do momento afete os congressistas e seus partidos nas eleições do próximo ano. Certamente, eles serão beneficiados com renovação de mandatos e ampliação de bancadas, afinal, são os grandes partidos que ficarão com a maior fatia do bolo e, por gravidade, terão melhores condições de vencer nas urnas.

O cientista político Malco Camargos, da PUC Minas, é categórico ao afirmar que o aumento do fundo eleitoral beneficiará as atuais maiores bancadas na Câmara: PT, PSL, MDB e PSD. E o aumento absurdo do valor do Fundo Eleitoral é uma sinalização de políticos preocupados com a sustentação de seus mandatos do que com a realização de políticas públicas.

Esses partidos vão abocanhar a maior parte do fundo e, por gravidade, aumentar a chance dos seus candidatos serem eleitos. E, como resultado disso, terão maior probabilidade de terem um maior fundo eleitoral nos próximos pleitos. Uma verdadeira máquina de reprodução do papel bordado.

A tendência natural, para eles, é que os recursos do fundo ficarão concentrados na mão de políticos com mandatos. São eles que mandam nos partidos, que controlam os recursos, que definem como e onde serão gastos. Daí, a certeza de que tudo continuará como está, salvo algum lampejo do eleitor.

Camargos faz um comentário interessante:

“A escolha do financiamento público de campanha é para diminuir o peso daqueles parlamentares, que a partir de relações anteriores com certos grupos de empresários, conseguiam o financiamento de suas campanhas e, às vezes, gerava até o aluguel de seus mandatos para os financiadores. O uso do dinheiro público é para coibir essa prática e, no limite, aumentar a representatividade. A discussão é que quando se coloca muito dinheiro nas mãos de poucos partidos, a representatividade pode diminuir tendo um perfil de parlamentar determinado pelas direções partidárias.”

Em outras palavras: alterou o modelo de financiamento de campanha, saindo do privado para o público, mas os beneficiados continuam os mesmos já que se não fez a distribuição igualitária do Fundo Eleitoral. Por gravidade, o desequilíbrio no processo de escolha dos representantes do povo continua do mesmo jeito.

O cientista ainda comenta:

“Uma democracia custa dinheiro, mas quanto custa? O maior desafio não era a eleição de 2022, no qual teremos muito menos candidatos do que tivemos em 2020. Se o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões foi suficiente para custear a eleição de 2020, esse aumento de três vezes me parece uma sinalização de políticos preocupados com a sustentação de seus mandatos do que com a realização de políticas públicas.

E assim continuará.

 

FRASE

“É uma sinalização de políticos preocupados com a sustentação de seus mandatos”

Malco Camargos – Cientista político sobre o valor do Fundo Eleitoral de quase R$ 6 bilhões

 

PRÉ-CANDIDATO

O deputado Benes Leocádio pegou "carona" na sugestão de disputar o Governo do RN nas eleições do próximo ano. Assume o desejo e diz que vai lançar a pré-candidatura em agosto. O líder do Republicanos potiguar, muito mais do que acreditar no projeto majoritário, pode ter encontrado a melhor saída para não buscar a reeleição na Câmara. Tem situação delicada.

 

DIGITAIS

A pré-candidatura de Benes tem as digitais do ex-deputado federal Henrique Alves, que continua fazendo política, agora de bastidores, mas nem tanto silenciosa. Foi Henrique que bancou a candidatura vitoriosa do Republicano nas eleições de 2018, o que rendeu a inimizade com o primo deputado Walter Alves, presidente estadual do MDB. Benes é um instrumento do jogo político-familiar.

 

CORAÇÃO

O ministro Rogério Marinho foi internado às pressas e passou por uma cirurgia no coração, na Bahia. Foi feita uma angioplastia para a colocação de um stent. Marinho se recupera bem.

 

VINGT NETO

Nesta segunda-feira, 19, completa 20 anos da morte do vereador Jerônimo Vingt Rosado Maia Neto. Exercia o primeiro mandato na Câmara de Mossoró. Ele era filho dos ex-deputados federais Layre e Sandra Rosado, irmão da vereadora Larissa (PSDB), do ex-vereador Lairinho e do jornalista, escritor e advogado Cid Augusto.

 

LAURO DA ESCÓSSIA

Há exatos 30 anos, o Museu Municipal de Mossoró passava a se chamar "Museu Histórico Lauro da Escóssia". O decreto 954, de 18 de julho de 1991, foi assinado pela então prefeita Rosalba Ciarlini, que cumpria o seu primeiro mandato.

 

SEGUE

Lauro da Escóssia foi jornalista, escritor e professor, neto de Jeremias da Rocha Nogueira, fundador do jornal O Mossoroense, considerado o pai da imprensa mossoroense. Lauro fez história ao entrevistar o cangaceiro Jararaca, quando este foi baleado e preso durante a resistência de Mossoró ao bando de Lampião. Ele morreu em 19 de julho de 1988.

 

É NOTÍCIA

1 - Pelo menos 12 elementos fugiram da Penitenciária Estadual Alcaçuz, em Nísia Floresta. É a primeira fuga registrada nos últimos três anos. O governo confirmou o episódio.

2 - Nesta data, em 1902, começava a circular em Mossoró o jornal "A Ideia", do Instituto Literário 2 de Julho, sob a direção de Raimundo Rubira, José Tavares, Soares Jr e Olímpio Melo. Teve vida curta, saindo de circulação em 1904.

3 - A reabertura da fábrica de beneficiamento de castanha Aficel, agora com rótulo Best Nuts, foi adiada para setembro. Seria em abril, mas houve dificuldade de matéria-prima. A empresa deve gerar a princípio 700 vagas de trabalho.

4 - O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT), iniciou caminhada no interior do RN em busca do Governo do Estado. Ele pretende ser candidato outra vez. Nas duas primeiras, em 2010 e 2018, não fez sucesso nas urnas estaduais.

5 - Pessoas com 34 anos ou mais já podem receber vacinação contra a Covid-19 em Mossoró. Neste domingo, 18, dez Unidades Básicas de Saúde estarão abertas para atendimento.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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