Segunda-Feira, 03 de fevereiro de 2025

Postado às 10h45 | 20 Jul 2021 | Coluna César Santos - 20 de julho de 2021

Crédito da foto: Agência Brasil/Arquivo Presidente Jair Bolsonaro

GOVERNO E SEUS CINTOS

O cientista político Gaudêncio Torquato fez avaliação do desempenho em quatro campos importantes para a eficácia da administração, pegando como referência os “cintos que abarcam o corpo do governo Bolsonaro”:

“1 – A administração peca no uso do poder como “capacidade de fazer com que as coisas aconteçam”, como ensina Bertrand Russel. O país tem pouco avançado. Os furos estão escancarados. A área política é um território semeado de disputas e competição, com o centrão dominando espaços da administração. Tensões e pressões sugerem rupturas a qualquer momento na base governista, de cujo apoio o governo tanto necessita para aprovar projetos e medidas provisórias.

O ponto central, ainda não entendido pelo governo, é o de que seu governo não se assenta numa coalizão pela governabilidade, mas em moeda fisiológica da adesão, tornando frouxos os elos com as estruturas partidárias. Não se estabeleceu um pacto de longa duração; os acordos são provisórios, deixando o governo nas mãos de um grupo pragmático que muda de posição conforme a direção do vento. E se as pesquisas continuarem a mostrar a má performance de Bolsonaro, nem a negociação no balcão da fisiologia segurará o afastamento da base.

2 - O território social não passa de uma paisagem devastada pelo medo e por reclamos por maior cobertor de proteção. O presidente participa de motociatas em Estados, mas a massa não se faz presente. O país vive a maior pandemia em um século, mas o motociclista não foi até hoje visitar um hospital. A não ser os que o recebem para tratar de soluços. O país exibe monumentais carências nas áreas da saúde, educação, saneamento básico, transportes, mas o governo prioriza o plano eleitoral, com medidas que podem atrair o interesse de alguns contingentes.

3 - O terceiro cinturão é o da gestão, da organização administrativa. Fácil de perceber a defasagem nesse cinturão: a má gestão da pandemia. Que é exibida diariamente pelas telas de TV quando se abre o palanque da CPI da Covid 19. O governo sangra todos os dias e a tendência, de interesse das oposições, é uma sangria desatada, com intenso fluxo de sangue até o final do ano, eis que já se aprovou a continuidade do espetáculo de investigação. Não há como eliminar a mancha sobre o governo bolsonarista que sai dos dutos da CPI. E que eficiência se pode esperar de um ministério que é uma colcha de retalhos, com partes esburacadas, como as que abrigam ministros sob suspeita, envolvidos em escândalos, gente sem competência gerencial, quadros que vivem em torno de uma Torre de Babel?

A administração é um esqueleto torto, sem harmonia de conjunto, e sob o tiroteio que abate alguns ministros - o do desmatamento (ou meio ambiente?) saiu, o da deseducação (quem sabe o nome?) está perdido, o da saúde (ou da doença) também saiu, dando lugar a mais um nome, que tem dificuldades em saber como agradar o paladar do chefe-presidente. Sobram poucos, alguns trabalhando em silêncio com receio de mostrar a cara.

4 - O quarto cinto é o da economia. O ministro Paulo Guedes espera que o piloto automático recomece a funcionar com um PIB chegando aos 5% neste ano. Mas o rolo continua a entravar a reforma tributária, enquanto os setores econômicos se queixam de que a redução dos impostos para as empresas esteja sendo feita com uma tributação elevada sobre dividendos. Algo como toma lá, dá cá. Os gastos públicos têm aumentado em proporção geométrica. Pois é, a esperança está no cinturão econômico. Se for bem ajustado, o país retomará o caminho do crescimento. Mas o desemprego continuará a amargar o caldo, ante o buraco que abarca cerca de 14 milhões de desempregados. A privatização da Eletrobras merece aplausos. Mas é pouco ante a promessa de privatização de centenas de feudos estatais.

Com essa gama de deficiências, o sinal amarelo é prenúncio de que os cordões do governo poderão se romper até outubro de 2022.”

 

FRASE

“...os cordões do governo poderão se romper até outubro de 2022”

GAUDÊNCIO TORQUATO – Cientista político sobre o sinal amarelo no governo Bolsonaro

 

ELIZEU VENTANIA

Elizeu Ventania completaria hoje 97 anos de vida. O Rei da Canção, patrono da Estação das Artes de Mossoró, nasceu na cidade serrana de Martins, filho de seu Eustáquio, tocador de rabeca, e dona Maria Raimunda. Ainda jovem, Elizeu começou a viajar e se apresentar com cantadores. Foi em Mossoró que se tornou popular, vendendo as suas canções em fita K7 na porta do Mercado Público Central.

 

ELIZEU VANTANIA II

Elizeu Ventania foi o primeiro violeiro a implantar a canção na literatura de cordel, enfrentando resistência e censura. Não se recuou. Escreveu folhetos de sucesso: "A traição que o sogro fez a nora" e "As quatro mortes de Sergipe". Ele morreu pobre, numa casinha modesta, no dia 19 de outubro de 1998, deixando cerca de 100 canções inéditas. Seu nome foi eternizado na Estação das Artes.

 

ANTES TARDE...

Só agora o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) decide instaurar uma comissão de sindicância para apurar o sumiço de doses de vacina da UBS do bairro Belo Horizonte, fato ocorrido há quatro meses. A portaria 344/2021 está publicada na última edição do Jornal Oficial do Município (JOM), de 14 de julho de 2021.

 

...DO QUE NUNCA

As vacinas sumiram da UBS no dia 30 de março deste ano. No local não havia sinais de arrombamento, ficando caracterizado como furto. O prefeito Allyson garantiu que o caso não ficaria impune e que uma comissão de sindicância iria investigar o furto. Agora, quatro meses depois, a comissão foi criada. Que a investigação seja mais ágil do que a vontade do chefe do Executivo local.

 

PALESTRANTES

As deputadas Manuela d'Ávila (PCdoB) e Natália Bonavides (PT) serão palestrantes da Semana Jurídica da Uern, que acontece entre os dias 16 e 20 de agosto. Em razão da pandemia, o evento será por meio da internet.

 

AVISO

Qualquer pesquisa para o Governo do RN que colocar o ex-governador e ex-senador Garibaldi Filho para ser apreciado como candidato, não terá qualquer importância. Ele sequer admite falar sobre postulação.

 

É NOTÍCIA

1 - Nesta data, em 1973, foi inaugurado o busto de Santos Dumont no Aeroporto Dix-sept Rosado, de Mossoró, celebrando o centenário do pai da aviação. Por um tempo, o busto ficou desaparecido.

2 - Em 2007, nesta data, a sede da vice-prefeitura de Mossoró passava a funcionar no Casarão Lili Duarte, à Rua Melo Franco. Naquele momento, ocupado pela então vice-prefeita Cláudia Regina. Obra da gestão da prefeita Fafá Rosado.

3 - O Rio Grande do Norte recebe hoje mais um carregamento de vacinas contra a Covid-19. São 30.400 doses do imunizante CoronaVac/Butantan e 18.300 da AstraZeneca/Fiocruz. Para D1 e D2.

4 - Felipe de Guerra está de luto pela morte do vereador Ronaldo Pascoal, ocorrida nesta segunda-feira, 19. Tinha 57 anos e cumpria o terceiro mandato com a camisa do Democratas. Assume o mandato o primeiro suplente de vereador Mazinho da Pesca.

5 - O Sinte/RN vai ignorar a decisão da Justiça que obriga o retorno às aulas presenciais na rede de ensino público de Natal. O sindicato anunciou greve a partir desta quarta-feira, 21. Os professores estão fora da sala de aula desde março de 2020.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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